Área de pesquisa e desenvolvimento deverá triplicar de tamanho nos próximos anos
São Paulo – O desenvolvimento de novas tecnologias alternativas de propulsão e a expansão da força de pesquisa e de desenvolvimento no Brasil deverão consumir a maior parte dos R$ 5,5 bilhões que a Hyundai aplicará até 2032 no País. Um projeto, em especial, faz brilhar os olhos da direção e deixou o CEO global Euisun Chung entusiasmado: a produção de hidrogênio a partir do etanol.
Com quase vinte anos acumulados de pesquisa e aplicação do hidrogênio em veículos na Coreia do Sul a Hyundai enxerga no Brasil oportunidade de ouro para dar passos à frente na descarbonização com o biocombustível.
“Um dos grandes problemas do hidrogênio é o armazenamento e o transporte”, disse o presidente da Hyundai do Brasil, Airton Cousseau. “Com o etanol podemos fazer a transformação no posto de combustível, eliminando boa parte desses entraves.”
Para dar sequência às pesquisas a Hyundai brasileira criou uma divisão focada no hidrogênio e nomeou Anderson Suzuki para liderá-la. Na visita de Chung a companhia assinou acordo com a USP, Universidade de São Paulo, para integrar projeto do qual a Toyota também faz parte. Nas próximas semanas um Nexo, veículo movido a hidrogênio, chegará ao País para rodar em ruas brasileiras.
Na Coreia do Sul, sede da Hyundai, o uso de hidrogênio em veículos vem crescendo, especialmente no segmento de transporte de cargas e passageiros. A companhia mantém uma fábrica de célula de combustível já pensada para exportação.
Híbrido flex e reforço na engenharia
Mais para o curto prazo a Hyundai introduzirá em sua linha motores híbridos flex. Dentro do ciclo de investimento, segundo Cousseau, tem planejada a expansão da produção de motores em Piracicaba, SP. Hoje a fábrica produz 70 mil motores 1.0 aspirados por ano e a ideia é montar conjuntos híbridos flex na unidade, que podem equipar a linha atual de veículos produzidos na fábrica ao lado.
“Nossa prioridade, hoje, é a tecnologia híbrido flex. Por isto o grosso do investimento será aplicado em tecnologia, pois queremos dar passos à frente na descarbonização em linha com o que o Programa Mover propõe.”
Ainda dentro da proposta do Mover a Hyundai pretende contratar ao menos cem engenheiros para reforçar sua área de pesquisa e desenvolvimento, hoje formada por 39 profissionais. A ideia de Cousseau é ter áreas de desenvolvimento focadas em localização de peças, para trabalhar junto com a área de compras, de chassis, de conectividade, de homologação e emissões e de novos motores.
“A engenharia brasileira é muito boa e, comparada com a europeia ou dos Estados Unidos, relativamente barata. Vamos inserir a nossa área de P&D na Hyundai global e ter mais gente aqui é fundamental por causa das oportunidades com o etanol.”