São Paulo – As últimas projeções da CNH Industrial indicam que os gastos com as compras de matérias-primas, peças, componentes e serviços de seus fornecedores deverão ser de 30% a 40% superiores aos de 2020, quando investiu cerca de US$ 1 bilhão. O diretor de compras para a América do Sul, Claudio Brizon, afirmou que o bom momento do agronegócio tem puxado a demanda por máquinas agrícolas e, indiretamente, por caminhões. Há boas perspectivas, também, em infraestrutura, o que alavanca a busca por equipamentos de construção e veículos comerciais.
“Desde agosto do ano passado o mercado vem subindo muito forte”, disse Brizon, em entrevista a pequeno grupo de jornalistas antes do anúncio do Supplier Excellence Awards, que reconheceu os melhores fornecedores de Case, New Holland, FPT Industrial e Iveco em 2020. “Conseguiu reverter a queda do primeiro semestre, o que nos possibilitou empatar o gasto em compras com 2019. E segue muito forte neste começo de 2021, quando estamos tentando equilibrar a demanda com a capacidade de receber as peças.”
Brizon disse que as equipes de compras, logística e produção estão “fazendo ginástica” para conseguir produzir. Peças chegam por navio, avião e, muitas vezes, em cima da hora. Ele admite que, em alguns casos, veículos estão saindo de linha incompletos: a finalização é feita depois, fora da linha de montagem.
“O primeiro problema grande foi o aço, que começou a estabilizar agora no fim de abril, começo de maio, quando as distribuidoras passaram a conseguir recompor os estoques. Temos dificuldades em pneus, que é um problema global, assim como os semicondutores. Mas ainda não tivemos nenhuma parada longa na linha por causa da falta de peças.”
Por causa do cenário atual um programa idealizado pela CNH Industrial para fomentar a exportação de seus fornecedores foi colocado na geladeira: o foco, segundo Brizon, é abastecer o mercado doméstico: “Meus colegas do Exterior ligam pedindo ajuda, mas precisamos priorizar as linhas daqui. Mas o programa não foi cancelado, e voltaremos a ele quando a situação melhorar, até porque o câmbio segue favorável às exportações”.
Nacionalizar segue sendo questão relevante dentro da companhia, embora Brizon ressalte ser momento complicado para os fornecedores investirem, uma vez que o foco está em atender à demanda atual. Para tranquilizá-los e garantir as entregas no prazo a CNH Industrial criou um sistema de garantia: ela se compromete a pagar as encomendas feitas, independentemente do que ocorrer.
“Com essa garantia o fornecedor tem mais segurança em investir em matéria-prima e contratar mais gente sem prejudicar o fluxo de caixa: pode comprar que a CNH Industrial paga.”
A colaboração com os fornecedores está maior também junto a bancos, com linhas com juros atrativos oferecidas pelo Banco CNH Industrial e até ajuda na hora de negociar com o BDNES por linhas mais vantajosas.
O resultado, segundo Brizon, está no prêmio de fornecedores: mesmo sem alterar as regras ou flexibilizar metas foi grande a adesão e o aprimoramento com relação a 2020: “Para minha satisfação o engajamento e a pontuação foram muito altos”.
Foto: Divulgação.