AutoData - O software transforma a Bosch
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29/06/2015

O software transforma a Bosch

Os encontros bienais da Bosch com a imprensa mundial geram expectativas porque esparramam fartas luzes, novidades e tendências, sobre o futuro do automóvel. Ao fim de mais um grande jamboree, que este ano reuniu turmas de mais de trezentos jornalistas durante três dias, ninguém saiu indiferente. Mas alguns deixaram a Alemanha ainda mais surpresos com a constatação de que empresas como a Bosch deixaram de ser apenas sistemistas de autopeças de altíssimo calibre e se transformaram em companhias pesquisadoras e desenvolvedoras de softwares – uma nova vertente de negócios, um outro patamar de capacitações e competências.

Como disse Rolf Bulander, principal dirigente do negócio de Mobility Solutions, “atendemos a toda e qualquer necessidade de nossos clientes. E até nos antecipamos a elas”. Ele também disse que “bits e bytes fazem carros mais eficientes, mais seguros, mais divertidos, mais alegres”.

Essa constatação aparentemente não implica novidade para os que vivem no redemoinho da transformação, mas intimida – e fascina – as testemunhas, como os jornalistas que passaram por Boxberg de 19 a 21 de maio: até onde chegarão as possibilidades nano?, até onde chegarão as capacidades e competências da engenharia? E os sensores?… Mas certamente encantarão aos consumidores à medida que as pequenas revoluções que vêm ocorrendo lhes cheguem às mãos.

Direção autônoma é uma delas, que causa frenesi em quem prefere telefone e novela na hora de ir e vir. Ou funções de assistência remota no estacionamento, que agrada principalmente a gente preguiçosa ou de braço duro. Ou sistema de alerta para emergências à ré, que agrada a qualquer motorista. O mesmo se pode dizer de sistemas de apoio à direção evasiva e de atenção a veículos circulando na mão errada de direção.

Ou, também, veículos dotados de sistemas commom rail diesel e gasolina, injeção direta, gás natural, transmissões CVT, diesel híbrido com recuperação de energia, motores elétricos para híbridos plug-in. Uma farra.

INTERSECÇÃO – No caso da Bosch essas revoluções abrangem três grandes compartimentos que se interseccionam e que se complementam perfeitamente: automação, conectividade e eletrificação, base de todo o seu processo de pesquisa e desenvolvimento, responsabilidade de 39,5 mil dos 205 mil funcionários do setor de soluções para a mobilidade.

“Somos um fornecedor de sistemas”, disse Bulander, “mas isto significa muito mais do que simplesmente freios e injeções. Fornecemos sistemas para a mobilidade completa, incluindo soluções para a conectividade de carros, outros modais e infraestrutura”.

Em 2014 o setor de soluções para a mobilidade, que é o mais importante nos negócios da Bosch, gerou receita de € 33,3 bilhões, um crescimento de 8,9%, 68% do total da corporação –, “mais do que o dobro do crescimento da produção mundial de veículos. E as vendas de produtos como o sistema ESP [sistema de estabilidade eletrônica], que em quinze anos evitaram 50 mil acidentes só na Alemanha, injeção para gasolina e injeção direta no diesel cresceram por volta de 20%”.

Bulander diz que a Bosch pretende, sempre, enxergar o mundo além dos capôs, e que é necessário ver o paralelismo das tendências sociais e tecnológicas:

“Projetar a linha básica das mudanças de longo prazo é apenas metade da questão. A outra é nos prepararmos para a volatilidade em nossos mercados, como demonstrado pelas crises recentes. Há dois cenários: o da globalização do prazer de dirigir com música na nuvem e a globalização ecológica, que deseja o mundo mais verde e adotando legislações de maior rigor”.

Ou seja: os dois cenários levam a dois extremos da escala, uma ecológica e outra uma perspectiva emotiva do ato de dirigir um carro – “e as suas respostas tecnológicas são idênticas”.

Num mundo tão diverso a base do consumo já é dual, então: inovações em mercados maduros e novos padrões nos outros mercados, notadamente os emergentes.

Para tornar isso tudo real, inclusive do ponto de vista comercial, Rolf Bulander recorda que a eletromobilidade “já está aí, às portas”, e que o custo das baterias deverá ser cortado à metade até 2020, “com 3 milhões de pontos de recarga instalados no mundo” – dez vezes mais do que em 2013. E que em 2025 pelo menos 15% dos novos veículos terão motor elétrico. Mas é preciso reduzir os consumos, 10% pelo menos no caso do diesel e 20% no da gasolina.

E observa que a automação se mostra com clareza nos sistemas de assistência à direção, a condução automatizada. Isso significa, segundo ele, “radares e sensores, e é bom lembrar que em 2014 vendemos, pela primeira vez, mais de 50 milhões de sensores num ano só para sistemas de direção assistida”. Este ano o campo de aplicações cresceu: agregou estacionamento remoto, ações em congestionamentos, ações evasivas e diante de tráfego na contramão.
E até o fim do ano haverá a possibilidade de coletar e transmitir informações por meio de ECUs, unidades centrais eletrônicas, para gerar observações visando à manutenção preventiva ou a indicações de maneiras de dirigir mais econômicas – serão pelo menos 200 mil veículos conectados.

“Estaremos presentes, sempre, atendendo a um novo consumidor com novos produtos, que estarão além do próprio carro, como os referentes aos serviços de transportes urbanos.”

Será, isto tudo, suficiente para dar conta das 50 bilhões de, digamos, coisas interconectadas em 2020, de acordo com as projeções da Bosch?


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