Cidade do México – Ao confirmar os planos de construir uma fábrica no México, país com o qual os Estados Unidos mantêm acordo de livre-comércio e que tornou-se base exportadora automotiva para América do Norte, a BYD parecia ter sinalizado a intenção de colocar um pé no segundo maior mercado global de veículos, enquanto este lança mão de mecanismos para dificultar o ingresso de carros produzidos na China. Sua CEO para as Américas, Stella Li, porém, negou estes planos: em entrevista a jornalistas brasileiros na Cidade do México, onde foi promovido o primeiro lançamento global de um BYD fora da China, a picape Shark, ela disse, mais de uma vez, que o país não está na mira da companhia.
“Olhamos sempre para o longo prazo e nos Estados Unidos a aceitação dos EVs, embora tenha começado bem, começou a sofrer uma curva descendente recentemente. Decidimos, portanto, focar em outras regiões e atualmente os Estados Unidos não estão nos nossos planos.”
A unidade mexicana, de acordo com Stella Li, tem como objetivo atender ao mercado local e a países da região Norte das Américas, como os da América Central e Colômbia: “Teremos duas fábricas, uma ao Sul e uma ao Norte. Camaçari, na Bahia, atenderá aos países mais próximos, da América do Sul, e o mercado brasileiro, que tem grande potencial. A do México atenderá os países ao Norte e o mercado mexicano”.
Segundo a CEO da BYD Américas, e também vice-presidente global, os planos da companhia são globalizar e localizar: estar presente com fábricas próximas aos mercados onde pretende avançar. Na Europa já foi confirmada uma fábrica na Hungria e outra deverá ser anunciada em breve, de acordo com a executiva, para atender ao mercado europeu. Brasil e México, por sua vez, olham a América Latina.
Este planejamento, na sua opinião, responde aos recentes movimentos de sobretaxação de carros produzidos na China em mercados como Europa e Estados Unidos: ao produzir localmente a BYD rompe essas barreiras.
A fábrica da BYD no México foi confirmada por Stella Li durante o lançamento da Shark, mas seu anúncio oficial, com local e investimentos, deverá ser feito mais para o fim do ano, segundo Stella Li. A partir do anúncio ela estima que em três anos a unidade comece a produzir e o portfólio de modelos será diferente da unidade brasileira.
A Shark, por exemplo, foi inicialmente descartada no México: “Entendemos ser um modelo importante para o agronegócio brasileiro. O Brasil é um mercado grande e promissor para picapes e a Shark é só a primeira que pretendemos lançar, E certamente poderá ser um dos primeiros a ser produzidos em Camaçari, está no nosso Top 3”.
Ao todo serão doze os modelos planejados para a fábrica da Bahia, a partir da evolução da produção e do mercado. A CEO da BYD Americas ainda afirmou que será no terceiro trimestre o lançamento da Shark no mercado brasileiro. Outros três modelos serão lançados ainda em 2024, além da picape.
Está em estudos, ela também disse, a introdução da marca de luxo Denza e, a partir dela, modelos Yangwang e Fangchengbao, mas nada ainda confirmado.