Vendas de veículos pesados de carga devem crescer 12% mas os de passageiros ficam no mesmo lugar
São Paulo – A Fenabrave, entidade que reúne os revendedores autorizados dos fabricantes veículos no País, revisou para cima as projeções de vendas de caminhões este ano, mas reduziu para zero-a-zero o desempenho dos emplacamentos de ônibus, que devem ficar estacionados no mesmo nível de 2023.
Ao fazer a primeira revisão de suas projeções para 2024, inicialmente divulgadas em janeiro passado, a Fenabrave elevou de 10% para 12% a sua expectativa de crescimento nas vendas de caminhões, prevendo agora o emplacamento de 116,6 mil unidades até dezembro.
“Se o que vende automóvel é crédito o que sustenta venda de caminhão é PIB”, disse José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, para justificar a expansão das vendas de veículos de carga este ano.
Concorda com ele Marcelo Franciulli, diretor executivo da entidade especialista no mercado de veículos pesados: “Os caminhões transportam 60% das cargas no País e quando o PIB cresce de 1,5% a 2%, como é o caso agora, sustenta um mercado cujo piso gira em torno de 120 mil a 130 mil veículos por ano”.
Fraciulli avalia que as vendas de caminhões cresceriam até mais do que a Fenabrave prevê para este ano se fosse adotado um programa de renovação de frota: “Existem muitos veículos velhos em circulação e o aumento da circulação de carga no País estimula a renovação”.
No primeiro semestre as vendas de caminhões somaram 55,4 mil unidades, aumento de 10,2% sobre o mesmo período de 2023. Somente em junho foram emplacados 9,6 mil veículos pesados de carga, em alta de 3,2% sobre maio e de 25,3% ante o mesmo mês do ano passado.
“O mercado de caminhões está se recuperando bem, o efeito do Euro 6 foi praticamente absorvido pela necessidade de renovação da frota para atender a demanda por transporte de safra e outros setores da economia em crescimento”, afirma Franciulli, em alusão à motorização Euro 6 adotada desde janeiro de 2023 para cumprir legislação ambiental, o Proconve P8, que encareceu caminhões e ônibus de 15% a 25% e derrubou as vendas.
Segundo Tereza Fernandez, consultora econômica da Fenabrave, além do agronegócio outros setores estão puxando as vendas de caminhões, especialmente mineração e construção civil, enquanto o comércio também tem contribuição positiva, mas menor.
Ônibus no mesmo lugar
O segmento de ônibus é o único que a Fenabrave revisou para baixo sua projeção: esperava, em janeiro, expressivo crescimento de 20% e agora recalculou o resultado para 0%, estimando a venda das mesmas 24,6 mil unidades registradas em 2023.
Segundo Franciulli o mercado de ônibus “é fortemente impactado por licitações de municípios e as eleições municipais deste ano suspenderam os negócios, que devem ser retomados após as eleições ou só em 2025”.
Andreta Jr. justifica o erro nas projeções de janeiro lembrando que o governo federal liberou mais de R$ 10 bilhões para compras de ônibus escolares pelo programa Caminho da Escola: “Mas os municípios não acessaram este dinheiro, precisam esperar passar as eleições municipais. Depois disso esperamos por um pico de vendas”.
O dirigente também citou o retrocesso nas compras de ônibus elétricos que tinham sido previstas para este ano: “Como são veículos três vezes mais caros os negócios enroscaram. Precisa ver quem topa aumentar o preço das tarifas ou subsidiar para ter esses veículos elétricos nas frotas municipais”.
Nos primeiros seis meses de 2024 a Fenabrave contabiliza a vendas de 11,3 mil ônibus, em queda significativa de 15,4% sobre o mesmo intervalo de 2023 – é o único segmento que apresenta retração no comparativo anual. Em junho houve recuperação, com 9,7 mil emplacamentos, em alta de quase 28% sobre maio e pequena expansão de 1,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
“A renovação das frotas urbanas e rodoviárias não está acontecendo e isso complica ainda mais a situação deste segmento”, observa Andreta Jr. “No entanto acreditamos que a perda acumulada de 15% do primeiro semestre possa ser suplantada no segundo semestre, levando à recuperação das vendas de ônibus”.