Companhia celebra doze semanas sem percalços após período que considerou como o mais desafiador
São Paulo — O ano em que a Scania celebra 65 anos no Brasil tem sido o mais desafiador de sua história. Diante da falta de semicondutores, a montadora instalada em São Bernardo do Campo, SP, há seis décadas – os cinco anos iniciais foram no bairro do Ipiranga, na capital paulista –, passou por período bastante conturbado com paradas na produção até maio.
Segundo o diretor de vendas e soluções da Scania Brasil, Silvio Munhoz, a companhia passou por seis meses considerados como os mais árduos já vividos:
“O fluxo logístico foi muito abalado, o nosso em especial. Sofremos mais do que a concorrência, tanto que nossa participação de mercado desabou. Cada empresa tem uma matriz tecnológica e um grupo de fornecedores distinto. Devido à nossa especificação premium há algumas peças com componentes mais específicos e especiais. E nesse processo sofremos mais. Isso foi percebido rapidamente e mundialmente a Scania vem trabalhando incansavelmente para recuperar a capacidade do futuro logístico”.
Munhoz assinalou, entretanto, que houve grande avanço da montadora nesse período, e o status de instabilidade total passou ao de previsibilidade da produção, principalmente nas últimas semanas. “Atravessamos uma fase em que não sabíamos o que faríamos no dia seguinte. Hoje não. Há doze semanas temos o plano produtivo sendo rigorosamente cumprido e com números crescentes.”
Christopher Podgorski, CEO da Scania Latin America, complementou que o período volátil foi ocasionado majoritariamente pela falta de semicondutores. “Existem dezenas de provedores, mas dois especificamente tiveram importantes disrupções em seus processos produtivos. A indústria como um todo viveu período em que a demanda explodiu, todo mundo estava no Teams durante o lockdown, houve procura por semicondutores por parte de toda humanidade e um enorme desajuste entre demanda e oferta.”
Podgorski citou que as instalações de um dos fornecedores literalmente congelou nos Estados Unidos, por causa de efeito climático, e a fábrica implodiu, algo muito raro, pontuou. E outro fornecedor sofreu com um incêndio no Japão, cuja fábrica se transformou em cinzas.
“Do ano passado para cá muita coisa foi feita, processos foram redesenhados. O tema semicondutor não é uma coisa do passado, mas está muito mais sob controle. Isso acabou ocasionando algo que estamos reconstruindo agora, que é a confiança da cadeia de suprimentos, e tudo o que estamos informando que iremos produzir, vamos alcançar. Diferentemente do fim do ano passado, em que tínhamos o caminhão inteiro pronto faltando apenas um semicondutor, o que nos impedia de realizar a entrega”.
Atualmente, a Scania conta com 960 fornecedores na Europa e 206 na América Latina. Após arranjos comerciais e um esforço para que toda a cadeia esteja recuperada dos efeitos da Covid 19 e da falta de insumos, o CEO afirmou que os planos de curto prazo inclui o uso da capacidade total da planta do ABC: “Temos expectativa muito positiva”.
Sustentabilidade – A despeito das adversidades trazidas pela pandemia, a Scania segue seu planejamento para oferecer produtos menos agressivos ao meio ambiente.
Mantém firme sua aposta nos caminhões a gás, atualmente com carteira de seiscentos modelos, e está se preparando para a transição de motorização para o Euro 6, que começa a vigorar em janeiro de 2023 – há um ano e meio possui veículo em teste para que a nova tecnologia seja validada.
Nos últimos três anos produziu 36 mil caminhões da nova geração que, segundo a companhia, entregam 20% de redução de combustível ao operador. Isso equivale a 780 mil toneladas de CO2 que essa frota deixou de lançar na atmosfera. Cálculos da montadora apontam que esses 36 mil caminhões deixaram de consumir 298 milhões de litros de diesel. Considerando o litro de combustível a R$ 6,50, isso equivale a uma economia de R$ 2 bilhões.
Também houve redução de 30% no tempo de parada para manutenção o que, segundo Fábio Souza, vice-presidente e diretor geral de operações comerciais, proporcionou aproximadamente mais 250 mil horas disponíveis para essa frota continuar rodando.
A Scania concluiu em 2020 aporte de R$ 2,6 bilhões na fábrica e na rede de concessionários. Em 2021, foi anunciado outro ciclo, a ser concluído em 2024, de R$ 1,4 bilhão, que inclui a construção do centro de pesquisa e desenvolvimento, único fora da Suécia a validar e testar tecnologias globais, a ampliação da fábrica de motores para se preparar para o Euro 6, a mudança do centro logístico de ficava em Mauá, SP, para São Bernardo, e a instalação de estação de tratamento de efluentes para ampliar a adoção de água de reuso.
O plano é que até 2025 tenha havido a redução de 50% das emissões nas operações da companhia e em 20% dos produtos da marca.
Comemorativo – Para celebrar os 65 anos a Scania lançou edição comemorativa com design especial. Limitado a 265 unidades e a dois veículos por CPF, a partir de agosto os clientes terão acesso a caminhão, que pode ser dos modelos R 450 4×2, R 450 6×2 e R 540 6×4, com o kit na cor exclusiva nardo gray, com faróis de milha no teto e na grade, geladeira e adesivo comemorativo dos 65 anos, dentre outros itens exclusivos.
O valor do veículo varia de acordo com o modelo escolhido e custo adicional dos itens comemorativos será de R$ 35 mil caso haja a adesão de todos eles. O adesivo poderá ser colocado nos ônibus também.
Munhoz destacou que haverá seis meses de carência para o primeiro pagamento, realizado somente em 2023, caso o financiamento seja feito por meio de CDC, e o seguro do modelo terá 12% de desconto.