Todos os carros já são ou serão chineses

A meteórica ascensão da indústria automotiva chinesa ainda deverá ser melhor descrita em muitos estudos socioeconômicos, mas já é possível afirmar que nunca antes na história um só país dominou uma cadeia produtiva global inteira em tão pouco tempo – e segue arrochando o torniquete sobre os fabricantes ocidentais de veículos e componentes, que parecem atordoados como rãs à noite diante das lanternas de seus caçadores.

Apesar de toda a resistência de alguns países aos produtos chineses com imposição de tarifas pesadas, especialmente nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, a situação é inescapável: em partes ou no todo todos os carros já são ou serão chineses.

Não se trata apenas de veículos importados inteiros em quantidades crescentes, que tomam cada vez mais espaço de fabricantes locais tradicionais em seus próprios mercados, mas de dependência bem mais profunda, pois atualmente qualquer carro, produzido em qualquer lugar, depende de componentes e insumos da China – e muitos já estão sendo projetados por engenheiros chineses.

Para as empresas a lógica é simples: por que gastar bilhões em anos de desenvolvimento se o concorrente chinês já tem tudo pronto por preços bem camaradas? Seguindo esta estratégia em tempos de caixas apertados os fabricantes ocidentais estão comprando de tudo na China, de projetos de plataformas eletrificadas, passando por módulos eletrônicos de controle e, claro, as baterias, pois 80% delas no mundo são produzidas por fornecedores chineses.

Isto sem falar de insumos essenciais à produção de qualquer veículo atualmente, seja eletrificado ou a combustão. A China tem domínio quase que total dos minerais de terras-raras, estão lá as maiores reservas do mundo e o país controla globalmente 90% do processamento e refino desses minérios e 93% da produção de ímãs – que dentre outras funcionalidades em um automóvel fazem funcionar os motores elétricos – e outros componentes feitos com esses materiais, presentes hoje na grande maioria de qualquer carro.

O mais impressionante é que quase todo este domínio da cadeia de veículos e seus componentes foi construído em menos de uma década, mais fortemente nos últimos cinco anos. Foi precisamente em maio de 2020, quando o mundo já estava afundado na pandemia de covid, que o presidente Xi Jinping, em uma reunião do Politiburo do Partido Comunista Chinês, em poucas palavras resumiu ambição geopolítica do país e o plano para alcançá-la: “Tornar o mundo mais dependente da China. Tornar a China menos dependente do mundo”. E assim é.

Dominância crescente

Depois de aprender e se viciar em comprar de tudo da China os fabricantes tradicionais de veículos estão cada vez mais dependentes do que fazem com parceiros chineses, na melhor estratégia do se-não-pode-com-eles-junte-se-a-eles. Alguns exemplos:

• A Audi desenvolveu em apenas dezoito meses o elétrico E5 Sportback, produzido exclusivamente na China em sociedade com a SAIC, que fornece baterias, motor e sistemas de infoentretenimento e de assistência ao motorista, os ADAS.

• A Volkswagen, do mesmo grupo da Audi, desenvolve veículos elétricos para a China usando arquitetura e softwares da Xpeng. Em outro projeto virá da sócia SAIC o powertrain híbrido que equipará a nova picape Amarok, a ser produzida na Argentina a partir de 2027.

• A Toyota trabalha com a GAC para desenvolver novos veículos elétricos na China.

• A Renault lançou o novo Dacia Spring elétrico – no Brasil o carro é importado da China desde 2021 e vendido como Kwid E-Tech – sobre plataforma desenvolvida pela Dongfeng. O novo Twingo está sendo projetado em Xangai por uma firma chinesa de engenharia. E para o mercado brasileiro a Renault começou a importar recentemente modelos elétricos da sócia Geely, que eventualmente poderão ser montados no País com toneladas de componentes importados de fornecedores chineses.

• A General Motors está se valendo de sua sócia chinesa SAIC-Wuling para vender carros elétricos mais baratos em mercados emergentes com sua marca Chevrolet. Por meio deste arranjo a GM já lidera o mercado mexicano e começa a adotar plano parecido no Brasil, onde já iniciou a importação dos dois modelos elétricos Spark e Captiva, que na sequência deverão ser montados pela Comexport na antiga fábrica da Troller em Horizonte, no Ceará, em kits SKD – conjunto importados da China já semimontados.

• A Stellantis adota plano parecido com a importação de modelos da sócia Leapmotors para mercados fora da China, inclusive o Brasil.

• A Ford negocia parcerias na China após o CEO Jim Farley tecer elogios ao SU7 da Xiaomi, fabricante de computadores e smartphones que recentemente decidiu estender seus domínios à produção de veículos com pegada de alta tecnologia.

O risco é que os fabricantes tradicionais tornem-se revendedores de tecnologias desenvolvidas por terceiros, o que tem efeito direto sobre a identidade das marcas automotivas. Mas ao que tudo indica não há outro caminho possível no momento.

Domínio da cadeia produtiva

Se alguns países como Estados Unidos e Canadá ainda bloqueiam a entrada de carros chineses em seus mercados o mesmo não se pode dizer de componentes e insumos essenciais.

E a China está usando seu domínio de minerais e componentes de terras-raras para colocar de joelhos os mercados globais. Recentemente o governo chinês impôs restrições às exportações destes insumos e maquinários de produção, o que poderá paralisar boa parte das linhas de produção de veículos pelo mundo. A medida, já utilizada antes neste ano e agora retomada, vem sendo encarada como uma reposta de Pequim às pesadas tarifas de importação impostas a produtos chineses pelo imperial governo de Donald Trump.

O desenvolvimento de fornecedores alternativos de materiais de terras-raras – o Brasil tem a segunda maior reserva – demora muito tempo e até lá os fabricantes do mundo inteiro estão nas mãos da China: sem importar insumos chineses a produção de veículos pode simplesmente parar.

A dependência global de importar componentes automotivos chineses é cada vez maior e o Brasil é um caso exemplar: a China é há alguns anos o maior fornecedor de autopeças importadas para o País, muito à frente de, nesta ordem, Estados Unidos, Japão e Alemanha, exportando em dólares para cá cerca de o dobro do que cada um destes três países vende a montadoras e mercado de reposição em solo brasileiro.

De janeiro a setembro deste ano as importações de autopeças da China pelo Brasil cresceram 19,6% em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando US$ 3,3 bilhões, equivalente a 18,4% do valor gasto pelo País com componentes importados nestes nove meses. Segundo o Sindipeças o movimento é explicado pelo real mais valorizado e a reorientação de exportações chinesas após o aumento de tarifas a seus produtos nos Estados Unidos – que, aliás, foi no mesmo período o segundo maior exportador de peças ao Brasil: US$ 1,9 bilhão.

Os valores de importações de autopeças importadas da China tende a aumentar de 2026 em diante tendo em vista o início da produção local da BYD e GWM – além de outras com igual intenção de instalar linhas de montagem no País –, que iniciaram a operação montando veículos com quase a totalidade dos componentes importados, com promessas de nacionalização lenta, gradual e restrita.

Inundação de carros chineses

Nas últimas duas décadas a China escalou toda a sua cadeia automotiva em alta velocidade e há mais de dez anos tornou-se a maior produtora e maior mercado de veículos do mundo, chegando à capacidade atual de produzir 50 milhões de unidades por ano, o que corresponde a mais da metade, 55%, do mercado mundial atual.

Nunca antes um único país conseguiu tamanha fatia produtiva. Em termos comparativos os Estados Unidos, segundo maior mercado de veículos do mundo, produz não mais do que 10 milhões de unidades/ano.

O problema é que nem o mercado chinês consegue consumir tanto e ocupa cerca de somente a metade da capacidade das fábricas. A alternativa para reduzir a ociosidade é uma corrida à exportação que está inundando o mundo com carros chineses.

O potencial produtivo da China foi inflado especialmente por montadoras nacionais que, ao longo da última década, multiplicaram-se em mais de cem marcas e cresceram em volume e qualidade, tomando terreno antes ocupado por fabricantes estrangeiros, que começaram a se instalar no país na década de 1990 em sociedade com empresas chinesas. Após anos de inflada prosperidade as marcas internacionais foram superadas pelas chinesas, que hoje dominam mais de 60% das vendas domésticas.

O resultado desta disputa foi a drástica redução de mercado para os fabricantes estrangeiros, que hoje vendem 8 milhões de veículos a menos do que há cinco anos.

Ao mesmo tempo o excesso de capacidade produtiva e a acirrada concorrência no mercado chinês provocou uma guerra de preços na qual somente empresas chinesas têm condições de participar, pois dominam toda a cadeia produção, controlam melhor seus custos e ainda recebem subsídios do governo.

Para reduzir a crescente ociosidade das fábricas o caminho apontado foi a internacionalização. O governo central indica que promoverá uma consolidação de empresas do setor e só sobreviverão aquelas com presença internacional. Resumindo, é exportar ou morrer.

Com produtos sensivelmente melhores do que há poucos anos – principalmente elétricos e híbridos –, custos imbatíveis e pressão do governo combinada com incentivos, as fabricantes chinesas correram para sobreviver e, em apenas cinco anos, a China tornou-se o maior exportador de carros do mundo, saltando de 1 milhão de unidades embarcadas em 2020 para cerca de 7 milhões este ano, que chegam a mais de cem países.

Foi mais um baque para os fabricantes ocidentais que, além de perderem muito terreno na China – que para muitos deles foi e ainda é o seu maior mercado mundial –, também começaram a ceder espaço para os chineses em seu próprio país e nos mercados externos onde também produzem ou exportam.

Com poder de competição global cada vez mais reduzido e mercado europeu retraído joias da coroa automotiva alemã, como Volkswagen, Mercedes-Benz e Bosch, já anunciaram dezenas de milhares de demissões.

Se deixar a porta aberta os chineses entram

Os chineses saíram batendo em todas as portas pelo mundo e entraram onde deixaram. Não são só mercados emergentes que as marcas automotivas chinesas estão dominando mas qualquer um que permita, mesmo que com a aplicação de tarifas. O Reino Unido, por exemplo, já é o maior mercado externo da BYD e a ambição voraz declarada das marcas chineses é liderar o mercado britânico até 2030.

E nos países onde entram carros completos ou parcialmente montados também entram as autopeças, que se somam às já fornecidas a fabricantes locais e para reposição.

O Brasil também tornou-se um interessante ponto de desembarque e conquista. Este ano, de janeiro a setembro, foram emplacados 123,5 mil veículos importados da China, em crescimento de 51% sobre igual período de 2024, com fatia equivalente a quase 7% dos emplacamentos. Isto sem contar algo como 100 mil carros já importados por fabricantes chineses que ainda serão vendidos.

O resultado dos chineses é bastante expressivo, dado que o mercado brasileiro enfrenta retração e as vendas de automóveis e comerciais leves produzidos no País avançaram menos de 2% em nove meses.

Há três anos a China tornou-se o segundo maior fornecedor de veículos importados ao Brasil e este ano, em agosto e setembro, o país pela primeira passou a Argentina.

Dominação concluída

A voracidade da indústria automotiva chinesa deixa os fabricantes ocidentais paralisados – tanto economicamente pelos volumes de produção sem precedentes a custos imbatíveis como, também, literalmente pela restrição proposital do governo chinês em fornecer minérios de terras-raras e de maquinário para processá-los.

“É a coisa mais humilhante que já vi”, resumiu recentemente Jim Farley, o CEO da Ford.

A situação certamente perpassa a indústria automotiva, pois envolve a segurança econômica de países, sobrevivência de indústrias nacionais e independência estratégica de insumos e tecnologias. Mas é certo que os abismos competitivos abertos no mundo pela China são difíceis de fechar, o que já enseja uma escalada protecionista que descamba para animosidades políticas por parte de países que não conseguem mais competir. Está difícil reequilibrar forças.

Na indústria automotiva – e em muitos outros setores – a China não dominará o mundo porque já dominou, até mesmo em países onde seus carros não entraram ainda.

Indústria automotiva teme mais paralisações por falta de semicondutores

São Paulo – A decisão do governo chinês de proibir a Nexperia, fabricante holandesa de semicondutores, de exportar seus chips coloca em risco a cadeia automotiva europeia, segundo reportagem publicada no Automotive News Europe. A VDA, entidade que representa as montadoras na Alemanha, afirmou em comunicado que “a situação pode levar a restrições significativas de produção, possivelmente até mesmo paralisações em um futuro próximo”.

A proibição da Nexperia, que é de propriedade da chinesa Winghtech Technology, ocorreu depois que o governo holandês assumiu o controle da empresa, usando leis de emergência destinadas a proteger produtos estratégicos e propriedade intelectual. Faz parte de uma disputa comercial mais ampla, de medidas da China de restringir exportações de terras raras e materiais de bateria essenciais para veículos elétricos, enquanto o governo se prepara para negociar com os Estados Unidos.

Segundo a agência de notícias Bloomberg a escassez de chip atingirá os principais fornecedores europeus dentro de uma semana e poderá se espalhar por todo o setor dentro de dez a vinte dias, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não ser identificadas.

Reuniões de crise com montadoras, fornecedores e autoridades governamentais estão em curso para traçar planos de contingência, mas a possibilidade de qualificação de componentes de reposição poderá demorar meses. É esperado que as consequências se estendam para além da Europa, porque fabricantes estadunidenses também usam chips da Nexperia.

A Volkswagen já começou a conversar com sindicatos para buscar alternativas para possíveis reduções na produção, segundo a agência de notícias Reuters. 

Caoa Chery atualiza multimídia e mantém preço do Tiggo 7

São Paulo – Mais tecnologia foi adicionada à linha 2026 do SUV médio Caoa Chery Tiggo 7, que começa a chegar às concessionárias sem alteração no preço, mantido em R$ 139 mil 990 na versão Sport, R$ 169 mil 990 nas Pro Max, com opção de motorização a combustão e híbrida, e R$ 219 mil 990 na PHEV.

Segundo a Caoa Chery é nova a central multimídia de alta definição, em todas as versões. A interface, mais intuitiva, colabora para a experiência do usuário, que poderá notar também maior capacidade de processamento com a adoção do novo chip SemiDrive X9 embarcado. Também há sistema de comando por voz.

O Tiggo 7 soma 25,2 mil emplacamentos de janeiro a setembro, o mais vendido da marca no mercado nacional.

Biomassa é a alternativa energética para o futuro

São Paulo – Não será por falta de opção ou de área para plantação que os biocombustíveis deixarão de avançar como alternativa energética. Enquanto se debate, dentro de escritórios e salas de reuniões governamentais, a viabilidade econômica da sua aplicação, pesquisadores brasileiros avançam em novas frentes, encontrando novas fontes de produção de biomassa.

O professor e líder do laboratório de genômica e bioenergia da Unicamp, Gonçalo Pereira, apresentou algumas dessas inovações em sua palestra no Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, organizado por AutoData na terça-feira, 21. Afora o já conhecido agave, a planta de onde vem a tequila e que é objeto do projeto Brave, encabeçado pelo professor, outras estão em estudo, como o dendezeiro – já conhecido por produzir o tradicional óleo de dendê.

Pereira tenta colaborar para resolver o que considera as três crises que o planeta enfrenta em decorrência da necessidade de se produzir cada vez mais energia: a climática, a ambiental e a de desigualdade social. Produzindo biomassa a partir de plantas, em ciclo renovável, resolve-se as três, porque algumas dessas possíveis futuras fontes de energia estão em regiões pobres, o que colabora para geração de emprego e renda nessas áreas.

“A biomassa é uma bateria, recarregada pelo Sol por meio da conversão de CO2 e H2O em glicose, via fotossíntese”, afirmou o professor, fazendo uma alusão ao principal símbolo da eletrificação. “Com tecnologia conseguimos converter essa bateria sólida em baterias líquidas e gasosas, como o etanol e o biometano, e esses podem ser usados para gerar as energias da mobilidade, tanto de forma solo como a partir da combinação com motores elétricos, gerando o que há de mais eficiente no planeta: os motores híbridos movidos a biocombustível.”

Para veículos pesados, continua o professor, a solução também está na mesa, é renovável e colabora para a captura de CO2 da atmosfera: o biometano: “O biometano pode ser produzido a partir de qualquer resíduo. Já temos ciência suficiente para produzir biogás em alta escala e potencial para entregar volume equivalente ao que sai de gasodutos que vêm da Bolívia”.

Sugestão para usar mais etanol

De nada adianta este leque de soluções se na hora de encher o tanque na bomba do posto de combustível o consumidor optar pela gasolina, que tem apenas 30% de etanol em sua mistura. Pereira afirmou que, com as CBIOs, uma solução seria premiar o motorista que utilizar biocombustível.

“Podemos criar um aplicativo que rende CBIOs, que pode ser transformado em bônus mais à frente, como se fosse um jogo.”

E brincou, após criticar as casas de apostas online que vêm se proliferando pelo País sem geração de riqueza e prejudicando a renda de muitas famílias: “Vamos criar a Renovabet, deixar os nossos instintos trabalharem para o bem, para a valorização e liquidez da moeda de carbono, o que puxa toda a indústria”.

Supremacia histórica

Referência mundial na fabricação de materiais de fricção, a Fras-Le, marca da Frasle Mobility, segue fortalecendo sua presença no mercado automotivo com um portfólio completo e soluções que unem desempenho, tecnologia e segurança. Com mais de sete décadas de atuação, a empresa tornou-se líder no fornecimento de pastilhas de freio, lonas e sapatas para veículos leves, pesados, motocicletas, aplicações ferroviárias e industriais, atendendo tanto montadoras quanto o mercado de reposição.

A Fras-Le mantém uma estrutura produtiva robusta e globalizada, com fábricas no Brasil, Estados Unidos, China, Índia e Argentina. Sua rede comercial internacional garante atendimento a clientes em mais de 125 países nos cinco continentes. O amplo catálogo da marca reúne mais de 12 mil itens, desenvolvidos para atender às necessidades específicas de diferentes operações com alta confiabilidade.

No Brasil, a Fras-Le detém mais de 80% de participação no fornecimento de materiais de fricção para montadoras de caminhões e ônibus, além de atuar de forma expressiva junto às principais fabricantes de semirreboques. Essa liderança se apoia em uma sólida relação de confiança construída com montadoras e frotistas, baseada em capacidade produtiva, conhecimento técnico e compromisso com inovação.

A empresa também se diferencia pela integração com o Centro de Engenharia Avançada Movetech, hub de tecnologia da Frasle Mobility voltado ao desenvolvimento contínuo de pesquisas e soluções inteligentes em frenagem. Esses investimentos permitiram à Fras-le consolidar parcerias relevantes no automobilismo de competição, como o fornecimento oficial de pastilhas de freio para os caminhões da Copa Truck desde 2021, um ambiente que exige extremo desempenho e resistência.

Pioneira no desenvolvimento de componentes de fricção no Brasil, a Fras-Le oferece diversas formulações para lonas e pastilhas de freio, ajustadas a cada aplicação e demanda operacional, como é o caso de um portfólio completo para atender às diferentes necessidades de operação no transporte rodoviário. Para caminhões, cavalos mecânicos e ônibus, a formulação AF/700 é reconhecida pela versatilidade, segurança e durabilidade, enquanto a AF/557, utilizada por montadoras, entrega maior desempenho de frenagem e resistência mecânica. Para ônibus urbanos que operam em condições severas de calor devido a paradas constantes, a empresa desenvolveu a AF/750, com alta resistência térmica e longa vida útil. Já para carretas e semirreboques, a AF/611 atende múltiplas aplicações com eficiência, e a AF/730 destaca-se em operações severas, oferecendo até 35% mais durabilidade. No segmento de pastilhas, a Fras-le também trabalha com três composições: cerâmicas, ideais para alto desempenho e baixa emissão de ruído; metálicas, de maior durabilidade; e semimetálicas, indicadas para aplicações pesadas com excelente dissipação de calor.

Outro pilar estratégico da marca é a sustentabilidade. A Fras-le desenvolve produtos com menor impacto ambiental, como a tecnologia Eco+, que elimina metais pesados e substâncias tóxicas das pastilhas de freio, alinhando eficiência industrial e responsabilidade ambiental.

Com forte vocação inovadora, a empresa também aplica tecnologias exclusivas em seus produtos, garantindo maior segurança, conforto e vida útil ao sistema de frenagem. Há diversos exemplos, como o Control+, que mantém desempenho de frenagem estável em diferentes temperaturas e o Life+, que aumenta a durabilidade das pastilhas e reduz desgaste do disco. O Comfort+, por sua vez, minimiza ruídos e vibrações durante frenagens.
Combinando qualidade reconhecida, engenharia avançada e amplo portfólio, a Fras-le segue contribuindo de forma estratégica para a evolução tecnológica do setor automotivo global, entregando soluções confiáveis que reforçam seu compromisso com segurança, eficiência e inovação.

Fotos: Divulgação/Fras-Le

O protagonismo da nova geração de baterias

A evolução dos sistemas de baterias redefiniu o papel da eletrificação no transporte, deixando de ser um elemento limitador para se tornar um habilitador estratégico da transição energética. Nos últimos anos, avanços simultâneos em química de células, engenharia de sistemas e infraestrutura de recarga consolidaram as baterias como núcleo tecnológico da mobilidade elétrica. Nesse contexto, a BorgWarner assumiu papel central na aceleração desse movimento, combinando inovação com desenvolvimento industrial em escala.

A transformação começou pela evolução das químicas. A tradicional tecnologia chumbo-ácido foi superada por sistemas mais eficientes, como íons de lítio. Em seguida, surgiram variantes como NMC (níquel-manganês-cobalto) e LFP (fosfato de ferro-lítio), que ampliaram a densidade energética, a autonomia e a segurança operacional dos veículos. Paralelamente, a produção global em escala e a evolução da cadeia de suprimentos reduziram o custo por kWh, tornando a eletrificação acessível também em mercados emergentes, como o Brasil.

Outro divisor de águas foi o avanço no gerenciamento inteligente de energia. Os sistemas BMS (Battery Management System) passaram a monitorar em tempo real parâmetros críticos, como temperatura, tensão, corrente e estado de carga. Essa capacidade assegura o desempenho e a longevidade das baterias, além de ampliar a segurança eletroquímica. Ao mesmo tempo, a expansão das redes de recarga e a padronização de conectores criaram condições reais para a operação de frotas elétricas em rotas urbanas e rodoviárias.

No Brasil, a BorgWarner tem investido em soluções industriais alinhadas às demandas locais de eletrificação. Em Piracicaba (SP), o sistema de bateria 9 AKM é produzido para aplicações comerciais e entrega 98 kWh de densidade energética em um pack modular de aproximadamente 600 kg. Baseado na química NMC, o componente oferece até 4.000 ciclos de recarga no primeiro ciclo de vida (no veículo), podendo ultrapassar oito anos de operação, dependendo do regime de uso. Após seu ciclo automotivo, a bateria pode seguir para aplicações estacionárias e, posteriormente, para reciclagem, reforçando o conceito de economia circular aplicado à eletromobilidade.

O sistema de bateria 9 AKM é montado em Piracicaba (SP) e tem alta eficiência energética. Pesa cerca de 600 kg e entrega 98 kWh.

Além da tecnologia NMC, a BorgWarner ampliou sua atuação global ao firmar, em 2024, uma parceria estratégica com a FinDreams Battery, subsidiária da BYD, para o fornecimento de células blade LFP. A cooperação prevê a produção de packs LFP para veículos comerciais a partir de 2026, com possibilidade de fabricação também no Brasil, dependendo da demanda regional. Os sistemas LFP oferecem maior segurança térmica, menor custo por kWh e até 6.000 ciclos, com recarga de 10% a 80% em cerca de 30 minutos, dependendo da potência do carregador.

“Os avanços promovidos pelo setor automotivo nos sistemas de armazenamento de energia são inegáveis e fundamentais para a mobilidade elétrica. Essa evolução permitiu transcender o transporte e integrar energia e mobilidade em um único ecossistema tecnológico”, afirma Marcelo Rezende, Diretor para Sistemas de Baterias da BorgWarner no Brasil.

A robustez dessa tecnologia ganha ainda mais relevância diante dos desafios do ambiente automotivo. Diferentemente das aplicações estacionárias, as baterias veiculares operam sob vibração constante, variações extremas de temperatura e ciclos irregulares de carga. Por isso, a BorgWarner investe em sistemas de proteção térmica, arquitetura modular de packs e integração eletrônica avançada, com foco em confiabilidade e durabilidade. Os mesmos sistemas começam a atender setores como máquinas agrícolas, data centers, aplicações náuticas e equipamentos industriais, em resposta ao aumento global da demanda por armazenamento de energia.

Fotos: Divulgação/BorgWarner

Ram Rampage supera os 50 mil licenciamentos

São Paulo – Primeira Ram desenvolvida e produzida fora da América do Norte, a Rampage, superou, no mercado brasileiro, as 50 mil unidades emplacadas desde seu lançamento. Produzida em Goiana, PE, a picape média é vendida nas versões Big Horn, Rebel, Laramie e R/T.

Segundo a Stellantis todas as versões são conectadas e, juntas, rodaram mais de 1 bilhão de quilômetros por estradas e ruas brasileiras. A Rampage tem em seu portfólio opções de motor 2.2 turbodiesel de 200 cv e o 2.0 Hurricane 4 Turbo, a gasolina.

Secretaria de Mobilidade Elétrica deverá impulsionar eletrificação no Brasil

São Paulo – O MME, Ministério de Minas e Energia, criou uma Secretaria de Mobilidade Elétrica com o objetivo de marcar um ponto de inflexão nas políticas públicas dedicadas à eletrificação veicular no Brasil. Foi Ricardo Bastos, presidente da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, quem transmitiu a informação durante o Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, promovido por AutoData, destacando que a estrutura já foi oficialmente publicada e aguarda apenas a nomeação de seu titular.

“É um passo importante. Estamos esperando, agora, a indicação do titular, e sua posse, a estrutura da secretaria, e aí passaremos a atuar. A ABVE vai participar muito forte oferecendo subsídios para que, dentro da estrutura do governo federal, tenhamos condições de avançar em políticas de eletromobilidade”.

A criação da secretaria responde a uma demanda histórica do setor e promete facilitar a interlocução da indústria com o governo, algo especialmente relevante diante da chegada massiva de montadoras chinesas ao país. Segundo o presidente da ABVE quando se tem uma secretaria especializada fica mais fácil levar as questões da mobilidade elétrica para dentro das estruturas governamentais de forma mais estruturada.

A nova secretaria deverá trabalhar em conjunto com o MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, para apoiar a cadeia nacional de fornecedores na absorção das novas tecnologias: “A indústria brasileira precisa se inserir, precisa tirar proveito dessa transformação. A gente sempre teve bons clientes na América do Sul e não podemos deixar que outros países entrem no nosso mercado com a facilidade com que estão entrando hoje”.

Ofensiva chinesa e novo ciclo industrial

O mercado brasileiro de eletrificados vive momento de transformação acelerada. Bastos projeta crescimento de 20% nas vendas de veículos híbridos e elétricos em 2025, devendo atingir 220 mil unidades. Desde 2012, quando a ABVE iniciou sua série histórica, o Brasil já comercializou cerca de 600 mil veículos eletrificados, sendo que mais da metade é de modelos plug-in.

“Tivemos, nos últimos dois meses, a inauguração de duas fábricas de associados da ABVE que produzirão localmente veículos eletrificados. Vemos a questão da cadeia. A indústria de autopeças não é mais apenas a tradicional, mas também a que vem do mercado de eletrônicos e elétricos”, destacou o executivo, referindo-se às inaugurações da BYD na Bahia e da GWM em São Paulo.

A chegada de montadoras chinesas, associada ao imposto de importação de 35% para veículos completos, torna a produção local não apenas viável, mas necessária. “É muito difícil você manter qualquer estratégia de volume aqui para o Brasil com um imposto de 35%. Estou falando de planos para volume e não, às vezes, um trabalho de nicho. Então, a produção local está chegando”.

Infraestrutura de recarga avança

Um dos principais desafios do segmento finalmente encontra encaminhamento. Na semana passada o Confea, Conselho Federal de Engenharia, publicou nota técnica estabelecendo diretrizes claras para instalação de carregadores de veículos elétricos, tema que vem sendo prioridade máxima dos associados da ABVE desde o início do ano.

“Para vocês terem uma ideia este assunto, na assembleia que tivemos no começo desse ano dentro da ABVE, foi o de maior prioridade que recebi de meus associados”, disse Bastos, acrescentando que o Corpo de Bombeiros de São Paulo deve publicar instruções complementares ainda em outubro.

A regulamentação é urgente para evitar gambiarras, como a do caso recente de um veículo que pegou fogo após o proprietário usar extensões inadequadas para recarga: “O carregador nada mais é do que um equipamento elétrico. Será que você já se cansou de tanto ver curto-circuito com secador de cabelo, micro-ondas, fogão, ar-condicionado? Precisávamos dessa regulamentação para dar segurança”.

Energia limpa e expansão regional

A ABVE planeja realizar em 2026, quando celebra 20 anos, evento com foco no uso da energia limpa disponível na região para frotas de ônibus elétricos, aproveitando o potencial de geração solar e eólica do Nordeste: “É um bem muito grande para a população usar ônibus elétricos, zero de emissão, zero de barulho, qualidade de vida para todos, inclusive para os motoristas”.

Ricardo Bastos observa, ainda, uma “migração suave, mas real” da eletrificação para o Interior do País, antes concentrada nos grandes centros do Sul e Sudeste. Brasília se destaca como referência proporcional nas vendas, impulsionada por isenção de IPVA e perfil favorável do consumidor.

Trabalhadores da Toyota voltam às fábricas de Sorocaba e Indaiatuba

São Paulo – Há cerca de um mês fortes chuvas e vendavais assolaram a fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz, SP, e, após expectativa inicial de que a produção só fosse retomada no ano que vem, a montadora fez manobra para trazer motores do Japão e suspendeu o layoff aprovado nas fábricas vizinhas de Sorocaba e de Indaiatuba: os cerca de 4,5 mil trabalhadores voltaram à ativa na terça-feira, 21, após férias coletivas de vinte dias. 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Leandro Soares, agora terá início uma nova etapa de reorganização da produção, em que a empresa deverá iniciar período de treinamentos e readequação das linhas de montagem: “A retomada será gradual, com prioridade para os modelos híbridos Corolla e Corolla Cross, que utilizam motores e componentes importados de fábricas no Exterior”.

Segundo a Toyota as linhas serão reativadas efetivamente em 3 de novembro, inicialmente usando motores importados do Japão para os híbridos. Em janeiro a filial brasileira deverá começar a receber motores convencionais para retomar a produção dos modelos a combustão, o que inclui o Yaris, que é exportado para a Argentina.

Enquanto isto, em Porto Feliz, diante do incidente que deixou a fábrica de motores sem teto, a empresa decidiu levar algumas máquinas sem avarias para galpão em condomínio industrial que até dois meses atrás operava com a distribuição de peças, transferida para Sorocaba.

Segundo o presidente do sindicato de Itu e Região, Manoel Neres, 52 funcionários, dos cerca de quatrocentos que trabalham na unidade, voltaram ao trabalho, enquanto o restante continua em layoff por sessenta a 150 dias, conforme necessário: “Eles são montadores de motor e em um primeiro momento avaliarão as máquinas para depois verificar a possibilidade de realizar a montagem no barracão”.

A Toyota informou que este maquinário passará por limpeza e remapeamento e, após a análise de viabilidade técnica, será avaliada a possibilidade de montar novamente a linha e retomar a produção de motores, mas frisou que isto será uma etapa posterior.

O Yaris Cross, cujo lançamento era aguardado para este mês, segue sem uma nova data.

Para montadoras é preciso começar a pensar para além do Mover

São Paulo – Para as fabricantes de veículos leves o Programa Mover, Mobilidade Verde e Inovação, tem cumprido com seu papel de estimular a descarbonização por meio da melhora da eficiência energética, da eletrificação e do uso de biocombustíveis, mas é importante que o governo já comece a pensar em continuidade e aprimoramento da iniciativa que vise a industrialização completa dos modelos no País.

Foi o que afirmaram durante debate no Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, realizado por AutoData na terça-feira, 21, João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis para a América do Sul, Roberto Braun, diretor de comunicação e porta-voz da área de ESG da Toyota e Fábio Rua, vice-presidente de relações governamentais da General Motors.

“O Brasil tem a oportunidade, por meio de suas riquezas, de prover a verticalização de muitas das tecnologias de eletrificação introduzidas a partir do Mover, o que trouxe melhorias nas plataformas veiculares”, avaliou Medeiros.

O executivo citou que, somados, os programa InovarAuto, Rota 2030 e Mover promoveram, em dez anos, a redução de CO2 em 35%, o que se traduz em eficiência energética melhorada: “É preciso agora pensar à frente para fazermos mais um salto. Quando falamos de eletrificação todas as plataformas demandam baterias de lítio, motores elétricos, inversores, centrais eletrônicas, e abre oportunidade para verticalizarmos a cadeia na região.”

Braun complementou reforçando a necessidade de trazer ao Brasil a industrialização plena para que o setor não fique restrito a operações de valor agregado baixo “como montagem SKD e CKD que não agregam valor no País, não promovem o adensamento da cadeia produtiva, não geram emprego e renda à nossa sociedade, o que é fundamental para o futuro.”

Rua defendeu que se o Brasil deseja ser um competidor relevante na indústria automotiva é preciso olhar a cadeia de suprimentos, a necessidade de comprovar o compromisso para atrair cada vez mais investimentos: “A previsibilidade é fundamental, mas o Mover tem um horizonte temporal curto. Das doze portarias, somente seis foram publicadas, ou seja, em quase dois anos não temos todas as regras definidas. Isto está fluindo, não afeta a execução dos investimentos, mas poderia acelerar decisões já tomadas que precisam ser implantadas. Até 2030 todos os carros da GM terão algum tipo de eletrificação.”

A polêmica do CKD e SKD

Sobre a montagem em CKD e SKD ele traçou paralelo com política que está sendo implementada no México, que ao mesmo tempo em que incentiva a produção local abre importação proporcional à fabricação, para que essas empresas possam complementar o portfólio. “Esta cota de 10% a cada 100 mil veículos produzidos poderia ser pensada numa continuidade do Mover.”

O executivo da GM lembrou que recentemente foi anunciada a montagem em SKD e, posteriormente, CKD, do primeiro veículo 100% elétrico da GM na América do Sul, o Spark, na antiga fábrica da Troller em Horizonte, CE. “Até para testar o mercado e a possibilidade de contar com fornecedores que já fazem parte do nosso rol com estruturas de montagem diferenciadas para que este veículo esteja consolidado no nosso processo produtivo.”

Medeiros ponderou que este tipo de montagem tem seu valor quando não há a tecnologia local e, sobre o México, ressaltou que o país conta com diversos acordos comerciais, diferentemente do Brasil. “Híbridos e elétricos compartilham diversos componentes. Precisamos de política de curtíssimo prazo e de médio e longo prazo para trazer a produção de itens como bateria, controladores e motores elétricos à região. Até 2030 R$ 32 bilhões serão espalmados no portfólio da Stellantis para oferecer produtos de diferentes níveis de eletrificação.”

Braun também contrapôs que, no México, existe uma característica diferente do mercado brasileiro, uma vez que em torno de 90% da produção local é endereçada ao mercado externo. “No Brasil, aproximadamente 15% são exportados. Na Toyota, em que temos uma condição diferenciada, de 35% a 40% do que é fabricado é embarcado. Mas esta não é realidade comum às empresas do setor.”

Do volume embarcado pela montadora, em torno de 40% são híbridos a gasolina, o que corresponde a cerca de 30 mil veículos por ano, e uma parcela menor de híbrido flex – hoje representados pelo Corolla e pelo Corolla Cross e, em breve, pelo Yaris Cross, que teve seu lançamento adiado por causa do incidente em Porto Feliz, SP – vai ao Paraguai.