Deste montante 45% já tomaram alguma atitude e 9% implantaram mudanças radicais, segundo pesquisa da YouGov apresentada pela Stellantis
São Paulo – Em todo o mundo três a cada quatro pessoas desejam optar por um meio de transporte que cause menor impacto ao meio ambiente. No Brasil essa pré-disposição é ainda maior, chegando a 84%. Mais: a maioria dos cidadãos brasileiros aceitaria parar de usar meios de transporte em que se tem um único passageiro, como carros e motocicletas.
Foi o que apontou levantamento realizado pela YouGov, empresa global de pesquisas online, apresentado pela Stellantis durante a segunda edição anual do Freedom of Mobility Forum, ou Fórum da Liberdade da Mobilidade, que busca debater como o planeta acomodará as necessidades de mobilidade de 8 bilhões de pessoas.
A ideia da enquete foi medir a disposição pela mudança de hábitos de transporte a partir das respostas de cerca de 5 mil entrevistados acima de 18 anos no Brasil, França, Índia, Marrocos e Estados Unidos, sendo em torno de 1 mil em cada um destes países.
Na média uma a cada quatro pessoas ao redor do mundo, ou 25% do total, declararam ainda não estar prontas para fazer qualquer mudança de transporte a fim de limitar o impacto no ambiente, “mas, ao se analisar que três em quatro estão prontos para mudar de hábito, tem-se algo muito encorajador”, disse Alexandre Devineau, gerente geral da YouGov na França, que apresentou os resultados em evento online organizado pela Stellantis.
A indisposição para alterar sua forma de mobilidade é ainda maior nos Estados Unidos, em que 40% dizem não estar preparados. E o porcentual chega a 51% se forem considerados moradores de zonas rurais e maiores de 55 anos, para quem este seria um desafio ainda maior. Considerando áreas urbanas a resistência alcança 31% das pessoas.
Na outra ponta, em países emergentes como Brasil e Índia, estes porcentuais são bem menores, sendo de 16% no meio dos brasileiros, o que indica a mais baixa resistência a mudanças na mobilidade nos cinco países envolvidos na pesquisa. Dos indianos 18% disseram que não querem mudar. Na França o porcentual é de 23% e de 26% no Marrocos, 26%.
Somente 10% dos cidadãos globais lançaram mão de mudanças radicais
Considerando que, na média, 75% das pessoas ao redor do mundo estão predispostas a optarem por um transporte de menor impacto no meio ambiente e que 40% delas já tomaram alguma atitude, a França lidera este tópico, uma vez que mais da metade da população começou a modificar seus hábitos de transporte. A Índia vem na sequência, com 48%, e o Brasil aparece logo atrás, com 45%. No Marrocos são 33% e nos Estados Unidos 31%.
Apesar das boas intenções se for posta uma lupa sobre os que adotaram mudanças drásticas trata-se de menos de 10% dos cidadãos globais. Neste ponto a Índia é o país com a maior proporção, chegando a 14%, seguido de Brasil e Estados Unidos, ambos com 9%, e Marrocos, com 8%, e a França com 6%.
“Isso claramente ilustra que a jornada para os meios de transporte mais verdes é longa e que ainda estamos no início de uma transformação radical.”
Nos países emergentes é maior a aceitação para reduzir o uso de transporte individual
Em resposta à mudança climática a pesquisa questionou também se os cerca de 5 mil entrevistados concordariam em parar de usar formas de mobilidade em que são o único passageiro, por exemplo, carros e motos. E o resultado foi que seis a cada dez cidadãos se dizem prontos para abandonar o transporte deste tipo.
“Aqui é muito interessante notar a discrepância da Índia, do Brasil e do Marrocos, de um lado, da França e dos Estados Unidos, de outro”, observou Devineau. “Nos três primeiros os cidadãos estão a fim de desistir dessa forma de mobilidade individual. A proporção chega a 82% na Índia.”
No Brasil 75% disseram que sim e no Marrocos 70%.
Estas respostas evidenciam uma forte disparidade dos mercados maduros com relação aos emergentes, uma vez que na França esse porcentual é de 50% e nos Estados Unidos de 40%. Aqui também a ruralidade exerce grande impacto pois, de fato, apenas 28% dos estadunidenses que moram em áreas rurais topariam a proposta, porcentual semelhante aos que têm mais de 55 anos, com 27%.
Isto passa pela necessidade de se propor alternativas viáveis aos meios de transporte individuais, reforçou Devineau.
Baby boomers são os mais resistentes a mudanças
Tal desafio enfrenta barreiras também na questão geracional. Os Baby Boomers, de 64 a 79 anos, são os que têm maior resistência a mudanças, uma vez que abrir mão do transporte individual pode afetar sua independência. Não à toa 47% deles discordam da proposta.
Considerando a geração mais jovem, no entanto — a geração Z, que inclui jovens de 18 a 27 anos –, 65% deles concordam em parar de usar formas de mobilidade em que são o único passageiro. Esse porcentual empata com a geração X, de 41 a 63 anos, e chega a 67% nos Millenials, de 28 a 40 anos.
Perguntados ainda sobre que partes interessadas exercem maior influência na opção por transportes com menos emissões a maioria respondeu: legisladores, para 36%, e os cidadãos, para 33%.
No Brasil os cidadãos estão em primeiro lugar, com 44% das respostas, seguidos de legisladores, com 38%, e da mídia, com 30%.