São Paulo – A Prefeitura de São Paulo deu andamento ao seu plano de substituir frota de 2,6 mil ônibus movidos a diesel por elétricos até o fim de 2024. Passo importante está prestes a ser realizado com linha de crédito do BNDES, no valor de R$ 2,5 bilhões, para a aquisição de 1,3 mil veículos a bateria.
A diretoria do banco aprovou o financiamento na quinta-feira, 19. Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda o município aguarda a formalização do acordo nos próximos dias. A Capital será a primeira cidade brasileira apoiada na compra de ônibus elétricos.
“A assinatura do contrato da Prefeitura de São Paulo com o BNDES será feita após aprovação da operação de crédito pela Secretaria do Tesouro Nacional”, informou a secretaria, em nota. A expectativa é a de que esse trâmite ocorra dentro de um mês.
O financiamento ocorrerá por meio do BNDES Finame Direto, conhecido pela aquisição e comercialização de máquinas e equipamentos de fabricação nacional. Os recursos serão liberados na modalidade baixo carbono, que passou a admitir financiamento para compra de ônibus elétricos por municípios.
Segundo o banco quatro fabricantes possuem ônibus elétricos a bateria credenciados no sistema do Finame. Em vídeo publicado na internet o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, anunciaram a parceria:
“Essa é uma agenda portadora de futuro. O Brasil é o segundo país no mundo em que mais pessoas andam de ônibus, há 107 mil veículos em circulação”, disse o presidente do BNDES, complementando que 52% dos ônibus que rodam na América Latina foram produzidos no Brasil, e que o objetivo é que toda essa estrutura migre para o elétrico.
Mercadante contou que o município pagará a diferença da compra de ônibus a diesel e dos modelos a bateria para as operadoras e que “todo o processo será feito com muito cuidado, para que esse recurso chegue na ponta e beneficie o passageiro, que usufruirá de veículo movido a energia limpa, com menor ruído e maior conforto, com wi-fi e ar-condicionado. Trata-se da maior operação do Brasil e, seguramente, estamos fazendo história com esse novo capítulo do transporte público elétrico, ecológico e sustentável”.
Com os novos ônibus, calcula o BNDES, será evitada a emissão de aproximadamente 63 mil toneladas de CO2 equivalente/ano na atmosfera.
Segundo informações do banco o investimento total do município será de R$ 8 bilhões, com previsão de aquisição de 2,6 mil veículos no total, que substituirão 20% da frota de ônibus da capital até 2024, composta por cerca de 13 mil unidades.
Deste valor R$ 6 bilhões serão recursos da Prefeitura e R$ 2 bilhões das concessionárias que operam o transporte público de ônibus na cidade. A Prefeitura disse buscar outras fontes de financiamento: já conquistou mais US$ 500 milhões em crédito externo junto ao BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, e ao Banco Mundial. O prefeito também está em conversas com os bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil em busca de mais recursos.
Objetivo é que manutenção menor compense investimento elevado
O custo de aquisição dos ônibus elétricos gira em torno de 3,5 vezes mais do que na compra de veículos a diesel e, por isto, há a necessidade de incentivar a introdução dos veículos eletrificados na frota cobrindo parte desse investimento, por meio de reequilíbrios econômico-financeiro dos contratos de concessão.
A Prefeitura arcará com a diferença do custo do elétrico e do diesel, valor que será financiado pelo BNDES. Espera-se que os ganhos econômicos com a eletrificação levem a menores valores de subsídios pagos no longo prazo, uma vez que o ônibus eletrificado tem custo médio mensal de operação e manutenção significativamente inferior ao veículo a diesel.
Durante a transmissão na internet Mercadante destacou que a Prefeitura de São Paulo também terá ganhos, porque o custo de manutenção mensal, hoje de R$ 25 mil para cada ônibus que circula, cairá para R$ 5 mil.
Nunes, que ressaltou que as equipes têm trabalhado nesse projeto desde o início do ano, afirmou que a cada real usado para trocar o diesel pelo elétrico haverá um ganho de R$ 2 ao longo dos próximos quinze anos, período estimado de vida útil desses veículos.