São Paulo — O mercado de reposição de autopeças deverá manter em 2021 a aplicação ostensiva de canais de vendas online, tendência que passou a ganhar corpo durante a pandemia no ano passado em meio ao contexto do aumento da demanda por manutenção veicular e fechamento do varejo físico. "Nossa projeção é de que ganham ainda mais força os canais digitais neste ano, que foram aprimorados e, principalmente, foram assimilados pelo consumidor, que passou a comprar mais produtos via internet", disse Roberto Fantoni, consultor da McKinsey.
Ainda que as lojas físicas desepenhem papel importante no modelo de negócio, disse o consultor, os canais digitais se consolidaram e deixaram de ser uma opção paliativa para se tornar, de fato, uma ferramenta comercial relevante na reposição.
"Também compartilhamos desta visão e com certeza o e-commerce de partes e peças é um caminho sem volta", disse Delfim Calixto, vice-presidente de aftermarket da Bosch. "As principais empresas do setor deverão direcionar investimentos na ampliação do alcance das ferramentas online."
A Bosch, assim como outras fabricantes de componentes de reposição, por exemplo, consolidou oferta do Mercado Livre — principal plataforma de e-commerce no mercado brasileiro em termos de tráfego de usuários e abrangência de produtos. O aumento das vendas online, inclusive, resultou em maior movimentação de carga rodoviária no País — de acordo com o IFPR, o Índice de Frete e Pedágio Repom, a alta de 7,8% no trágefo no ano passado, na comparação com 2019, se deveu às demandas do e-commerce durante a pandemia.
Mas há desafios diante do aumento dos negócios online. De acordo com Francisco Della Torre, presidente licenciado do Sincopeças "o principal deles é a infraestrutura e o acesso à tecnologia que a rede varejista precisa ter para dar suporte aos pedidos. Hoje isso não se faz sem investimentos e racionamento dos recursos".
Gerson Prado, diretor da Andap, a Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças, seguiu na mesma linha: "O momento é de gestão racional dos recursos, mas não poderemos falar de futuro sem que se fale em investimentos em tecnologia".
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