São Paulo – Até 2040 a ZF pretende neutralizar suas emissões de carbono, incluindo o Escopo 3, que integra a cadeia de fornecimento e o ciclo de vida de seus produtos. Não é uma tarefa simples nem fácil e requer, além de investimento e planejamento, cuidado com todas as etapas da produção e da logística. A ideia é ir muito além da adoção de veículos elétricos no transporte, ação que tornou-se exemplo de medida sustentável e alinhamento ao ESG para muitas empresas e que é um grão de areia no oceano.
Um primeiro passo foi olhar para a própria operação e levantar ações que colaboram com este planejamento sustentável. Serviço prestado há anos pela ZF em todo o mundo, a remanufatura, é um exemplo de medida que, no mercado de reposição, gera ganhos financeiros e de descarbonização.
“Para cada peça remanufaturada economizamos 90% de matéria-prima”, disse Tomasz Galazka, diretor de estratégia de remanufatura e desenvolvimento de negócios da ZF. “E nos processos industriais empregados pela ZF as peças são sempre atualizadas para seu status de série, testadas de acordo com as diretrizes do equipamento original e acompanhadas pelo mesmo período de garantia que os nossos produtos novos.”
No Brasil a remanufatura é feita nas unidades de Araraquara, SP, com embreagens, e Sumaré, SP, com compressores. Cerca de 80% a 90% das peças coletadas junto a clientes e distribuidores conseguem ser reaproveitadas e o restante é descartado de forma adequada. No mundo são mais de 5,5 mil peças diferentes remanufaturadas, em vinte fábricas, que vão de pinças a transmissões automáticas.
A ZF vem trabalhando no desenvolvimento do produto já pensando em sua remanufatura. O design da terceira geração do iABS da ZF, vendida com a marca Wabco, é um exemplo: seu desenvolvimento foi aprimorado com, dentre outros fatores, um acesso mais facilitado à placa de circuito, facilitando a sua remanufatura.
Logística otimizada
Outro ponto de atenção da companhia é a logística. A pandemia e o seus efeitos sobre a indústria, que sofreu com falta de peças, componentes, contêineres e outros fatores, acelerou a necessidade de se otimizar as rotas e presenças físicas e acabou beneficiando a rota sustentável.
Segundo a ZF o tráfego aéreo emitiu, em 2019, 918 milhões de toneladas de CO2. O frete aéreo foi responsável por 19% dessas emissões. O objetivo, portanto, é encurtar distâncias, aproximar fornecedores da produção e os centros logísticos dos clientes.
A digitalização é aliada neste processo, de acordo com Everton da Silva, diretor de excelência em operações globais: “Ao prever com precisão a demanda do cliente usando aprendizado de máquina e análise preditiva, poderemos colocar as mercadorias mais perto de nossos consumidores para reduzir o tempo de entrega e as emissões de carbono, diminuindo as milhas percorridas e os custos operacionais”.
No Brasil, desde o ano passado, a companhia iniciou a diversificação em seu portfólio de transportes e passou a adotar, também, a cabotagem no transporte de peças. São dois trajetos em execução: de Santos ao Ceará e de Santos a Pernambuco, a partir da unidade de Itu, SP. Segundo a companhia foram economizados 1,8 mil litros de diesel por viagem e reduzidas em 70% as emissões de CO2. Agora o plano é expandir para mais capitais do Nordeste.