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19/06/2015

Iveco: força em nacionalização, processos e desenvolvimento.

Por Décio Costa

- 19/06/2015

A Iveco pormenorizou os planos para R$ 650 milhões de investimento no Complexo Industrial de Sete Lagoas, MG, até 2016. O objetivo da fabricante de caminhões da CNH Industrial é reforçar sua competitividade no mercado brasileiro por meio do aumento da nacionalização de componentes, aperfeiçoamento de processos com foco na qualidade, além de pesquisa e desenvolvimento.

“As aplicações ocorrem desde o ano passado”, assegura Marco Borba, vice-presidente da companhia para a América Latina. “Devemos ter consolidado em torno de 25% com lançamentos, processos, homologações de fornecedores e campo de provas.”

Do total dos recursos, R$ 250 milhões serão utilizados para o aumento de nacionalização de componentes. A ação, além de fortalecer a eficiência dos processos produtivos, permite minimizar os efeitos da valorização do dólar, segundo Borba. “Os produtos Iveco, em média, já possuem 60% de nacionalização, mas ainda há muitos componentes vindos de fora que atualmente afetam a competitividade.”

De acordo com o vice-presidente, o plano da empresa é aumentar o índice de nacionalização dos veículos até chegar a 80% a 90%, a depender da linha de produto. “No planejamento há duzentos itens para serem localizados, principalmente os de maior valor, como cabines e suspensão.”

Fundamental na busca por maior nacionalização será o início das atividades de condomínio de fornecedores, em terreno de 257 mil m² ao lado da fábrica mineira, em processo semelhante ao que a Fiat fez em Betim, MG, no passado. No empreendimento já foram investidos R$ 16,2 milhões com obras de infraestrutura e, dos vinte lotes disponíveis, oito já estão reservados. Borba prefere ainda não revelar os nomes dos parceiros, mas calcula que “o distrito industrial representará aumento de 10% a 15% no número de fornecedores mineiros e também deverá atrair empresas de fora do País”.

Outra porção do investimento, de R$ 160 milhões, será destinada às melhorias nos processos produtivos com aquisição de novas ferramentas e tecnologias. Estão no pacote bancadas para instalação de chicote, robôs para a cabine de pintura, dispositivos de abastecimento de fluidos que garantem segurança conta vazamentos e, para breve, a inauguração de um campo de provas para validação dos veículos, onde foram aplicados R$ 24 milhões.

“Temos um novo padrão de desenvolvimento de produtos, com capacidade para testar e avaliar toda linha de produtos Iveco, dos semileves aos veículos de defesa.”

Os R$ 240 milhões restantes do investimento total ficam para a área de pesquisa e desenvolvimento. Por esta frente, antes de novos lançamentos a montadora coloca ficha no aprimoramento de seus produtos, no esforço de oferecer modelos mais econômicos e que garantam maior disponibilidade ao transportador. “Diversos itens já estão sendo trabalhados”, conta Ricardo Barion, diretor de marketing da Iveco para a América Latina. “Há muitas oportunidades em produtos vocacionais.” Nesta cesta o diretor lembra novas versões de transmissões e o quarto eixo direcional, “uma tendência de mercado”.

A rede Iveco também não passará incólume ao ciclo de investimento. Um novo Centro de Treinamento da CNH Industrial, em Sorocaba, SP, passa a reforçar a capacitação profissional do pós-venda com cursos técnicos nas áreas comercias e gerenciais. “Nossa meta é reduzir o índice de falhas, além de abreviar o tempo do veículo parado na concessionária”, revela Barion.

O diretor de marketing ainda lembra que a Iveco reestuda o mapa de atendimento da rede, hoje com 96 endereços. “O número de pontos não traduz necessariamente o melhor atendimento”, acredita Barion. “Estamos realizando estudo no sentido de fechar pontos, abrir outros e até passar casas para outros grupos econômicos. Estamos em diálogo com a rede na busca por novas alternativas. O modelo dual brand em casas da CNH é um exemplo.”

Com o investimento o vice-presidente da Iveco acredita em um empurrão na participação da montadora no mercado de caminhões, atualmente em torno de 8%. “A Iveco tem todas as condições de ter 10% ou mais do mercado, pelos produtos e investimentos já feitos. Não é aceitável abaixo disso, portanto, temos uma lição de casa a fazer. A expectativa é até mesmo superar os 10%.”

Desde que reiniciou atividades no País, em 1997, a Iveco persegue os 10% do mercado de caminhões. Embora não possa falar pelo passado recente da empresa, Borba admite uma expectativa de mercado à época muito maior do que se vê hoje em dia.

“Talvez também na pressa de cumprir com os objetivos programados, alguns lançamentos não foram adequados ao momento, não estavam alinhados com as necessidades do cliente. Hoje é diferente, temos condições de entregar o caminhão que o cliente quer.”

EXPORTAÇÕES – O mercado de caminhões não está fácil para nenhum dos competidores. O vice-presidente da Iveco, no entanto, enxerga com olhos mais otimistas o segundo semestre, muito em virtude da competitividade que o produto brasileiro alcançou com a desvalorização do real. Desde o final do ano passado a empresa já encaminha conversas mais firmes com mercados além da Argentina e Venezuela, parceiros tradicionais da fabricante mineira.

Segundo Borba, A partir de 2015 o volume de exportações da Iveco deve chegar a 1 mil unidades/ano fora do eixo Argentina-Venezuela. A expectativa é enviar do Brasil de duzentas a 250 unidades por mês para outros mercados da América Latina. “Quando se consegue equilibrar preço, as oportunidades para os produtos brasileiros surgem. As exportações estão mais elevadas, conquistando fatia importante do produto italiano.”