AutoData - Ford direciona esforços para além do automóvel
Tecnologia
10/01/2020

Ford direciona esforços para além do automóvel

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Foto Jornalista  Leandro Alves

Leandro Alves

Las Vegas, Nevada – Já faz algum tempo que a Ford tem direcionado esforços para áreas que não apenas o desenvolvimento e a produção de veículos. Tapete para ajudar cadeirantes a chegar às calçadas e até uma tecnologia que evita a invasão de dorminhocos espaçosos numa cama de casal são alguns dos exemplos. Claro, há também muita coisa diferentona para o veículo, como uma tecnologia que evita que insetos sejam atropelados pelos carros, uma solução que contribuirá para os sensores dos futuros dos carros autônomos.

 

Na CES, Consumer Eletronic Show, principal feira da indústria de tecnologia do mundo, foi mostrada uma iniciativa que aparentemente já contribui para o ecossistema da mobilidade. A maior novidade: esse serviço poderá ser comercializado em um futuro não tão distante.

 

Uma maquete do centro da cidade de Ann Arbor, Michigan, apresenta o Ford’s City Insights Platform no estande da CES de 2020. Por meio de monitoramento a Ford reúne quase todas as informações do comportamento de tráfego de pedestres, ciclistas, automóveis, ônibus e caminhões. Hardwares com inteligência artificial podem gerar procedimentos que resolvem problemas como acidentes frequentes, falta de vagas para estacionamento e até congestionamentos em horários de pico.

 

De acordo com Bill Frykman, diretor de inovação e mobilidade da Ford, há um grande potencial no futuro para comercializar essa solução: “Estamos trabalhando seriamente com cidades e haverá oportunidades financeiras”.

 

A ordem para ousar e criar soluções diferentes não apenas para os veículos partiu do próprio Bill Ford, herdeiro de Henry Ford. Segundo Frykman, Ford, atual chairman da companhia, acredita que “o modelo de mobilidade que temos hoje não vai funcionar no futuro. Não se trata apenas de colocar carros inteligentes na rua, é preciso um mundo inteligente e isso significa trabalhar com as cidades”.

 

Atualmente essa plataforma de inteligência da mobilidade está sendo aplicada e desenvolvida em diversas cidades além de Ann Arbor: Detroit, Pittsburgh, Indianapolis, Austin e na Cidade do México, que registra um dos trânsitos mais caóticos do mundo. O objetivo é criar um modelo computacional que possa lidar com tantos dados sobre o fluxo de movimentação numa cidade e que seja capaz de oferecer soluções para todos os problemas.

 

Com funciona – Um poderoso algoritmo foi criado pela Ford a partir do monitoramento das câmeras do centro de Ann Arbor. Essa informação foi cedida pela sua Prefeitura, que estabeleceu parceria com a Ford. Monitorando o trânsito por 24 horas foi desenvolvido um modelo preditivo do comportamento do fluxo de pessoas e de veículos. A partir daí está sendo possível agir em pontos mais sensíveis do Centro da cidade. Esses pontos são chamados de hotspots.

 

 

Para reduzir o número de situações de possíveis acidentes a Ford também está utilizando veículos conectados. Eles são importantes para mostrar o comportamento dos motoristas nessas situações. E também serão peça relevante no futuro, pois a ideia é conectar veículos com as ruas e as estradas.

 

Os carros conectados geram informação de freadas fortes perto dos hotspots. Isso aconteceu perto de hospitais e do estádio da cidade. Essa informação gerou ação: houve mudanças na localização do sinais de trânsito e também na programação do intervalo dos semáforos. Espera-se que assim os hotspots possam aparecer no sistema com a cor verde e não a vermelha, que identifica que há ocorrências frequentes por ali.

 

Outro problema comum a todas a cidades – e também em Ann Arbor, pois nos últimos vinte anos houve um crescimento populacional de 400% – são os congestionamentos. Especialmente nos horários de pico: pela manhã e um congestionamento mais prolongado no fim da tarde.

 

Compreendendo essa dinâmica, que recebe a contribuição da dificuldade de as pessoas encontrarem locais para estacionar seus carros, a Ford sugeriu a criação de transportes com vans para os deslocamentos no Centro da cidade. Assim, segundo os dados apresentados na CES, houve redução de 6% nos congestionamentos. E também a possibilidade de reduzir de oito a doze vagas de estacionamento na região central, “direcionando grandes investimentos na construção de estacionamentos para ações que melhorem a vida das pessoas”, disse Bill Frykman.

 

Essa nova tecnologia da mobilidade também já apresenta alguns resultados que podem convencer os gestores das cidades a pagarem para utilizar o sistema quando estiver totalmente desenvolvido.

 

Segundo Frykman, em Ann Arbor, atuando nos 25 piores cruzamentos, seria possível uma redução de custos de US$ 6 milhões ao ano para a sociedade com a redução de acidentes, E, mais importante: podendo salvar muitas vidas.

 

Fotos: Divulgação, Leandro Alves.