São Paulo – A Nissan chegou ao meio do caminho no desenvolvimento de veículos movidos a SOFC, célula de combustível de óxido sólido, que gera energia a partir do uso de biocombustíveis. O projeto, iniciado em 2010 e acelerado a partir de 2016, quando um protótipo e-NV200 movido a etanol chegou a rodar durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, ganhou novo capítulo com a assinatura de novo acordo com o IPEN, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, na segunda-feira, 14.
É o segundo acordo da Nissan com a instituição: a parceria começou em 2019 e tem como objetivo tornar viável a aplicação do etanol como gerador da energia da célula de combustível. Agora, segundo o presidente Airton Cousseau, as pesquisas serão direcionadas para três focos: desenvolvimento de componentes para o projeto em escala comercial, integração do reformador à célula de combustível e redução do tamanho do sistema.
“Tentaremos, ou melhor, conseguiremos avançar para que este projeto tenha escala comercial”, disse o executivo durante encontro com jornalistas em ambiente virtual, sem especificar a data para isso. Mas deu uma pista: esta fase do projeto está programada para 2025.
O reformador é o componente do SOFC responsável por transformar o etanol, ou outro combustível aplicado, em hidrogênio. Seu tamanho hoje é um entrave ao projeto e a sua compactação é um dos desafios da nova etapa do desenvolvimento. Segundo Ricardo Abe, gerente de engenharia de produtos da Nissan, a ideia é que ele seja integrado à própria célula de combustível, que gera a energia para o carregamento da bateria.
“Entendemos o SOFC com uma das soluções para a eletrificação no futuro. Ele pode ser alimentado com o etanol brasileiro, o biogás, GNV ou o etanol estadunidense, obtido a partir do milho.”
A engenharia da Nissan nos Estados Unidos, sediada em Michigan, já trabalha em um sistema que funcione a partir do etanol de milho, segundo Cousseau. Ele está entusiasmado com o projeto, já apresentado também às equipes chinesas.
Os resultados obtidos com o etanol da cana-de-açúcar são promissores: segundo a Nissan com 30 litros é possível rodar mais de 600 quilômetros e emissão zero, pois é absorvida no processo de plantação da cana. O sistema pode ser abastecido com 100% de etanol ou com o combustível misturado à água.
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