São Paulo – A partir de dezembro usuários de motocicletas elétricas terão a possibilidade de, por meio de assinatura mensal, realizar a troca de baterias quantas vezes forem necessárias em vez de recarregá-la, processo que para atingir 100% demora de quatro a cinco horas. Essa a é a proposta da Leoparda Electric, startup estadunidense que anseia pelo mercado latino-americano e escolheu o Brasil para desenvolver seu projeto piloto.
O foco está nos motoboys e a proposta é que as atividades de moto-entrega reduzam as emissões de CO2 ao serem realizadas em um veículo elétrico, ainda que por meio de locação. Ciente de que o acesso a esse tipo de motocicleta ainda é escasso no País, e que nenhuma fabricante produz o modelo, por ora, no País, mas de olho no potencial de crescimento da categoria a empresa trará 150 unidades para vender ou alugar aos interessados.
Co-fundador e CEO da Leoparda Electric, Jack Sarvary contou que no primeiro ano de operação brasileira serão investidos US$ 1,1 milhão, sendo US$ 600 mil para a aquisição e importação das motos e US$ 500 mil para a compra das baterias, a montagem das estações de troca e a contratação de pessoal – é prevista a geração de cinquenta postos de trabalho.
Nesse mesmo período US$ 4 milhões serão aportados no desenvolvimento de hardware e software para automatizar o processo de substituição da bateria descarregada por outra completa, o que será feito por equipe global. Em um primeiro momento esse processo será feito de forma manual. Ainda assim, de acordo com Sarvary, a troca levará menos de 1 minuto.
Em dezembro a primeira estação de trocas do projeto abrirá as portas na rua Santa Justina, na Vila Olímpia, em São Paulo. O executivo imagina que de março a maio comecem as chegar as máquinas que realizam a substituição automática das baterias.
“A partir de então ficará mais fácil negociar com parceiros. Já estamos conversando com oito diferentes para disseminar esse modelo de serviço pela cidade de São Paulo, pois a ideia é que esteja presente, também, em locais em que motoboys geralmente esperam para retirar entregas, além de estacionamentos e lojas.”
Por enquanto, além dessa primeira unidade própria, há outras duas com contratos prontos para serem assinados nos bairros de Pinheiros e Jardins, de grande circulação de motoboys para entregas.
Embora os valores do serviço ainda não estejam totalmente definidos Sarvary estima que somente para ter acesso às baterias no posto de troca a mensalidade estará próxima de R$ 300 a R$ 400. Quem optar por também locar uma motocicleta desembolsará cerca de R$ 1 mil mensais.
Se o cliente quiser comprar uma moto com a startup Sarvary estimou que os modelos deverão custar a partir de US$ 500, mais taxas e impostos.
“Projetamos ter, até o fim de 2023, rede com cerca de cem estações e pelo menos 1 mil motoboys como clientes.”
Quantidade de trocas diárias – Sobre a autonomia, à medida que demorará algum tempo até que outras unidades sejam abertas, ele estimou algo de 50 quilômetros a 60 quilômetros:
“Essa é a autonomia real. Os fabricantes dizem que tem mais. Mas é preciso considerar as subidas, acelerações e frenagens. Considerando que o motoboy percorra 100 quilômetros por dia, ele fará duas substituições. E como geralmente os percursos de entrega têm áreas delimitadas, os pontos de troca deverão atendê-los”.
Sarvary, que trabalhou na Rappi e foi o responsável por fundar o serviço Turbo na empresa, que realiza entregas em menos de 10 minutos, assinalou que não vê outra forma de introduzir o modelo elétrico se não for assim, com a mudança de baterias: “O motoboy às vezes percorre até mais por dia, 200 quilômetros. Ou seja: ele não dispõe de cinco horas para deixar a moto recarregando. Por isso acreditamos tanto nesse modelo de negócio”.
Em comparativo realizado com similar movido a combustão a mesma quilometragem obtida com R$ 10 de gasolina é percorrida com R$ 1 de eletricidade, afirmou o executivo.
Inspirado em modelo existente na Ásia, principalmente na Indonésia, Taiwan, Índia e China, o objetivo é trabalhar em parceria com empresas que alugam e vendem motos: “Eles podem colocar as motos nas ruas e nós só faremos as trocas das baterias. Acredito que essa maturidade seja alcançada em três anos”.
O aporte total na primeira rodada de investimento da Leoparda Electric é de US$ 8,5 milhões. O investimento foi co-liderado pela gestora de capital de risco brasileira Monashees e pelo Construct Capital, fundo estadunidense especializado em hardware e mobilidade.