Solução da Seal Sistemas promete ganho operacional de ao menos 25%
São Paulo — Solução que nasceu no varejo e foi aprimorada para o chão de fábrica vem sendo adotada pela Mercedes-Benz desde o fim do ano passado. Trata-se da etiquetagem eletrônica, que proporciona ganhos operacionais de pelo menos 25% para o processo produtivo ao trazer celeridade à linha, assertividade no uso das peças e por evitar paradas desnecessárias e retrabalho na montagem de caminhões.
Instaladas nas peças que compõem as cabinas na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, essas etiquetas geram informações eletrônicas atualizadas de forma remota, o que minimiza as possibilidades de os operadores montarem de forma equivocada os veículos e também transmitem, por meio de internet das coisas, dados como a localização, em tempo real, dos componentes dentro da fábrica.
Segundo o CEO da integradora de tecnologias Seal Sistemas, Wagner Bernardes, a solução foi desenhada em cima da demanda da empresa, que buscava por sistema que avisasse quais peças estavam faltando na linha de produção, a quantidade necessária para determinada composição, e a redução no volume de papel usado, uma vez que as trocas de informações eram feitas de forma manual e sem tanto controle.
“A partir da tecnologia conseguimos garantir maior agilidade na localização das peças no chão de fábrica, acuracidade das informações exibidas em tempo real durante a montagem, contagem e reposição automatizada dos componentes, simplificação dos pedidos de peças, apoio e gerenciamento do estoque.”
A ferramenta ajuda, portanto, a otimizar o trabalho dos operários que lidam com o kanban, quadro de sinalização que controla os fluxos de produção e transporte de kits. Bernardes destacou que, com isto, diminuem-se atrasos no processo, perdas na produção, horas extras e fluxos de trabalho adicionais, embora tenha ponderado que o resultado dependerá de quantas fases da produção contam com a tecnologia.
A partir do momento em que a fabricante trabalha com solução totalmente off-line, com etiqueta de papel, não é possível ter a gestão de 100% do processo. Por outro lado, ao adotar solução online, como as etiquetas eletrônicas, isso é obtido e podem ser feitas correções de formas pontuais, assim como a identificação de possíveis erros no processo.
E justamente por substituir ação humana pela automatização é que se objetiva ganhos operacionais acima de 25%, estimou o engenheiro de aplicações da Seal Sistemas, Luiz Peleckas, que acompanhou de perto a adoção do sistema na Mercedes-Benz:
“Os ganhos no tempo do processo são irrefutáveis. As etiquetas que estão na linha de produção de cabines, que trabalha a partir do sequenciamento de peças, permitem mais de 1 mil possibilidades de customização. Neste cenário os operários tinham muito retrabalho, e a sua necessidade, algumas vezes, acabava sendo descoberta somente em outro processo da linha, no de qualidade, por exemplo. O sistema, portanto, minimizou isso”.
Peleckas ilustrou que se um funcionário no processo de montagem manual imprimir a etiqueta e mudar a posição correta da peça é preciso paralisar a linha e interrompê-la por minutos, o que impactará os próximos sequenciamentos. Com a solução eletrônica, no entanto, as etiquetas ficam fixas nas posições, e só é dito ao operador qual peça ele terá de colocar ali. O erro de colocação incorreta das peças, portanto, não acontece mais.
Menos papel, mais tecnologia
Benefício adicional, assim como nas gôndolas de supermercados, onde teve origem a solução, essa tecnologia substitui o uso do papel: “Há também a questão da sustentabilidade, pois a empresa deixa de fabricar etiqueta de papel, eliminada por meio do processo de kanban e, assim, acelera o processo produtivo”.
Peleckas destacou o compliance de zero carbono e menos papel, que muitas empresas europeias vêm seguindo: “Na Europa a Mercedes-Benz já atende a este quesito e, a partir da adoção das etiquetas eletrônicas, a unidade brasileira também já deu o primeiro passo ao diminuir a impressão em papel e elevar eficiência em seus processos, inclusive energética, pois o dispositivo utilizado consome muito pouca energia”.
O próximo passo será replicar o uso dessa tecnologia para o estoque da fábrica a fim de obter informações de maneira dinâmica:
“Já estamos em etapa de testes”, contou o engenheiro, que exemplificou a dificuldade de visualizar locais que estejam vazios, por exemplo, e que poderiam ser melhor aproveitados alocando as peças. “A solução permite que se visualize e gerencie melhor todas as peças que estão armazenadas”.
Além das etiquetas eletrônicas a Mercedes-Benz possui outro dispositivo, que já fazia parte do processo de produção, que complementa a solução ao fazer a leitura e a validação de cada peça utilizada.
Aposta no setor automotivo e dois dígitos de crescimento
Embora seu maior cliente seja o varejo a Seal Sistemas segue apostando no setor automotivo, que hoje representa em torno de 3% do faturamento da companhia, estimou o presidente Wagner Bernardes: “São soluções de nicho, nas quais investimos recursos e energia para continuar trazendo tendências e desenvolvendo sistemas que melhorem o processo produtivo das montadoras”.
Outra tecnologia para o chão de fábrica é a solução de voz que orienta o operário durante suas tarefas. Com um fone de ouvido ele recebe mensagens dizendo o que deve fazer: separar determinado item no local específico e levá-lo para certa etapa da produção, por exemplo.
Sediada em São Paulo e com 130 funcionários a Seal Sistemas, há 35 anos no mercado, vem expandindo sua operação ao ritmo de dois dígitos por ano, segundo Bernardes. “Temos estratégia para continuar crescendo no patamar de dois dígitos. Por ora estamos dentro do planejado, mas é difícil dizer como será este ano, com tantas incertezas. De toda maneira estamos olhando para o Brasil de forma bastante motivada”.