São Paulo – Se até 2030 o Brasil não estará livre do petróleo será preciso cortar dramaticamente as emissões e sequestrar carbono da atmosfera. Os relatórios mais recentes do IPCC, sigla em inglês de Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, indicam que o jeito mais barato e rápido de solucionar isso é plantar floresta. Esse é um dos papéis da Fundação SOS Mata Atlântica: ser o Tinder da indústria e os proprietários de terra que querem restaurar suas fazendas.
Sob o comando do diretor executivo, Luiz Fernando Guedes Pinto, a Fundação participou do painel Os Desafios da Restauração dos Ecossistemas e a Importância para o Futuro do Planeta, durante o Seminário Megatendências 2023 – O Novo Brasil, organizado pela AutoData Editora.
“Para a indústria a descarbonização é a substituição do combustível fóssil por outras fontes de energia. Isso vai acontecer progressivamente, mas em um ritmo que não tem a velocidade que a gente precisa. Por isso, a missão da indústria é incentivar o plantio de floresta”.
Ele cita a parceria que a entidade tem com a Fundação Toyota. “Trabalhamos com eles numa área que é de proteção ambiental, fortalecendo as unidades de conservação que já têm Mata Atlântica para que as árvores, florestas e ecossistemas que estão lá continuem íntegros.”
A importância dos serviços ecossistêmicos para a indústria também foi abordada. A empresa precisa saber de onde vem, por exemplo, a água e sua energia elétrica. “O que elas podem fazer é contribuir para preservar, com suas iniciativas ambientais, e fomentar a restauração de rios e nascentes em seu entorno para garantir água no futuro à sua comunidade e à sua fábrica”.
Guedes Pinto também analisou a importância dos biomateriais prospectados e já utilizados pela indústria automotiva: “Esse serviço ecossistêmico da biodiversidade é preciso ser encarado em suas várias dimensões e onde muitas soluções de materiais para o futuro estão não só na Amazônia como na Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidades do mundo e também mais ameaçados. Então, proteger essas áreas que sobraram e plantar floresta talvez seja pensar também em soluções para as indústrias no futuro, a um custo menor.”
A Fundação SOS Mata Atlântica possui o programa de restauração chamado Florestas do Futuro, que alia o interesse de empresas que querem plantar, mas não sabem onde e como. A entidade, por sua vez, faz o contato com donos de propriedades que querem fazer a restauração e não têm dinheiro para isso.
“Pode parecer trivial, mas não é. Oferecemos a restauração de graça e muitos não aceitam. Assim que conseguimos o aval dos dois lados, desenvolvemos o projeto técnico e implantamos floresta. É um projeto de 5 a 8 anos, que tem um planejamento técnico, e o qual monitoramos e só entregamos quando o plantio atinge um grau de saúde que a gente tem certeza que vai virar uma floresta, se reproduzir e atrair uma fauna”.
Por fim, o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica afirma que há uma grande preocupação das ONGs da sociedade civil em relação à ESG das empresas. “Algumas já entenderam e levam a sério, mas há muita empresa que patina para entender seu papel e como se organizar para isso não só em seus negócios, mas em sua cadeia produtiva, em seu entorno. Qual impacto que ela gera na sociedade?”.
Daqui para a frente ela tem que entregar seu serviço ou produto, precisa gerar prosperidade e contribuir para essa regeneração dos ecossistemas para diminuir as desigualdades e ter uma sociedade mais justa.
“O ESG é muito mais do que olhar o quanto gasta de água, consome de papel, se apoia os colaboradores a fazer uma universidade. Isso é dever de casa. O olhar deve ser mais amplo e profundo, entender que ela faz parte de um sistema e como ela impacta esse sistema”.