Otimismo decorre de expectativa de regularização no fornecimento de montadoras
São Paulo — Diante da expectativa da regularização na produção de veículos ao longo do ano que vem — uma vez que o tempo de espera para aquisição, que já chegou a 180 dias, agora está inferior a trinta dias, o que favoreceu o aumento das compras pelas locadoras este ano dos históricos 20% do que saiu das linhas de montagem para os atuais 35% –, o setor de locação está com projeções bastante positivas para 2023, com alta na base de dois dígitos.
E esse otimismo decorre do desempenho do setor de locação este ano até outubro, pois o segundo semestre está sendo o melhor desde o início da pandemia. Os 457 mil 410 veículos adquiridos no acumulado de dez meses superam em 3,5% o ano inteiro de 2021.
E nos últimos meses de 2022 é esperada a compra de 55 mil a 60 mil unidades, o que deverá levar ao fechamento do ano com 570 a 580 mil carros, volume aproximadamente 30% maior do que no ano passado, quando 441 mil unidades dedicadas à locação foram emplacadas.
Diante disso, para 2023, o presidente da Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, Marco Aurélio Nazaré, estima a compra de 600 a 700 mil carros, dependendo da disponibilidade dos modelos e da política comercial que as empresas fabricantes aplicará às locadoras. Desta forma a projeção é que o setor avance até 20,7% ante 2022.
Os dados foram divulgados na terça-feira, 22, durante entrevista coletiva de imprensa online realizada no 17º Fórum Internacional do Setor de Locação de Veículos.
Nazaré ponderou que fator primordial para se alcançar a expectativa é a necessidade de ter disponíveis carros de entrada, que atendam à demanda de mercado:
“A produção da indústria automotiva ainda é pequena, pois os reflexos da falta de componentes eletrônicos persistem. Em alguns modelos específicos temos muitos problemas, principalmente nos de entrada, que as fabricantes deverão focar no próximo ano, tendo em vista o poder aquisitivo do nosso consumidor assim como o fato de o produto ter maior procura devido ao aumento expressivo no valor dos carros”.
O dirigente contextualizou que isto impacta, principalmente, sobre os contratos de aluguel por assinatura e os de longo prazo, que é a gestão de frota. A locação vista como alternativa ao transporte coletivo e opção aos que buscam se capitalizar e pagar parcelas mensais que caibam no orçamento estimula o setor.
Para o ano que vem o aluguel diário também tende a crescer, impulsionado pelo alto custo das passagens aéreas, o que faz crescer as viagens rodoviárias.
Maior fatia de compra — O fato de as locadoras terem ampliado as compras das montadoras este ano para 35% da produção foi favorecido, ainda, pelo contexto econômico, em que o consumidor está com baixo poder aquisitivo principalmente por causa da baixa correção dos salários e também pelas elevadas taxas de juros.
“Portanto, quanto maior for o crescimento das compras na ponta, no varejo, a participação das locadoras reduz um pouco. Com o baixo volume de vendas nas concessionárias e a menor demanda parte dessa produção tem sido absorvida pelas locadoras, as principais compradoras hoje no mercado nacional.”
O presidente da Abla pontuou que a escala determina a capacidade de negociação de qualquer setor, e, portanto, tem realizado negociação conjunta com as fabricantes a fim de obter melhores preços dos 0 KM, sem pormenorizar de quanto seriam esses descontos.
Frente à projeção conservadora do PIB para o ano que vem, de 0,7%, para 2024 ainda é aguardado baixo crescimento. Nazaré assinalou que não há perspectiva de avanço acelerado para os próximos anos, considerando a conjuntura econômica: “No entanto é preciso destacar que o nosso setor de aluguel de veículos sempre esteve descolado da alta do PIB, com expansão, muitas vezes, acima de dois dígitos”.
O dirigente acredita que, à medida que o poder de compra do consumidor se restabelecer, estimulada pela maior geração de emprego qualificado e, portanto, de maior renda, o que dependerá da política econômica adotada pelo novo governo, a produção também deverá ser ampliada, uma vez que foram feitos suntuosos investimentos e estão sendo planejados novos aportes para ampliar a capacidade das fábricas.
“A fabricação nacional prevista para este ano é de 2 milhões de unidades. A capacidade produção instalada, no entanto, antes de os carros apresentarem porcentual maior de tecnologia embarcada, girava em torno de 5 milhões de veículos. Hoje ainda é possível fabricar o dobro do volume atual. À medida em que tiver maior consumo no varejo e as montadoras ampliarem sua produção haverá a divisão desse espaço.”
Frota total – Em outubro, a frota total das locadoras chegou a 1 milhão 373 mil 407 veículos, o que demonstra incremento de 20,8% ante dezembro de 2021. Existem atualmente 14 mil locadoras ativas no País, número 25,7% superior a 2020.
Três são grandes corporações, com mais de 80 mil veículos cada, sendo que o restante é composto por micro, pequenas e médias empresas, o que impacta na idade média dos veículos, que em 2022 chegou a 32,1 meses. Para 2023 os planos da Abla são que ela retorne ao patamar do ano passado, de 24,7 meses. Em 2020 era de 19,6 meses.
“Com um impulso nas contas e a disponibilidade das montadoras e os números projetados para o último bimestre de 2022 estimamos que a frota voltará para a idade média de 2021, e que fique até um pouco abaixo.”