Os bancos de montadoras têm liquidez e dinheiro disponível para emprestar, mas faltam consumidores interessados em entrar em planos de financiamento. Essa foi a declaração – de certa forma surpreendente – de Décio Carbonari, presidente da Anef, durante apresentação que encerrou o Workshop AutoData Tendências Setoriais – Automóveis e Comerciais Leves, no fim da tarde de segunda-feira, 25, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo.
Supreendente porque a sensação do mercado, geralmente transmitida por varejistas e executivos de montadoras, é justamente a oposta: os clientes procuram os bancos, mas suas fichas são recusadas.
Carbonari explicou: “Nos bancos de montadoras [representados pela Anef] não houve mudança nas análises de fichas. É verdade que historicamente sempre fomos mais conservadores, mas a visão que temos hoje é a que faltam clientes”.
O presidente da Anef explicou que os bancos de varejo, como Itaú e Bradesco, reduziram seu apetite no setor automotivo nos últimos anos, atitude que fez as promoções agressivas com prazos longos praticamente sumissem do mercado. O fato abriu também espaço para os bancos de montadoras crescerem.
Mesmo assim o saldo da carteira de financiamentos do setor apresentou queda de 9,4% em março, para R$ 192,7 bilhões. Segundo o dirigente da Anef a tendência é pela continuidade deste quadro, acompanhando o mercado de veículos que caiu nos últimos dois anos.
“Primeiro vem a redução do mercado e só depois a do saldo da carteira. No nosso segmento o impacto da queda é diluída.”
Para Carbonari o desempenho do mercado em 2015 poderá ser inferior ao projetado pela Anfavea e Fenabrave: o executivo acredita em vendas na casa de 2,5 milhões de automóveis e comerciais leves, mantendo o ritmo do primeiro quadrimestre.
Ele, entretanto, salientou que “é difícil projetar, mas enquanto não cessar a queda no desemprego e da renda média do trabalhador não há como pensar em retomada”. Para o presidente da Anef, “ainda não chegamos no fundo do poço”.
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