Com novo visual mais SUV, acabamento melhorado e motor velho o veículo renova aposta no bom custo-benefício para famílias, taxistas e frotistas
Ibiúna, SP – Com preços e proposta mantidos a General Motors deu um banho de loja e executou cirurgia plástica na Chevrolet Spin, primeiro dos seus seis lançamentos prometidos para este ano. Em sua terceira e mais abrangente renovação desde o lançamento, em 2012, o modelo estilo minivan agora adota novo design com a identidade visual global da Chevrolet que lhe confere cara de SUV – o que já deu margem para a GM apelidá-lo de BUV, big utility vehicle, ou veículo utilitário grande.
No maior salto evolutivo da Spin a GM retrabalhou 42% da pele metálica do veículo, refinando o design externo, cuja aparência foi beneficiada pelo uso de faróis e lanternas de LED em todas as versões. O acabamento interior também foi bastante aprimorado.
Mas o pouco vigoroso motor aspirado 1.8 de 111 cv segue sendo o mesmo inicialmente projetado há mais de vinte anos e o último ainda produzido em São José dos Campos, SP, ainda que tenha recebido aprimoramentos ao longo do tempo — o último deles agora, para torná-lo mais econômico e adaptado às normas de emissões Proconve L8, que só entra em vigor no começo de 2025.
A Spin conserva e melhora as qualidades que fazem dela uma das duas únicas opções de carro familiar com amplo espaço interno na sua faixa de preços: são duas versões de cinco assentos, LT com câmbio manual de seis marchas por R$ 120 mil ou transmissão automática por R$ 127 mil, e duas opções com sete lugares – que segundo a GM representam 70% das vendas –, ambas automáticas, a LTZ por R$ 138 mil e a topo de linha Premier por R$ 145 mil.
Nesta faixa o único competidor no mercado brasileiro é o recém-lançado Citroën C3 Aircross, que apresenta preços pouco abaixo da Spin mas oferece menos espaço e acabamento interno muito rústico, apesar de ostentar o moderno e eficiente motor 1.0 turboflex de 130 cv. É uma questão de preferência mas a GM aposta que pode levar a melhor para seu tipo de cliente, nomeado pelo marketing de bigmalista, aquele que procura por mais conforto para a família do que design e potência.
Cliente fiel
A GM informa que, apesar de todas as melhorias acrescentadas à nova Spin, os preços foram quase que mantidos no mesmo lugar, uma das principais aspirações dos fiéis clientes, que em pouco mais de 21 anos compraram 350 mil unidades e sustentam a venda anual do modelo na faixa de 1% do mercado total de veículos no País.
Antes da pandemia de covid, em 2019, a Spin era o terceiro veículo mais vendido da GM, com 28,4 mil emplacamentos naquele ano, atrás só dos então campeões de vendas Onix hatch e sedã. Em 2023, após o lançamento de novos modelos como Tracker e Montana, a Spin caiu para sexto carro mais demandado da empresa, mas mesmo em mercado menor as compras somaram 20,3 mil unidades, o que mostra a estabilidade de desempenho que a GM espera conservar no mesmo nível depois da atual renovação.
De fato as vendas da Spin se mantêm estáveis com relação ao tamanho do mercado por anos a fio, divididas quase que por igual para públicos em busca de espaço a bordo: 40% para famílias, 30% para taxistas e 30% para frotistas como prefeituras, polícias e adaptações para PcD, pessoas com deficiência.
Segundo apontaram as pesquisas da GM antes desta renovação os compradores da Spin colocam o custo-benefício no alto de suas preferências, conforme atesta o gerente de produto Gabriel Alabarce: “É o nosso cliente mais fiel: 70% dos compradores de Spin compram outra Spin quando trocam de carro. Eles dizem que a razão para isto é o espaço interno e a versatilidade, mecânica confiável e de baixo custo de manutenção, e principalmente o custo-benefício de um veículos desta categoria. Nas pesquisas todos disseram que gostariam de melhorias desde que o preço fosse mantido. Então a ideia foi melhorar o produto sem perder suas características tão apreciadas pelos clientes”.
Melhoramentos visíveis
Assim foi feito, a começar pelo design exterior, que tornou-se mais “elegante”, segundo define a GM, distanciando-se muito da desengonçada – para não dizer coisa pior – primeira versão, de 2012, e da já melhorada primeira renovação, de 2018. A nova dianteira combinada com o leve levantamento da altura do capô e do veículo deu à Spin um visual mais robusto, confirmado pelas molduras plásticas que agora circulam todo o veículo, garantindo maior proteção.
Mas é no imenso interior que comporta volumetria de 4 mil litros que as melhorias estão mais presentes. A Spin ganhou acabamento bem mais caprichado com apliques de revestimentos suaves ao toque no painel e nas portas. Na versão topo de linha Premier os bancos são revestidos com couro sintético.
A GM escolheu a Spin para estrear seu novo quadro de instrumentos 100% digital com tela de 8 polegadas – que em breve será introduzido em seus outros lançamentos –, configurável em seis opções e de visualização bastante clara ao motorista. A maior digitalização do modelo se estende na mesma moldura ao centro do painel onde está outra tela de 11 polegadas sensível ao toque, que abriga controles do sistema de áudio, configurações do veículo e espelhamento sem fio do smartphone via Android Auto ou Apple Car Play, para navegação e outros aplicativos.
O wi-fi embarcado em todas as versões pode conectar até sete aparelhos e, segundo a GM, é doze vezes mais estável do que a conexão direta do smartphone na rede 4G ou 5G. O carro conectado permite que atualizações de seus sistemas eletrônicos sejam feitas automaticamente, sem necessidade de levar o carro à concessionária.
A Spin renovada avançou em sistemas de segurança. Todas as versões são equipadas com seis airbags, dois frontais, dois laterais e – uma novidade – duas cortinas que se estendem inclusive até a terceira fileira de assentos. Também são de série cintos de segurança dianteiros com pré-tensionador, alerta de afivelamento e câmara de ré. Já a versão de topo Premier também traz, pela primeira vez no Spin, alertas de colisão, de saída de faixa e de ponto cego, frenagem automática de emergência e indicador de distância do carro à frente. Seguem em todas as opções os obrigatórios controles eletrônicos de estabilidade e tração.
Na estrada
No trajeto de 50 quilômetros de São Paulo a Ibiúna foram nítidas as melhorias introduzidas na Spin, especialmente a recalibração da direção elétrica e da suspensão, que garante ao veículo estabilidade segura e conforto, com boa absorção das imperfeições do piso sem muita rolagem da carroceria. Ou seja: apesar do centro de gravidade mais alto a suspensão é bem ajustada, nem dura, nem mole, o que mantém a vida a bordo sem chacoalhões nem trepidações.
Faz falta um motor mais bem-disposto pois o 1.8 de 111 cv é um tanto quanto ofegante para um veículo de 4m42 de comprimento e peso bruto total de 1,8 tonelada com cinco passageiros e malas, acelerando de 0 a 100 km/h em turísticos 11,8 segundos, segundo medições da própria GM. Talvez seja este o preço a pagar por não aumentar o preço da Spin.
Ainda assim a GM ainda consegue introduzir alguns aprimoramentos no seu motor 1.8 – talvez os últimos antes da aposentadoria. Segundo a fabricante foi adaptada à nova Spin a central de gerenciamento eletrônico do Tracker, com duas vezes mais capacidade de processamento, o que tornou o veículo 11% mais econômico, garantindo 618 quilômetros de autonomia com um tanque de gasolina, ou 46 quilômetros a mais do que a versão anterior, segundo medições da fabricante.
O consumo aferido pelo Inmetro nas versões automáticas com gasolina é de 10,5 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada, e com etanol a média cai para 7,4 km/l e 9,3 km/l, respectivamente.
Outro ponto de difícil resolução é a altura dos bancos dianteiros, mais elevados para acompanhar a elevação do capô, o que torna percursos mais longos desconfortáveis para pessoas de estatura mais baixa. Mais uma prova que o Spin é mesmo para os bigmalistas.
Versões, preços e equipamentos
> LT câmbio manual 5 assentos – R$ 119 mil 990: • 6 airbagas • Cintos dianteiros com pré-tensionador • Alerta de não-afivelamento de cintos * Faróis e lanternas de LED • Câmera de ré digital • Quadro de instrumentos digital de 8” • Tela multimídia MyLink de 11” • OnStar com wi-fi a bordo • Segunda fileira com bancos corrediços •Rodas de aço de 15” com calotas.
> LT câmbio automático 5 assentos – R$ 126 mil 990: todos os itens da versão de entrada e mais: • Controle de velocidade de cruzeiro • Dutos de ventilação traseiros.
> LTZ câmbio automático 7 assentos – R$ 137 mil 990: todos os itens da versão anterior e mais: • Volante com revestimento de couro sintético • Bancos com revestimento híbrido • Ar-condicionado digital • Partida por botão • Sensor de chuva • Sensor crepuscular • Sensores de estacionamento • Computador de bordo • Rodas de liga leve de 16”.
> Premier câmbio automático 7 assentos – R$ 144 mil 990: Todos os itens da versão anterior e mais: • Alerta de colisão •Alerta de saída de faixa • Alerta de ponto cego • Frenagem automática de emergência • Indicador de distância do carro à frente • Carregador de smartphone por indução • Bancos revestidos com couro sintético • Grade com apliques cromados • Rack de teto preto.