Montadora postergou lançamento do Euro 6 devido às incertezas da economia
Resende, RJ – O momento difícil da economia fez com que a Volkswagen Caminhões e Ônibus postergasse o anúncio de seus modelos Euro 6, lançados oficialmente no fim de maio. A decisão se deu diante das expectativas de que melhorem as condições para a renovação e ampliação da frota, ainda que para o segmento tenha havido aumento da demanda, represada até o ano passado por causa da pandemia, frente à retomada de licitações de prefeituras e do turismo.
Apesar do lançamento tardio, atrelado à celebração dos 30 anos da fábrica de ônibus em Resende, RJ, já foram comercializados quinhentos chassis Euro 6, que começaram a ser fabricados no início do ano, sendo mais da metade deles, 60%, mini e micro-ônibus. Os 40% restantes foram para fretamento e operação urbana, afirmou Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
“Até o momento, o mercado de mini e micro ônibus tem crescido, até porque não é apenas o grande empresário que compra, mas o micro empresário também, e há o fretamento, a aplicação urbana. Agora os empresários começaram a vir às compras. Estamos negociando lotes de ônibus urbanos que serão entregues a partir de julho ou agosto.”
Alouche reconhece que a demanda neste nível corresponde à demanda reprimida. O executivo disse, entretanto, que a expectativa é elevada para o segundo semestre, quando deverá haver a redução dos juros e espera-se maior acesso ao crédito, principal motivo que está travando o mercado em sua avaliação.
Outro ponto que joga luz ao fim do túnel é o programa do governo federal Caminho da Escola, aguardado para junho, com 11,4 mil unidades a serem licitadas, das quais a fabricante almeja conquistar 70%, mesmo índice obtido no último edital.
“O ano começou confuso, com troca de governo, economia devagar, crédito caro e escasso. Mas as grandes cidades têm contratos que terão de ser renovados para baixar a idade média dos veículos. Nos últimos anos os passageiros sumiram e vários empresários ficaram inadimplentes, mas acreditamos que nos próximos meses a disponibilidade de crédito estará melhor.”
Alouche também comparou os resultados da Fenatran com os da Agrishow ao assinalar que, em termos de intenção de compra, o evento ocorrido em Ribeirão Preto, SP, no início de maio, superou o realizado em São Paulo em novembro do ano passado.
“A empresa está preparada para uma reação. Seja de caminhões ou de ônibus. Assim como toda a cadeia”, garantiu. “Renovamos toda a nossa linha de produtos e agregamos valor a eles.”
O plano é também exportar esses modelos para a Colômbia, onde, assim como no Brasil, já vigora a mudança da motorização para o Euro 6.
Resende abriga o centro mundial de desenvolvimento da marca
A criação da linha de ônibus Volksbus começou em 1993, com o 16.180 CO, o primeiro modelo a sair da fábrica, motor dianteiro. Em 1995 foi a vez do primeiro micro-ônibus, desenhado e produzido no Brasil, o 8.140 CO. Na virada do século, em 2001, o primeiro ônibus motor traseiro 17-240 OT passou a ser fabricado.
Ao longo dessas três décadas foram fabricados 175 mil chassis, sendo 27 mil para o Caminho da Escola, a partir de 2007, com o modelo 15.190 ORE 3, programa que lidera as entregas nos últimos anos.
Todos eles não só foram fabricados como também desenvolvidos no País. É em Resende que está o centro mundial de desenvolvimento da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Segundo Alouche nestes trinta anos os ônibus urbanos foram os mais vendidos.