Sócia será detentora de 70% da unidade no Paraná, cujo investimento passará para R$ 6,2 bilhões
São Paulo – A XBRI, marca brasileira que tem seus pneus fabricados por empresas terceirizadas na Ásia, fechou joint-venture com a Linglong Tire, gigante chinesa de pneus com ações em bolsa e parceira de montadoras como Volkswagen, Stellantis, General Motors, Renault, Scania e BYD, para a construção de sua fábrica própria em terreno adquirido em Ponta Grossa, PR. O investimento inicialmente orçado em R$ 1,5 bilhão, quaduplicará para R$ 6,2 bilhões.
Desde 2021 a Linglong fornece pneus a versões do Volkswagen Polo, por exemplo, e para alguns modelos elétricos da BYD importados. Em 2023 ensaiou dar início à construção de unidade produtiva de pneus para veículos leves e pesados no Brasil, o que integrava o plano de, até 2030, posicionar-se entre as cinco maiores empresas pneumáticas do mundo, com cinco fábricas fora da China. Mas a ideia não vingou.
Agora associou-se à XBRI para retomar o plano engavetado como detentora de 70% da estrutura societária. Em entrevista à Agência AutoData o diretor de relações institucionais da XBRI Pneus, Samer Nasser, afirmou que a aliança estabelece base para a inovação, aumento da competitividade e expansão internacional a partir do Brasil:
“As relações das empresas existem de longa data, e agora vimos uma oportunidade estratégica de unir forças para expandir a produção no Brasil e na América Latina. A XBRI Pneus tem um profundo conhecimento do mercado local, enquanto que a Linglong traz sua experiência global”.
De acordo com o executivo a parceria foi planejada para que ambas se beneficiem, criando forte base para atender a montadoras e ao mercado de reposição e também para tornar a fábrica brasileira plataforma de exportação aos Estados Unidos, à Europa, ao Oriente Médio e à África.
Embora a capacidade de produção continue a mesma do projeto original, de 14,6 milhões de pneus por ano, sendo 12 milhões de unidades para veículos de passeio e utilitários, 2,4 milhões para caminhões e ônibus e 200 mil para aplicações industriais e agrícolas, Nasser contou que o investimento adicional elevará significativamente o nível tecnológico da unidade industrial:
“Com o aporte a nova fábrica, que será uma das mais modernas do setor, terá alto grau de automação, processos produtivos mais eficientes e rígidos controles de qualidade, reforçando a competitividade da empresa no mercado”.
O volume de empregos previstos passará de 2 mil a 3,2 mil, conforme o executivo, o que se deve à ampliação da escala e da complexidade da fábrica, que ganhará também um centro de P&D que localizará tecnologias e treinará trabalhadores. Haverá, ainda, núcleo de reciclagem com foco em economia circular e infraestruturas complementares dedicadas à inovação, sustentabilidade e eficiência operacional.
O diretor de relações institucionais da XBRI Brasil, Samer Nasser, disse que a associação é benéfica para ambas as empresas. Foto: Divulgação.
Perspectiva de começo da produção é mantida
O assentamento da pedra fundamental, inicialmente projetado para março, deverá ocorrer no início do segundo semestre. O projeto, que se estabelecerá em terreno de 1,2 milhão de m², com 500 mil m² construídos, deverá começar a ser erguido no terceiro trimestre. A licença prévia já está aprovada, segundo Nasser.
A ideia é que até o fim de 2026 seja introduzida a fase de produção teste e, no início de 2027, a produção em escala comercial. Um dos maiores interesses da XBRI na Linglong, a propósito, é o fato de a empresa ser referência em tecnologia e ter escala global.