Ford traz da China a partir de setembro novo visual, acabamento e powertrain a R$ 210 mil
Itu, SP – A nova geração do Territory, SUV da Ford importado da China, aposta numa reformulação quase que total, e no preço, para enfrentar aqueles veículos que a importadora considera seus principais rivais no mercado brasileiro. Mais largo e mais alto, com melhor distribuição do espaço interno para todos os ocupantes, uma extensa lista de itens de conforto, segurança e conveniência de série, acabamento primoroso e um design muito mais interessante do que na versão anterior, fará a diferença contra os Jeep Compass e Commander nacionais?
A Ford acha que sim e ainda incrementa essa aposta ofertando o Territory a R$ 210 mil, enquanto seus concorrentes cobram de R$ 27 mil a R$ 40 mil a mais do cliente interessado nessa categoria de SUV.
O preço do SUV da Ford, que estará disponível para o consumidor a partir de setembro, realmente é um bom argumento e uma ótima novidade no segmento. Porém outros modelos além dos Jeep, levando em conta as dimensões do Territory e sua configuração, também podem ser candidatos nessa disputa pelo cliente que desembolsa mais de R$ 200 mil em um veículo.
O Tiggo 8, que na tabela Fipe tem preço de R$ 202 mil 273, mas no site da Caoa Chery está sendo ofertado a R$ 190 mil até o dia 31, é um bom exemplo. Existem outros competidores nacionais e importados SUVs médios, mas suas configurações, dimensões ou os preços não se assemelham tanto ao Territory quanto os três citados acima.
Trata-se, portanto, de uma nova oportunidade da Ford ter um melhor desempenho com seu SUV chinês no mercado brasileiro. No ano passado, por exemplo, apenas 978 unidades foram entregues para o consumidor e de janeiro a julho de 2023 a Ford vendeu 604 Territory.
“Vamos crescer em volume de vendas na comparação com a versão anterior”, disse Dennis Rossini, gerente de marketing da Ford Brasil. A pergunta era sobre a posição do novo Territory com relação às vendas dos dois Jeep.
Tudo novo
Lançado no Brasil em agosto de 2020 o Territory, feito na China em parceria com a JMC, terminou aquele ano com 1 mil 558 unidades negociadas, uma média de quase trezentas ao mês. Em 2021 foram 2 mil 231, com a média caindo para quase duzentas unidades/mês.
Para melhorar esses números a Ford trouxe o que chamou de totalmente novo Territory. A começar pelas dimensões de 4 mil 630 milímetros de comprimento, 1 mil 936 milímetros de largura e 1 mil 706 milímetros de altura. Ele é maior que o Compass em todos quesitos e só perde em comprimento para o Commander e o Tiggo 8 porque os dois oferecem a terceira fileira de banco para sete ocupantes no total.
Com seu entre-eixos de 2 mil 726 milímetros e a maior largura diante dos competidores, o espaço interno é um diferencial no Territory. Viajando de São Paulo a Itu, SP, no banco de trás observou-se que o conforto para os ocupantes é um dos destaques desse SUV: espaço generoso para as pernas e ombros dos três passageiros, ausência do túnel central, o que facilita o acesso, e a utilização na posição central e bancos de couro desenhados para privilegiar o bem-estar a bordo.
Igualmente os ocupantes dos assentos dianteiros, com ventilação que resfria ou aquece, viajaram com todo o conforto até o Interior. O acabamento em dois tons é primoroso tanto na frente quanto atrás, os materiais utilizados nas portas, no console central e no painel dianteiro demonstram que a exigência subiu: nem parece um veículo feito na China, mesmo considerando que os veículos chineses há tempos já se equiparam em qualidade e luxo com os modelos feitos em regiões com mais tradição como a Europa e os Estados Unidos.
Ainda no interior destaque para o pacote tecnológico com o painel de controles digital de 12,3 polegadas e uma central multimídia também de 12,3 polegadas integradas em uma mesma peça. Individualmente são as maiores telas digitais do segmento e carregam as últimas tecnologias de conectividade e configuração indispensáveis para os usuários.
O aproveitamento do espaço dos porta-objetos e a posição dos botões de seleção das marchas e tração, além do design minimalista dessas peças, demonstram que até os modelos chineses, que exageram ao rebuscar o interior com luzes e cromados, aderiram ao bom gosto tradicional de marcas mais experientes como a Ford.
Além disso, para o Brasil, a importadora aproveitou sua engenharia ainda presente no País para realizar importantes ajustes na suspensão e no powertrain, adaptando a condução às condições e gostos deste mercado.
O motor 1.5 Ecoboost de 169 cavalos de potência trabalha com uma nova transmissão automática de sete velocidades de dupla embreagem banhada a óleo. Ele utiliza um turbocompressor de baixa inércia, tem injeção direta e comando variável, além de todo o conjunto ter 4,5 kg a menos do que a versão anterior. Com o trabalho de desenvolvimento para a gasolina nacional e os ajustes da engenharia a Ford informa que terá um consumo de 9,5 km/litro na cidade e de 11,8 km/l na estrada, com baixo nível de ruídos e vibrações.
Igualmente a suspensão independente macpherson na dianteira e multilink na traseiras passaram por ajustes para encarar os diversos pisos do Brasil – bem diferentes do encontrado na China. Além de rodar mais confortável e totalmente adaptado às nossas condições a Ford informa que o nível de ruído também melhorou o suficiente para bater seus concorrentes da Jeep neste quesito.
Viajando debaixo de muita chuva e com o trânsito pesado tanto na Rodovia Castelo Branco quanto no percurso urbano na capital o Territory apresentou um comportamento dinâmico exemplar: confortável e com um rodar macio ao mesmo tempo em que quando necessário estava disponível torque e potência para arrancadas e ultrapassagens. Seu desempenho não fica devendo para nenhum de seus concorrentes.
Por último, mas não menos importante, está o seu design externo. Realmente trata-se de uma mudança radical que deixou o Territory muito mais atual na comparação com a versão anterior. A nova grade, os faróis superiores em led com nova identidade e que se conectam, o conjunto ótico também em led formam uma dianteira com desenho muito interessante. Igualmente a traseira traz novos elementos óticos, além da nomenclatura Territory em destaque no porta-malas.
Olhando sua lateral alguém desatento pode confundir esse legítimo chinês com algum modelo europeu. O desenho das rodas de 19 polegadas, os vincos nas portas e sua linha de cintura, bem como o recorte das janelas trazem à memória SUVs de marcas germânicas tradicionais. No fundo o Territory é isto mesmo: uma criação que utiliza várias referências para agradar públicos distintos. Ele é vendido em sessenta países e agora tem a missão fazer bonito no Brasil.