A ThyssenKrupp inaugurou na manhã da quinta-feira, 29, uma moderna fábrica de componentes automotivos em Poços de Caldas, MG. A crise do mercado automotivo nacional, que registra retração superior a 20% este ano, não freou os planos da companhia alemã, embora tenha reduzido pela metade o projeto original.
Desenhada para atender à demanda da Volkswagen, a unidade produz eixos de comando de válvula integrados à tampa do cabeçote do motor. Inicialmente o volume estimado era de 1 milhão de unidades por ano, abrangendo toda a linha de motores produzidos pela montadora em São Carlos, SP. O cenário de demanda reduzida, porém, fez a fábrica encolher: foi inaugurada com capacidade para produzir 500 mil peças.
Nada que assuste Michael Höllermann, CEO da ThyssenKrupp na América do Sul: “O Brasil sabe lidar com altos e baixos do mercado. Acredito que em dois ou três anos a demanda retorne. Só resta saber se será algo rápido ou um crescimento mais orgânico”.
O investimento de R$ 60 milhões foi decidido há cerca de dois anos, na esteira dos planos de modernização dos motores da Volkswagen. A tecnologia empregada no componente, que integra os eixos de comando de válvula à tampa do cabeçote em uma só peça, é inédita no Brasil – e empregada em apenas outros dois mercados pela ThyssenKrupp: Alemanha e China.
“É um conjunto mais leve, forte e eficiente”, explicou Sven Sitte, gerente de projetos e responsável pelo projeto da fábrica no Brasil. A redução no peso chega a 40%, o que colabora para menores consumo de combustível e emissões de poluentes. “A peça ficou também mais compacta. Hoje as montadoras buscam mais espaço, reduzindo o tamanho do motor, e contribuímos com isso.”
Sitte garantiu que muitos componentes são produzidos localmente e outros, embora ainda importados, já estão em desenvolvimento com fornecedores. Não soube precisar a porcentagem de conteúdo nacional, mas garantiu que a busca é por reduzir a importação, até pelo efeito negativo que o câmbio proporciona atualmente.
Por outro lado, o real valorizado pode colaborar para expandir a produção da fábrica. Indagado sobre a possibilidade de exportar para outros mercados, o gerente afirmou: “Seguimos os consumidores. Se acharem que a fábrica brasileira atende melhor as necessidades forneceremos a partir dela”.
Höllermann disse também, sem fornecer pormenores, que negocia com outros potenciais clientes. E citou a localização da fábrica – no Sul de Minas Gerais, próximo ao Interior paulista, não muito distante de Betim e do Rio de Janeiro – como um trunfo na hora de fechar negócio.
Nova revolução industrial – A fábrica de Poços de Caldas foi desenvolvida dentro do novo conceito chamado Indústria 4.0. Segundo Höllerman, trata-se da quarta fase da revolução industrial: a primeira foi a chegada das máquinas a vapor, a segunda a produção em série e a terceira a introdução dos computadores.
Na unidade recém-inaugurada todas as etapas de produção estão conectadas e mapeadas. Cada peça recebe uma identificação própria, uma espécie de QR Code, que é capaz de identificar todos os processos pelo qual ela passou. Cada etapa de produção é monitorada por sensores e a peça só vai para o próximo passo após a aprovação do sistema de controle
Isso significa, na prática, mais qualidade, segundo Sitte: “Caso haja algum problema no processo, paramos a linha na hora”.
Muito mecanizada – são apenas sessenta funcionários para produzir meio milhão de peças –, a produção conta com robôs de alta precisão e grande flexibilidade.
É a sexta fábrica de componentes automotivos da ThyssenKrupp no Brasil. Além de Poços de Caldas, a companhia produz em Ibirité e Santa Luzia, MG, São José dos Pinhais, PR, Campo Limpo Paulista, SP, e São Paulo, Capital. Segundo Höllermann a companhia manteve seu quadro de funcionários mesmo com a queda na demanda, fazendo uso de jornadas reduzidas e adoção ao PPE – as unidades de Ibirité e São Paulo aprovaram a entrada no plano do governo federal.
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