AutoData - Jeep quer sair na frente quando sustentabilidade for argumento de compra
Meio Ambiente
30/08/2019

Jeep quer sair na frente quando sustentabilidade for argumento de compra

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Foto Jornalista  Leandro Alves

Leandro Alves

Goiana, PE — A FCA não se cansa de dizer que a fábrica Jeep de Pernambuco é a mais moderna do grupo. Não apenas a eficiência ao produzir 1 mil unidades/dia de Renegade e de Compass e de Fiat Toro explicita essa afirmação mas, sobretudo, a inteligência e a dedicação ao lidar com todos os desafios que uma operação industrial impõe. Dos problemas mais complexos ao papelzinho que por um descuido cai no chão da linha de montagem. Nada ali está posto ao acaso e para tudo há espaço para melhorias.

Essa é a vantagem ao conceber um complexo industrial do zero sob os conceitos 4.0. Ainda mais desbravando uma região automotiva praticamente virgem. Por tudo isso algumas práticas e atitudes em Goiana saltam aos olhos. Por exemplo o manejo dos recursos que formam o tripé de produção automotiva — consumir energia, consumir água e gerar resíduos — é tratado com a maior prioridade por equipes especializadas.

Ok, a esta altura o leitor atento deve estar pensando: “Qual a novidade se a indústria automotiva se destaca ao cumprir todas as legislações sobre gestão desses recursos?”. É justamente aí que se diferencia a fábrica de Goiana e muitas de suas diretrizes sobre esses recursos, além da capacitação do seu pessoal para atuar de forma pró-ativa quando demandado.

A gerente de sustentabilidade para América Latina, Luciana Costa, esclarece que “essa caminhada rumo ao desenvolvimento sustentável exige planejamento e estratégia. Não são ações pontuais, mas um processo de gestão com visão de longo prazo e metas claras para todos, da diretoria ao chão de fábrica. E aqui estamos todos engajados em colaborar com soluções, co-criando um ambiente e um mundo cada dia melhor”.

 

 

Sustentabilidade – Vamos abordar diversas iniciativas a partir de agora. Como neutralizar as emissões de gases efeito estufa na produção automotiva. A Jeep em Goiana é pioneira na indústria automotiva na América Latina e envolveu as pessoas que trabalham na produção para criar soluções. São diversas ações em todas as áreas e, desde 2017, o complexo possui a certificação Carbono Neutro. Por causa dessas práticas, obsessão por assim dizer, a unidade reduziu em 45% a energia necessária para produzir um veículo.

 
A Zona da Mata Norte, região de Pernambuco onde se localiza a fábrica é, em realidade, um imenso canavial. Pois a FCA, de forma voluntária, decidiu mudar a paisagem com a criação de um viveiro de mudas de plantas da Mata Atlântica. Desta iniciativa está surgindo um corredor verde no entorno do complexo, mudando radicalmente a paisagem de monocultura da cana. Com as 100 mil árvores de 295 espécies diferentes plantadas — muitas delas em extinção, como o pau-brasil — outros seres vivos além dos carcarás e das serpentes foram avistados por ali. Dezenas de pássaros, tamanduás e jaguatiricas retornaram ao seu antigo habitat com o investimento na natureza.

 

“É uma das mais relevantes iniciativas de conservação da Mata Atlântica do País. Hoje o Polo Automotivo Jeep é, também, uma fábrica de mudas”, orgulha-se Danúbia Lima, responsável pelo programa. São produzidas anualmente 88 mil mudas e o objetivo é chegar em 2024 com o plantio de 208 mil árvores e a criação de 304 hectares de área verde e corredores ecológicos.

 

Lixo é coisa séria na fábrica da Jeep e, como já foi dito nesta reportagem, nenhum papelzinho que cai no chão é abandonado. Todos os materiais recolhidos — são mais de cinquenta tipos de resíduos secos gerados em toda a operação, como papel, papelão, isopor, madeira e plástico, por exemplo — são processados em uma doca específica com 3 mil m2 de área construída. Ali 82 pessoas preparam mais de 14 mil toneladas ao mês. Esses resíduos são negociados com recicladoras gerando receita suficiente para pagar o custo fixo da operação.

 

Desde que foi inaugurada, em abril de 2015, houve um avanço no tratamento de efluentes. A fábrica partiu com 90% da água tratada e hoje 99,5% passam pela estação de tratamento de efluentes. O trabalho de doze pessoas em três turnos e uma estrutura enorme que trata todos os resíduos biológicos e industriais proporciona economia de R$ 271 mil/mês evitando a utilização da água da rede pública. A cada 60 minutos 210 milhões de litros de água passam pela estação e depois voltam ao sistema do complexo para ser reutilizado. O lodo gerado nesse processo é levado para empresa especializada em tratar esse material.

 

O leitor que chegou até aqui pode estar novamente pensando: “Não fazem mais do que a obrigação”. É verdade. Porém o conjunto de iniciativas e muitas das diretrizes ambientais praticadas em Goiana não encontram similares em muitas fábricas no Brasil. E está nascendo um consumidor que enxerga valor nas empresas que praticam a sustentabilidade. A verdadeira sustentabilidade, não aquela que habita há tempos os departamentos de marketing das companhias. E como tudo isso é um processo de longo prazo, ganhará o respeito desse consumidor quem largar na frente.

 

Foto: Divulgação.