“Torço para estar errado e, em alguns meses, corrigir para cima estes números”, disse Lima Leite. “Mas a fotografia atual é esta. Os juros nos fazem jogar para baixo as estimativas: hoje o CDC está em 30% ao ano.”
A Anfavea projeta crescimento no segmento de leves, de 4,1%, para pouco mais de 2 milhões de unidades, e uma queda de 11% em pesados, por causa da mudança de legislação para as normas de emissão Euro 6, que encarece de 15% a 20% o preço dos veículos.
Para a produção a expectativa é de leve alta de 2,2%, para 2 milhões 370 mil unidades, das quais 2 milhões 267 mil automóveis e comerciais leves, avanço de 4,2%, e 154 mil caminhões e ônibus, recuo de 20,4%.
Já para o mercado externo a estimativa é pessimista especialmente por causa do desempenho da Argentina, o principal cliente dos produtos brasileiros, nos últimos meses: Lima Leite disse que o sinal amarelo foi aceso e há viés de baixa. Por isto a Anfavea projetou exportar 467 mil unidades, queda de 2,9%, das quais 439 mil leves, recuo de 2,5%, e 28 mil pesadas, retração de 8,7%.
Lima Leite ressaltou que, como a base comparativa com 2022 é baixa, a tendência é iniciar o ano com crescimento, que começará a se acomodar no decorrer do ano. Em 2022 o primeiro semestre registrou vendas 30% inferiores à segunda metade do ano.
O presidente da Anfavea disse também que a indústria, há três anos oscilando na faixa dos 2 milhões de veículos, vive patamar baixo: “O Brasil nunca esteve com volumes tão baixos. Chegamos a 3,8 milhões de unidades vendidas e todo o planejamento, com base em dados da Anfavea e de diversas consultorias, era para alcançar 4 a 4,5 milhões de unidades. Hoje estamos lutando para retomar o patamar de 3 milhões de veículos, que é um tamanho aceitável para o mercado brasileiro”.
Para isto, segundo o executivo, é fundamental haver uma melhora nas condições de crédito. Com as taxas de juros atuais e as cobranças de tributos como o IOF, que no casos dos automóveis, alega, índice por três vezes – no financiamento da montadora ao concessionário, na compra do veículo pelo consumidor e na contratação do seguro – dificilmente o mercado crescerá para o patamar desejado pela indústria.