São Paulo – Para sustentar seu ambicioso plano de crescer dois dígitos ao ano e retomar fatia de 15% do mercado de implementos a Guerra investe R$ 85 milhões, a fim de flexibilizar sua linha conforme a maior demanda do mercado e para incorporar etapas da produção às linhas.
Em janeiro a companhia adotou mudanças como a exclusão no nome Rodofort de sua marca, a retomada vigorosa do slogan Guerra é Paz na Estrada e o investimento de R$ 60 milhões, dentre outros pontos, para adquirir máquinas e fabricar 100% do eixo utilizado em seu implemento. Até então quem o produzia era o Grupo Ibero, que tem participação da holding Librepar, detentora da Librelato.
“Como marca temos 50 anos mas, como indústria, somos uma criança, indo para o nosso quarto ano de vida. E vimos um desejo do mercado de que a Guerra voltasse a produzir o seu próprio eixo”, afirmou o CEO da Guerra, Ivo Ilário Riedi Filho, durante entrevista coletiva à imprensa na Fenatran. “Em março iniciamos o processo de transição e, em setembro, estávamos com praticamente 100% de produção nossa.”
Os aportes serão continuados em 2025, com a injeção de R$ 25 milhões para a compra de novos equipamentos, segundo a diretora financeira Gisele Bottura de Souza: “Estamos finalizando o projeto do eixo. E então ainda teremos compra de máquinas de corte e dobra e robôs de solda, todos vinculados ao processo produtivo”.
Quanto à volta do tradicional lema Guerra É Paz na Estrada, que em 2015 saiu da linha: como se tratava de algo patenteado a empresa já rediscutia o seu uso depois que Riedi Filho adquiriu a massa falida da empresa, em 2021.
Tudo isto, na avaliação do diretor executivo comercial, Alves Pereira Júnior, vai ao encontro do plano de conquistar fatia de 15% de mercado nos próximos anos. A ideia era obter 10% já no ano passado, o que acabou não acontecendo: “Nossa meta era 10% de um mercado de 75 mil a 80 mil pinos. Então estamos felizes porque são 9%, mas de 90 mil pinos. Hoje utilizamos 65% da nossa capacidade fabril, ou seja, temos muito a produzir ainda para alcançar a participação almejada”.
Este ano, completou o diretor comercial, foi mais fraco para o agronegócio, principalmente nos últimos meses. O que instalou expectativa de quebra de safra para o próximo ano: “O fator climático tem complicado esta gestão. E a produção foi voltada para a carga industrial”.
Em razão da logística facilitada, e da agilidade na entrega dos produtos, o comércio eletrônico consumiu bastante esse tipo de implemento.
“Talvez a montadora tenha deixado de produzir o 6×4 e tenha ido para o 6×2 e, nós, dos implementos, em contrapartida, deixamos de produzir no granel e fomos para o contêiner, que exportou bastante.”
Mesmo assim o objetivo é finalizar o ano com produção de 10 mil pinos – 45% mais do que em 2023. E, no ano que vem, de 12 mil a 14 mil unidades, ou seja, de 20% a 40% a mais, dependendo de como o mercado se comportará.
“Sempre buscamos crescimento, mas não a qualquer custo. Um crescimento sustentável e duradouro”, assinalou Riedi Filho. “E isto vai ao encontro do nosso objetivo de ter fábricas que consigam se moldar de acordo com o que o mercado procura. Se no ano que vem ele seguir demandando mais produtos industriais temos os esforços somados da unidade gaúcha de Caxias do Sul ao da paulista de Sumaré.”
Quanto ao mercado externo o plano era que 5% do faturamento fossem gerados por exportações. O ano, contudo, encerrará com algo em torno de 7% a 8%, estimou Pereira Júnior: “Em 2023 exportamos muito mais do que a Guerra embarcou em toda a sua história até 2017, quando quebrou. E este ano continuamos crescendo. O Paraguai demorou a sentir a diminuição da soja e demandou mais produtos. Tínhamos a expectativa de embarcar trezentos itens ao país em dois anos e vendemos quinhentos. Quase dobrou, sendo a maioria de graneleiros”.
A Guerra busca o mercado da Colômbia e de nações africanas, que possuem rodovias semelhantes às brasileiras. Em contrapartida a situação política de alguns países latinos tem feito encolher os pedidos, e a Bolívia, sem dólar, não tem muito dinheiro para comprar. O desafio lançado é de que, no mínimo, 10% do faturamento da fabricante de implementos provenha das exportações.