São Paulo – Em meio às transformações que a indústria automotiva vem passando para a Bosch um fator não muda: a empresa caminha para o terceiro ano de forte crescimento nos mercados de reposição de autopeças no Brasil e demais países da América Latina, segundo afirmou Delfim Calixto, presidente regional da unidade de aftermarket automotivo da empresa na América Latina que exclui o México.
Em entrevista no estande da Bosch na Automec, maior feira dedicada ao aftermarket automotivo da América Latina – de 25 a 29 de abril no São Paulo Expo –, Calixto disse que desde o ápice da pandemia de coronavírus as vendas da companhia no mercado de reposição vêm crescendo de forma robusta e continuada: “Só no Brasil crescemos 8% em 2020 sobre 2019, depois quase 21% em 2021 e no ano passado mais 20%. Em toda a região a expansão foi de 32%. Para este ano projetamos avanço de 13% no Brasil e 17% na América Latina”.
Cerca de 60% das vendas no mercado brasileiro são de componentes produzidos nas unidades da Bosch no Brasil, único país da divisão latino-americana com produção local. Os 40% restantes são importados de diversos países onde a empresa produz, principalmente na Europa e na Ásia. No conjunto da América Latina os porcentuais se invertem: 40% das vendas são de itens que vêm das fábricas brasileiras e 60% de outros países.
Calixto destacou que todo o crescimento foi obtido apesar da crise de falta de insumos e de componentes que atingiu o mundo todo: “Conseguimos fornecer mais peças e por isso ganhamos participação de mercado. O problema está melhor controlado este ano mas ainda não passou”.
Um importante ponto de contato da Bosch com reparadores e o consumidor final é a rede franqueada de oficinas, que tem mais de 100 anos na Europa e que já chega a 60 anos no Brasil, onde a empresa tem atualmente pouco mais de 1 mil pontos de atendimento com seu nome na fachada. Existem mais duzentos Bosch Center na Argentina e cerca de cem nos outros países latino-americanos.
Transformação
Calixto contou que a Bosch está passando por mudanças para melhor se adaptar às transformações do setor automotivo mundial, que agora convive com carros elétricos, híbridos e sistemas inteligentes de assistência ao motorista: “Mais do que vender peças, nós hoje precisamos oferecer soluções de mobilidade e oferecer conhecimento à nossa rede credenciada de oficinas, para que elas possam atender aos veículos com novas tecnologias”.
Neste sentido, segundo o executivo, sua área, que hoje se chama Automotive Aftermarket, deverá mudar de nome no ano que vem para Mobility Aftermarket: “Nossa forma de enxergar o mercado mudou. Hoje o veículo é um smartphone sobre rodas e nosso cliente é, cada vez mais, o frotista que aluga carros. Este cenário de carros e peças conectadas abre muitas oportunidades de negócios para nós. Mas para acompanhar estas mudanças as oficinas terão de se transformar em linhas de produção também conectadas”.
Todas as áreas da Bosch ligadas à indústria automotiva deverão ser renomeadas e reposicionadas em cinco novas divisões: ADAS, sigla em inglês para sistemas de assistência avançada ao motorista, como direção autônoma e frenagem de emergência, Dinâmica Veicular, para dispositivos de frenagem e direção, Carroceria e Conforto, Energia, que agrega todas as formas de propulsão incluindo powertrain elétrico, híbrido, a combustão, baterias e células de hidrogênio, e Infotainment, para sistemas de informação e entretenimento a bordo.
“Já somos o maior fornecedor de componentes elétricos do aftermarket automotivo e isto só deverá crescer nos próximos anos com a eletrificação da frota. Mas demorará ainda bastante tempo até os carros elétricos se tornarem dominantes.”