São Paulo – Foi deflagrada na sexta-feira, 15, greve nas três maiores montadoras dos Estados Unidos, conhecidas por Big Three, as Três Grandes ou as Três de Detroit, que são Ford, General Motors e Stellantis, dona das marcas Chrysler, Dodge, Jeep e Ram.
Dirigida pelo sindicato que representa os cerca de 150 mil metalúrgicos que trabalham nestas empresas, o UAW, United Auto Workers, a ação busca reajustes salariais de dois dígitos de forma escalonada, redução da jornada de trabalho, elevação dos pisos do chão de fábrica, diminuição do volume de contratos temporários e a recuperação de benefícios perdidos ao longo dos últimos quinze anos, desde a crise econômica internacional.
“Pela primeira vez em nossa história pararemos, ao mesmo tempo, as três das Big Three”, disse Shawn Fain, presidente do UAW, em vídeo transmitido pelas redes sociais. “Estamos utilizando uma nova estratégia. Estamos convocando moradores que se levantem e se unam ao movimento.”
A ideia será parar uma fábrica de cada uma das três montadoras por vez, o que as obrigará a interromper a produção em outras localidades. Além disso, sem aviso prévio, as fabricantes ficarão em dúvida sobre qual será paralisada.
Na sexta-feira deixaram de operar as unidades da GM em Wentzville, Missouri, da Stellantis em Toledo, Ohio, e da Ford em Detroit, Michigan.
“Esta luta é o momento decisivo da nossa geração. Não apenas para as Três Grandes, mas em toda a classe trabalhadora. Nós nos defenderemos. Defenderemos nossas famílias. Defenderemos nossas comunidades.”
Fain assegurou que não se sentará à mesa com os fabricantes ao longo da sexta-feira a fim de frustrar qualquer possibilidade de resolução rápida da paralisação – que ocorre ao mesmo tempo que o tradicional Salão de Detroit, que abriu as portas na quarta-feira, 13, até o domingo, 24. O aviso de greve foi emitido no fim de agosto, após tentativas de negociação, com prazo limite de 14 de setembro.
O UAW pede aumento de 40% ao longo dos próximos quatro anos sobre o valor da hora que varia de US$ 18 a US$ 32. Pleiteia, também, redução da jornada de trabalho de 40 horas para 32 horas semanais e, ainda, que as montadoras voltem a oferecer subsídio que proteja os empregados da inflação ao auxiliar no enfrentamento do custo de vida, pensões tradicionais que reforcem a aposentadoria e cobertura de saúde dos aposentados.
O sindicalista justificou que os pleitos são compatíveis com os lucros obtidos ao longo da última década pelas empresas, no valor de US$ 250 bilhões, sendo US$ 21 bilhões somente no primeiro semestre. E também compatíveis com os aumentos salariais médios dos executivos das montadoras nos últimos quatro anos. O UAW tem caixa de US$ 875 milhões para bancar esta greve.