Instituição bate recordes de financiamentos e consórcios: em apenas dois anos carteira cresceu R$ 12 bilhões.
Curitiba, PR – A Volvo Financial Services, braço financeiro que concentra transações de financiamentos, consórcios, seguros e locação de veículos do Grupo Volvo, completou trinta anos de atividade no Brasil como a segunda maior operação da empresa no mundo, com 15% dos negócios globais. Da carteira global de US$ 27 bilhões 17% estão na América do Sul, atrás apenas da Europa, que tem 20%.
A subida na escala global da VFS é devida à rápida expansão no Brasil, onde apenas nos dois últimos anos sua carteira cresceu de R$ 10 bilhões para R$ 22 bilhões. No último ano foram gerados R$ 4,8 bilhões em novos negócios. A escalada obrigou o grupo a aportar R$ 850 milhões para adicionar capital próprio à divisão, R$ 600 milhões em 2022 e mais R$ 250 milhões este ano. A injeção de capital foi para fazer frente ao acelerado crescimento da concessão de crédito, seguindo norma de alavancagem máxima permitida pelo Banco Central para preservar a solidez do banco.
Com o novo aporte a VFS elevou para quase R$ 3 bilhões seu capital próprio e assim poderá aumentar o volume de concessões de crédito. Atualmente a instituição tem a meta de financiar 40% das vendas de caminhões, ônibus e máquinas de construção do Grupo Volvo no mercado brasileiro, mas nos primeiro seis meses deste ano o porcentual já superou este objetivo, chegando a 46,5%, e a 48,5% em setembro.
Segundo Carlos Ribeiro, presidente da VFS América do Sul, este é um porcentual muito acima da média dos bancos de fabricantes de veículos no País: “Normalmente essas instituições financiam, em média, 25% das vendas da empresa, mas nós já estamos acima de 40% e sem conceder nenhum subsídio”.
Crescimento meteórico
Ribeiro observou que o meteórico crescimento dos negócios da VFS nos últimos dois anos se deve a uma combinação de fatores favoráveis: “Primeiro, aumentamos nossa penetração junto aos clientes Volvo, operamos em um nicho e dominamos o canal de vendas, mas também houve o fator de aumento de inflação, dos custos e dos preços dos veículos, o que naturalmente eleva os valores financiados. Ao mesmo tempo a Volvo ganhou participação de mercado, o que elevou o volume de produtos a financiar”.
O executivo lembrou que só foi possível avançar tão rápido por causa do baixo risco da carteira de crédito da VFS, que tem índice de inadimplência de apenas 1,45%, porcentual significativamente abaixo dos 3% a até 6% apresentados por outras instituições. Com isto, apontou, foi mais fácil convencer a matriz, na Suécia, a aportar mais recursos para apoiar a expansão dos negócios do braço financeiro no Brasil: “Não temos risco”.
Com esta solidez não faltaram recursos para a VFS nos últimos anos, que financia a maior parte de suas operações com captações da própria geração de caixa da Volvo, tanto daqui como da matriz, e também no sistema bancário internacional e nacional.
O presidente da VFS afirmou que o crescimento deste ano foi inesperado: “Há um ano a estimativa era de queda de 1% do PIB em 2023, mas devemos superar os 3%. Este desempenho da economia traz otimismo para a expansão dos negócios em 2024”.
CDC e consórcio em alta
Os financiamentos respondem por 60% do faturamento da VFS, os consórcios representam 30%, a venda de seguros agrega 9% e o 1% restante vem da recém-criada divisão de locação de caminhões Volvo.
Atualmente a modalidade de financiamento por CDC lidera as concessões com 55%, enquanto as linhas Finame do BNDES ficam com 45%. Segundo Ribeiro a tendência é de continuação do crescimento do CDC porque a burocracia é menor e a taxa de juro atualmente, que baixou de 18% ao ano no começo de 2023 para 14%, é quase tão competitiva quanto a do crédito do banco público de fomento, hoje na casa de 13,5% ao ano incluindo o spread da instituição repassadora.
“A oscilação das taxas do Finame observada este ano, tanto a variável atrelada à Selic como a TFB fixa, reduziram a competitividade da linha. E o CDC é mais simples, conseguimos aprovar em até 24 horas. Muitos clientes não conseguem atender todas as exigência para a concessão do Finame”, explica o executivo.
A venda de consórcios, com planos de até setenta meses, também apresentou crescimento recorde em 2021, com R$ 1,5 bilhão, e 2022, com R$ 1,7 bilhão. E segundo Ribeiro este anos também deverá ser recorde, pois até setembro os negócios já somavam R$ 1,6 bilhão: “É um instrumento importante para o planejamento da renovação de frotas dos clientes e hoje este canal já responde por 3% das entregas de veículos Volvo.
Embora ainda novo o negócio de locação também se mostra promissor: em menos de um ano desde o lançamento da locadora, em novembro do ano passado, já foram alugados quinhentos caminhões Volvo.
“Não queremos competir com as grandes locadoras, mas oferecer uma opção a mais aos clientes, principalmente àqueles que não têm no transporte o seu negócio, como por exemplo as usinas de cana. Nos próximos anos as locações tendem a crescer mas não devem representar mais do que 10% a 15% das vendas, porque no Brasil os transportadores têm a tradição da posse do bem, então não deverá ser igual aos Estados Unidos e na Europa, onde o aluguel de veículos pesados chega a 25% da frota.”
Outra modalidade em expansão é o financiamento de peças e manutenção, oferecido nas concessionárias em planos de até 24 meses à taxa de 2,09% ao mês. Segundo Ribeiro já existem pontos da rede que financiam até 20% das vendas de componentes de reposição, mas para a maioria a participação ainda é inferior a 1%.