O gaúcho Roberto Cardoso, fundador da Resfri Ar, é mais um exemplo daqueles brasileiros visionários. Ex-caminhoneiro, a veia do empreendedorismo surgiu logo cedo. Por ter vivenciado a lida na boleia, Cardoso captou rapidamente uma das principais dores da profissão. E ela não residia na atividade propriamente ao volante, mas fora dele: na hora de dormir, o cidadão morria de calor dentro da cabine do caminhão, visto que era impossível deixar o motor do caminhão ligado toda a madrugada para usar ar-condicionado. Além disso, ele observou o incômodo que era a falta de opções para acondicionar água gelada. Ou mesmo como guardar refrigerado o alimento que seria mais tarde usado no jantar. O resto é história.
Exatos 27 anos depois de sua fundação, a Resfri Ar é a maior fabricante de geladeiras e climatizadores automotivos do país. Sediada em Vacaria (RS), a empresa possui cerca de 1,5 mil pontos de venda no país e exporta para países da África, Ásia, América Latina, América do Norte e Europa. Os climatizadores de ar para caminhões (aqueles que são instalados no teto da cabine), também fabricados para linha agrícola e veículos especiais, são o carro-chefe da Resfri Ar, representando cerca de 60% do faturamento. Figuram ainda entre os principais produtos as geladeiras automotivas e portáteis, que acumulam a função de refrigeração e congelamento, conservando alimentos e bebidas sempre frescos. A ideia é fabricar também toda a a linha de peças plásticas para caminhões.
Se isso é tudo? Claro que não. Após implantar a filosofia lean na produção, o fundador decidiu buscar profissionais para aplicar esse conceito, liderados pelo experiente executivo Carlos Storniolo. Com passagens por grandes empresas como Delphi, NSK e Hoshizaki, ele assumiu a posição de CEO no dia 1º de julho último com uma missão desafiadora: dobrar o faturamento da Resfri Ar até 2028. Cardoso passa a ser Presidente do Conselho.
Storniolo garante ter encontrado ótimas condições para cumprir a meta. “A minha chegada solidifica o processo de profissionalização da empresa, que já havia sido desenhado com a implementação de um novo organograma e a atração de profissionais muito experientes. A agressiva meta trazida pelo nosso fundador é perfeitamente possível. Para isso, as áreas de Aftermarket e O&M estão sendo reforçadas. Também temos planos que passam por melhoria dos produtos existentes e novos produtos estão na pauta. Temos ainda um plano específico para exportação”, explica o novo CEO, já dando algumas pistas que algumas parcerias “muito robustas” com companhias de fora devem impulsionar rapidamente o faturamento da Resfri Ar.
Para o executivo, este é aquele momento singular na trajetória de uma empresa, em que todos os vetores mostram-se favoráveis e apontam para o crescimento. O CEO explica que os processos e a qualidade da manufatura são exemplares, bem como o time de P&D. “Quantos sistemistas brasileiros têm hoje a capacidade de oferecer soluções para OEM, em vez de serem somente demandados com projetos prontos? Todas as montadoras de caminhões já são nossas clientes com os climatizadores. Mas o mercado tem começado a aumentar a procura pelos sistemas de ar-condicionado com acionamento elétrico, ou seja, desvinculados do motor do caminhão. Uma das minhas principais missões é desenvolver essa nova família de produtos, mas que não vai objetivar somente montadoras de caminhão, mas também as máquinas industriais, a linha amarela e toda a família de agro”, antecipa Storniolo.
Entusiasmado, o executivo completa. “Pode escrever: estamos customizando nossos climatizadores para novos tipos de veículos, vamos desenvolver a linha de ar-condicionado, aprimorar a família de geladeiras, bem como criar produtos customizados para outros tipos de veículos. E a cereja do bolo: a Resfri Ar vai se tornar uma legítima multinacional brasileira”, promete. Alguém duvida que conseguirão?