São Paulo – Em meio à crise no setor e à crescente importação de pneus a Bridgestone colocará 1 mil 608 trabalhadores de sua fábrica de Santo André, SP, em layoff pelo período de um ano. A suspensão dos contratos será feita de forma escalonada, em quatro grupos de 402 profissionais.
A unidade, que emprega 3,4 mil funcionários, em maio anunciou que seiscentos deles seriam demitidos devido à transferência da linha que produz pneus para veículos de passeio para a fábrica de Camaçari, BA. Desta forma o portfólio da planta do ABC foi reformulado para focar em pneus para caminhões, tratores e fora de estrada e o Firestone Airide.
Em contrapartida à decisão da empresa de adotar layoff menos de cinco meses após informá-los sobre redução do efetivo em Santo André o Sintrabor, Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, negociou pacote de benefícios que foi aprovado pelos operários em assembleia realizada na tarde da segunda-feira, 25.
Estão contemplados a manutenção dos convênios médico e de farmácia, o fornecimento de vale-compra a título de alimentação no valor de R$ 1 mil por mês, o pagamento integral dos décimo-terceiro e décimo-quarto salários, PLR e férias, estabilidade de emprego de três meses após o retorno da suspensão, conforme previsto na lei, assim como cursos de treinamento no Senai e ajuda de custo que garante 50% do salário-base deduzindo a parcela paga pelo governo.
Segundo o presidente do Sintrabor, Márcio Ferreira, a realização da assembleia não era da vontade do sindicato. Mas, devido à “conjuntura altamente desfavorável que a indústria pneumática está passando em razão do aumento inopinado e extemporâneo do imposto de importação da borracha natural, demos um voto de confiança à empresa”.
Ferreira referiu-se ao fato de que, em agosto, houve a elevação do imposto sobre a importação de borracha natural de 3,2% para 10,8%, porcentual que poderá chegar a 22%, segundo ele: “O problema é que a produção de borracha natural no Brasil supre apenas 52% do mercado, formado, principalmente, pela indústria pneumática”.
O dirigente reforçou a necessidade de esclarecer que esta medida é paliativa: “A solução deve ser sistêmica. Precisamos nos esforçar para assegurar a competitividade da indústria da borracha nacional e, neste sentido, já estamos mobilizando as nossas bases, tanto no setor de pneumáticas como nas empresas de artefatos de borracha”.
Além das duas unidades produtoras de pneus a companhia mantém duas fábricas de bandas de rodagem, em Campinas, SP, e em Mafra, SC. Ao todo emprega cerca de 5 mil trabalhadores no Brasil.