Scania promove paradas em São Bernardo por falta de componentes

São Paulo – Embora os veículos pesados sejam menos suscetíveis aos impactos desencadeados pela crise dos semicondutores do que os leves, a Scania não ficou imune à falta de chips e precisou paralisar sua operação em São Bernardo do Campo, SP. Sem componentes as linhas deixaram de operar por oito dias este mês e a companhia já planeja mais duas paradas na semana que vem. Na quarta-feira, 22, apenas um turno operou.

Foi a primeira vez em que a Scania paralisou suas linhas por falta de peças desde o início da pandemia, quando, em abril do ano passado, todo o setor industrial interrompeu o processo produtivo. Segundo o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Caramelo, muitos dos componentes utilizados pelas empresas são importados da Malásia, que sofre com a terceira onda de covid-19 e teve de fechar as fábricas. Além disso, diante do cenário de escassez de semicondutores, a montadora tem realizado rearranjo de suas fábricas ao redor do mundo para distribuir o que chega.

Os cerca de 4,5 mil trabalhadores da Scania brasileira ficaram em casa no dia 3, véspera da emenda do feriado de 7 de setembro, nos dias posteriores à data na mesma semana e nos dias 16, 17, 20 e 21. A linha de produção também ficará parada nos dias 27 e 28. Existe a previsão de paralisar também em 7 e 8 de outubro, mas a companhia ainda avaliará se será necessário.

Diante do problema global de fornecimento de chips Caramelo afirmou que o objetivo do sindicato é firmar acordos visando à proteção de emprego e à possibilidade de compensação da fabricação quando houver componentes: “Nossa preocupação é que, quanto mais próximo do fim do ano, menos tempo no calendário nós temos para recuperar os volumes de produção. Sem falar que, quando faltam peças na montadora, ela não é a única afetada: toda a cadeia sofre sem pedidos”.

A compensação dos dias parados, de acordo com o sindicalista, será feita por meio de acordo de flexibilidade no banco de horas dos trabalhadores.

Procurada a Scania confirmou que está monitorando sua cadeia de fornecedores para manter a estabilidade da operação: “Apesar de estarmos tomando todas as medidas necessárias para mitigar a situação e evitar impactos na produção o cenário ainda é desafiador e tem causado interrupções parciais em algumas etapas do processo de produtivo”.

Foto: Divulgação.