Sistemista considera produzir o componente em sua operação local dependendo da demanda e do volume do mercado brasileiro
Itatiba, SP – A BorgWarner está desenvolvendo um turbocompressor para equipar o motor de um modelo híbrido flex com previsão de lançamento de 2025 a 2026. Embora não possa informar o nome da fabricante em questão, a empresa avalia o projeto como porta de entrada para uma tendência que começa a aflorar no País, como a rota mais adequada para a transição para a eletrificação, principalmente quando o assunto são veículos de passeio.
Segundo Wílson Lentini, diretor geral para emissões, turbos e sistemas térmicos da BorgWarner no Brasil, a companhia considera a possibilidade de localização para atender a esta forma de propulsão, de acordo com a demanda e o volume: “Dependendo da estratégia das montadoras vemos futuro na proposta de nacionalizar”.
Lentini assinalou que o turbocompressor é um importante componente para o motor híbrido pois, como precisa ser menor, para reduzi-lo é preciso inserir um turbo. E um produto que poderia ser localizado, conforme o executivo, seria o turbo B01, que equipa, por exemplo o Jeep Compass híbrido. O dirigente destacou que para estimar o mercado existente e abocanhar fatia dele é preciso analisar quem faz o motor no Brasil e quem importa, pois, neste caso, o turbo vem de fora também.
Na Europa a BorgWarner equipa veículos híbridos com turbocompressores do mesmo modelo dos fabricados no Brasil. Os B01, por exemplo, são aplicados em veículos nacionais com motores flex, como os Volkswagen Polo TSI, Nivus, Virtus e T-Cross 200TSI, e nos modelos Stellantis Jeep Compass, Jeep Renegade, Fiat Toro, Fiat Pulse e Fiat Fastback.
“Para o Brasil, com a riqueza natural e matriz energética extremamente benéfica que possuímos, o híbrido seria um plug and play no segmento de carros de passeio. No de veículos comerciais, como já temos baterias aqui, em Piracicaba, vamos para o nicho de caminhões urbanos elétricos, como os de lixo e de entrega, além do de transporte de passageiros, com os ônibus elétricos.”
A sistemista possui como cliente a Mercedes-Benz, para a qual é a fornecedora de baterias para seus ônibus elétricos. Lentini contou que está negociando com outra fabricante mas, que, até o momento, não pode dizer o nome.
Centro tecnológico em Itatiba adapta e otimiza turbos para o Brasil
O gerente de engenharia, vendas e projetos da BorgWarner, Vagner Davanzo, reforçou que a companhia possui as tecnologias de combustão tradicional que serão aplicadas aos veículos híbridos, que receberão algumas otimizações solicitadas pelos clientes para que o motor se adapte melhor à tecnologia.
“Estamos fazendo hoje com nossos turbos. Já componentes específicos nossos para veículos híbridos, como as arquiteturas P1, P2 e P4, localmente ainda não temos demanda. Temos consultas, alguns desenvolvimentos, mas nada específico. Então a questão de produzir aqui ou não então vai depender do volume.”
Davanzo contextualizou que a BorgWarner possui dois centros de desenvolvimento de turbos, na Alemanha e nos Estados Unidos, responsáveis pelo core, que são os principais componentes do turbo. As outras regiões, como o Brasil, não possuem autonomia de alterar alguns produtos, pois trabalham com itens padronizados.
No centro de tecnologia de Itatiba, contudo, é possível fazer adaptações e otimizações para os clientes, como desenhar carcaça ou interface, além das atualizações dos modelos.
“Por exemplo: o rotor de turbina é core. Mas podemos dizer que os existentes não atendem à necessidade de alguma montadora local. Mas aí é passada a demanda para as unidades que desenvolverão novo rotor. É feito o design e a validação, e o produto é liberado para todas as unidades da BorgWarner.”
De acordo com a fabricante 50% dos veículos que rodam no Brasil equipados com motorização turbo flex possuem turbocompressores feitos em Itatiba, que produz, anualmente, em torno de 500 mil unidades. Além dos turbos saem da planta itens de gerenciamento térmico, como embreagens viscosas e ventiladores, sistemas de sincronismo do motor e correntes de sincronismo.