São Paulo – A queda de demanda pelos novos caminhões Euro 6 é uma realidade que a Iveco monitora de perto, mas outros problemas preocupam mais a empresa, caso do cenário de crédito no País, com altas taxas de juros e crescimento da inadimplência, segundo seu presidente, Márcio Querichelli, que participou do Fórum Veículos Comerciais 2023, realizado pela AutoData Editora entre segunda-feira, 17, e terça-feira, 18. O presidente disse que, hoje, essa é a dificuldade mais preocupante:
“Este cenário torna o crédito cada vez mais restrito e esta tendência precisa mudar, porque vivemos isto desde o fim do ano. Caso contrário teremos que apertar ainda mais os cintos. Precisamos criar política mais positiva com relação aos financiamentos e espero que esta situação comece a ser redefinida nas próximas semanas, pois é muito importante que o governo tome medidas para a indústria automotiva em geral”.
Para reverter este cenário o presidente acredita que o BNDES precisa se reestruturar internamente para voltar a ser protagonista no financiamento de veículos pesados. O banco já representou um grande porcentual dos financiamentos de caminhões, mas com o passar dos últimos anos perdeu espaço por falta de atratividade e, atualmente, não funciona como deveria.
Com o tamanho da demanda ainda indefinido Querichelli aguarda o segundo trimestre para ter mais clareza sobre o tamanho do mercado em 2023, mas a Iveco já definiu férias individuais e remuneradas em determinadas áreas da fábrica de Sete Lagoas, MG, por até doze dias, começando em 24 de abril, no por causa do baixo ritmo de produção dos veículos Euro 6. Ele informou que a empresa produziu de forma lenta em janeiro e fevereiro porque já esperava uma procura menor, e que a partir de março iniciou um ritmo mais forte, mas ainda conservador:
“60% dos R$ 1 bilhão que investimos foi dedicado à produção dos novos caminhões. Outras marcas também investiram e, agora, precisamos do mercado, até para garantir futuros investimentos. A gente só precisa que o desenho inicial continue acontecendo para que todas as empresas possam avançar”.
Mesmo com todas as dificuldades produtivas e de demanda ligadas ao Euro 6 Querichelli ressaltou o bom resultado da Iveco nas vendas do primeiro trimestre, chegando a 9,3% de participação, incluindo os veículos de 3,5 toneladas, sendo o seu maior share desde 2012. Isto foi possível graças à maior produção de modelos Euro 5 em dezembro, o que permitiu abastecer as revendas até 31 de março.