De janeiro a junho o mercado de caminhões caiu 42,3% com relação ao primeiro semestre do ano passado, mas a queda foi superior nos segmentos semipesado, 43%, e pesados 61,4%, exatamente aqueles em que a Scania oferece seus produtos. As vendas da companhia caíram 63,5% no período, de 6,9 mil caminhões para pouco mais de 2,5 mil unidades.
A participação da fabricante sueca no mercado nacional – considerando apenas os segmentos em que compete –, que chegou a 19% há dois anos, bateu nos 12% no primeiro semestre. Ainda assim dentro da média histórica da marca, de acordo com Victor Carvalho, diretor de vendas de caminhões da empresa.
Em entrevista à Agência AutoData durante o lançamento do R 440 na configuração 8×2, na fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, SP, o executivo, evitando falar em números, traçou sua previsão de panorama para a indústria nos próximos meses e avisou: o mercado precisa acostumar a caminhar sem subsídios.
Quais são as suas projeções para o mercado de caminhões até o fim do ano? Já dá para traçar alguma expectativa para o ano que vem?
Falar de expectativa é um pouco complicado neste momento. A indústria como um todo passou por um primeiro semestre difícil, o mercado caiu mais de 50%. Daqui para frente é difícil prever. Não falamos em números, mas esperamos que esse cenário de ajuste fiscal passe, a economia e o mercado comecem a se recuperar e o consumidor volte a ter confiança em investir. Quando isso ocorrer, o mercado de transportes se recupera rapidamente, porque ele está muito conectado com a economia. É um ano desafiador.
E a Scania? Como estão os negócios em 2015?
A Scania pretende pelo menos manter a sua participação histórica de mercado. No primeiro semestre caímos de 15% para 12% nas vendas de modelos acima de 16 toneladas, muito porque nos últimos anos os frotistas compraram muito – e a Scania tem uma posição muito forte nos frotistas – e este ano eles saíram do mercado. 2015 está tendo basicamente um mercado de varejo. Começou com muito estoque, principalmente da concorrência, e provocou muita oscilação de preços no primeiro semestre. A Scania não trabalha com estoque, procura ficar próxima aos clientes para buscar entender as necessidades e tentar ajuda-los com soluções diferentes, como esse conjunto 8×2, e acaba deixando um pouco o market share de lado. Mas estamos com iniciativas para manter pelo menos nossa média histórica que é ao redor destes 12%. Não estamos descontentes, mas claro que há espaço para crescer no varejo, com pequenos e médios clientes.
Quando você acha que a economia brasileira vai retomar?
Bem difícil falar. O primeiro semestre de 2016 ainda será difícil, acreditamos que a partir do segundo semestre de 2016 passaremos a ter movimentos mais efetivos do mercado, quando passar essa maré de ajustes do governo. Mas o mercado precisa entender que não pode viver de subsídios, o modelo já está esgotado. O mercado precisa movimentar por si só, acompanhando a economia. Quando ela começar a se recuperar, o mercado de caminhões acompanha.
O lançamento do R 440 8×2 ocorre em um momento de baixa do mercado. Qual sua expectativa de vendas para ele?
É um momento de lançar alguma coisa? Sim, para a Scania é o momento, devido à alternativa que estamos trazendo ao mercado. Apesar do momento atual, é uma oportunidade para o cliente reduzir seu custo operacional. Acreditamos que nesse primeiro ano cerca de 5% a 10% do nosso volume de vendas total seja do 8×2, com migração de cerca de 15% do público 6×2 e 6×4 para esta nova configuração.
Desses 5% a 10%, alguma coisa seria adicional ao volume da Scania?
Buscar volume adicional é buscar novos clientes, mais participação de mercado. Essa solução é mais uma alternativa interessante para o cliente, que pode ser provocado a adquirir um modelo que não existia no mercado. É pensar, fazer conta e investir: se está rodando com um 6×4 bitrem com uma eficiência não muito boa, ou com um rodotrem também com pouca eficiência, por que não investir numa solução que vai trazer economia no custo operacional? É nisso que a Scania acredita: é uma solução que vai trazer efetividade e competitividade ao cliente.
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