AutoData - Peugeot e Citroën terão redes unificadas no Brasil
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19/12/2014

Peugeot e Citroën terão redes unificadas no Brasil

A unidade brasileira da PSA Peugeot Citroën trabalha, há alguns meses, naquilo que batizou de Projeto Y – letra que ilustra bem a ideia da empresa: unir duas vias em uma, ou unificar as operações da rede de concessionárias Peugeot e Citroën, hoje totalmente independentes.

A montadora permitirá que suas quase três centenas de revendas no Brasil – são atualmente 140 casas Peugeot e 160 Citroën no País – compartilhem operações e instalações internas, como setores administrativos e oficinas de pós-venda. Na prática apenas fachadas, entradas, showroom e equipe de vendas terão que necessariamente ser distintas. Repetirá, assim, fórmula já adotada na Europa há algum tempo.

Procurada pela Agência AutoData a montadora confirmou os estudos e afirmou, por meio de nota, que “a estratégia mundial da PSA é contar com três marcas diferenciadas [Peugeot, Citroën e DS], com suas respectivas identidades, posicionamentos, Experiências Cliente e redes de distribuição independentes, inclusive no Brasil. No entanto, atentas às novas necessidades do mercado brasileiro, que sinalizam para a otimização da gestão administrativa e a oferta de ampla cobertura de atendimento, em algumas praças e em situações específicas as marcas do Grupo poderão autorizar o compartilhamento das áreas de back-office, como as oficinas de pós-venda, setores administrativos etc.”

A montadora acrescentou, no mesmo comunicado, que “mesmo nestes casos as entradas, os showrooms de vendas, recepções técnicas e todas as demais áreas de contato com o cliente permanecerão separadas, assim como as equipes de atendimento ao cliente continuarão diferenciadas e devidamente caracterizadas”.

A empresa ainda não esclareceu, contudo, se a unificação dessas atividades implicará na redução de grupos representantes ou dos pontos de vendas, tampouco metas para a iniciativa. A racionalização das atividades das duas redes sem alterar de forma drástica a presença de cada uma das marcas no território nacional, de qualquer forma, é tarefa que demandará estudos, discussões e muita conciliação de interesses, em especial nas maiores praças.

Uma das primeiras regiões a adotar a unificação das redes será o Sul de Minas Gerais. De acordo com fonte ouvida pela reportagem, concessionário de uma das marcas ali quer deixar a bandeira e a casa mais próxima, então, ficaria a cerca de trezentos quilômetros, já no Estado de São Paulo. Como a praça possui também representação da marca co-irmã, de titularidade de grupo distinto, a tendência é a de que este concessionário acumule as operações ali.

Outra fonte, ligada diretamente à rede Citroën, espera que a unificação aconteça de forma ponderada e, ao menos em primeira fase, apenas para eventuais novas casas, mudanças de titularidade de concessionário ou de bandeira, como no caso do Sul de Minas Gerais, e nas cidades do Interior. As revendas já estabelecidas em grandes capitais, acredita a fonte, não deverão passar por grandes mudanças nos próximos anos.

Aviso em Paris – Vendas e participação tímida têm atordoado o dia-a-dia dos executivos responsáveis pela PSA Peugeot Citroën no Brasil. Mais do que isso, os últimos resultados financeiros já fizeram com que a cúpula da empresa, na França, revelasse que espera bem mais da subsidiária em um período muito curto.

Durante o último Salão de Paris, em outubro, Carlos Tavares, CEO do grupo, afirmou ao lado do também português Carlos Gomes, responsável pela América Latina, que a região precisa voltar à lucratividade até 2017. “A PSA já pecou demais ao esquecer que lucratividade é essencial para a continuidade de uma empresa. E isso nos colocou em uma situação dramática.”

Gomes, com certeza, entendeu o recado e já encaminha as primeiras medidas para chegar lá. Ainda que de forma discreta, sabe-se que toda a estrutura da empresa passa por processo de enxugamento, com cortes de cargos, vagas e até alterações de funções – seja na fábrica de Porto Real, RJ, no centro administrativo de São Paulo e na sede do Rio de Janeiro.

Peugeot e Citroën responderam, somadas, por 2,9% do mercado interno de automóveis e comerciais leves de janeiro a novembro, com 86,7 mil veículos emplacados segundo dados da Fenabrave – média, portanto, abaixo de trezentas unidades vendidas por concessionária em onze meses. No mesmo período de 2013 as duas redes negociaram 111,6 mil veículos: a retração das vendas PSA, assim, beirou os 25% no comparativo anual, enquanto o mercado interno recuou 8% na mesma análise.

Os números ganham maior dramaticidade quando se sabe que o atual ciclo de investimentos da PSA no Brasil, R$ 3,7 bilhões, se encerrará em 2015. Boa parte foi consumida no lançamento de produtos, como os novos Citroën C3, Peugeot 208 e o futuro 2008 nacional, a ser lançado no primeiro trimestre do ano que vem, além do aumento da capacidade produtiva de Porto Real para 220 mil veículos ao ano.


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