O horizonte enxergado por Dimitris Psillakis, diretor geral de automóveis da Mercedes-Benz, não é nem um pouco parecido com o de seus colegas de setor. Enquanto executivos se desdobram para fechar as contas, ajustar excesso de estoque e minimizar o impacto da queda nas vendas de veículos no mercado local, o grego que desde 2009 mora no Brasil briga para conseguir mais modelos para as concessionárias da marca.
Segundo Psillakis o crescimento de 20% das vendas de automóveis Mercedes-Benz no primeiro trimestre foi prejudicado por falta de produtos. “Poderíamos ter crescido mais”, lamentou o executivo em entrevista exclusiva para a Agência AutoData durante a apresentação de três versões do GLA à imprensa.
O utilitário esportivo, um dos modelos a serem produzidos na futura fábrica de Iracemápolis, SP, será responsável por cerca de 30% das vendas locais de automóveis da companhia neste ano. Vendas que, segundo projeções de Psillakis, serão recordes, mais uma vez. Confira.
Como a alta do dólar afetou as importações de veículos Mercedes-Benz?
O dólar nos afeta como afeta a todos no dia-a-dia. A Mercedes-Benz tem um negócio bem ajustado no País, além de importar automóveis também exportamos caminhões, o que ajuda a balancear e minimizar os efeitos. Existem também dois fatores, o dólar e o euro, então podemos usar as fábricas da Alemanha e dos Estados Unidos, se for necessário. A alta do dólar traz um impacto forte nos nossos negócios, sim, mas não chega a ser direto.
Como foi o primeiro trimestre para o segmento de veículos premium? E para a Mercedes-Benz?
Para a Mercedes-Benz o primeiro trimestre foi bem bacana, crescemos mais de 20% nesses primeiros três meses, comparado com o mesmo período de 2014. E eu diria que poderíamos ter crescido até mais, porque a fábrica não nos entregou o volume encomendado. O nosso desempenho deu uma força ao segmento premium, que cresceu 10% no trimestre, o que é bastante motivador, uma vez que o mercado total teve queda de 17%. É o resultado dos investimentos que as marcas vêm fazendo do País, abrindo novas concessionárias, apresentando novos produtos e dando mais opções aos clientes, como os programas de financiamento.
Qual a expectativa para as vendas do segmento e para a Mercedes-Benz em 2015?
O segmento premium vai crescer. Talvez não no nível que esperávamos em 2014, 2013, quando fizemos os nossos planos, mas continuará crescendo. A Mercedes-Benz crescerá acima do mercado e ganhará participação, porque terá um ano cheio de novidades, de viabilidade de produção. Teremos desempenho superior ao do segmento e um novo recorde de vendas. E vamos continuar investindo, porque nosso plano de longo prazo é estabelecer um diferente patamar no País.
Vocês têm uma meta de participação de mercado no segmento?
Nós temos hoje em torno de 30% de market share dentre as três principais marcas do segmento premium [Audi, BMW e M-B]. Já ganhamos participação na comparação com o ano passado e a tendência é ganharmos mais no decorrer do ano. Não costumo falar qual é a nossa meta, mas queremos crescer proporcionalmente mais do que as outras marcas.
Em que estágio estão as obras da fábrica em Iracemápolis? O cronograma está sendo cumprido?
Está tudo dentro do cronograma, que é muito apertado e constantemente pressionado por fatores externos, como necessidade de licenças, as condições climáticas, etc. Mas estamos cumprindo o prazo. Em fevereiro fizemos o evento da pedra fundamental e concluímos todas as obras de terraplanagem. Agora estamos na etapa de construção dos prédios e já obtivemos todas as licenças necessárias.
As obras de construção dos prédios tomarão mais quantos meses?
A previsão é que acabe no último trimestre deste ano, quando entraremos na fase de preparação de produção. Os primeiros veículos sairão da nova fábrica no primeiro trimestre do ano que vem.
E quais serão os primeiros modelos?
Classe C será o primeiro. O GLA entrará na linha em torno de seis a sete meses depois e será o nosso segundo passo nessa fábrica.
A Mercedes-Benz ampliará sua rede de concessionárias este ano?
Vamos ampliar, sim. Já no ano passado inauguramos dez concessionárias, vamos inaugurar três em abril e temos planos de abrir outras três até o fim do ano. Vamos crescer e ampliar nossa cobertura, apoiado por esses novos modelos que estão tendo sucesso no mercado local.
Qual será o tamanho da rede quando a fábrica for inaugurada?
Esperamos ter mais do que cinquenta concessionárias, talvez 55, no começo de 2016. Vamos crescer a rede de acordo com o nível de vendas, é um plano que sempre vem sendo ajustado.
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