São Paulo – Mais da metade, 51%, dos 206,8 mil emplacamentos de automóveis e comerciais leves registrados de outubro foram por meio de faturamento direto. No acumulado do ano, segundo levantamento da Anfavea, 48% dos 1,7 milhão de veículos leves comercializados foram pela modalidade, bem acima da média registrada em anos anteriores.
O que explica esse aumento porcentual, disse o presidente Márcio de Lima Leite, é a queda nas vendas do varejo: “As vendas diretas não cresceram tanto assim em volume. Estão na faixa de cerca de 1 milhão de unidades por ano há algum tempo. Quem sumiu do mercado foi o consumidor do varejo, por diversas razões, e a participação das vendas diretas cresceu”.
Dentre essas razões, elencou o executivo, a principal é o crédito. Com juros elevados e maior seletividade dos bancos, pelo aumento da inadimplência, as vendas a prazo perderam relevância e este consumidor sumiu do mercado: “Os bancos nos disseram que 77% das propostas de financiamento são recusadas. Algumas sequer são avaliadas pelas financeiras”.
O veto da facilitação na retomada do veículo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dentro do Marcos das Garantias, foi uma má notícia para o setor dependente do retorno do crédito. Em compensação a queda na taxa Selic, que já recuou 1,5 ponto porcentual desde agosto, pode trazer um efeito positivo – mas que só será sentido, na prática, em meados do ano que vem, segundo Lima Leite.
“Historicamente a queda da Selic não provoca efeito imediato no juro. Há uma acomodação no mercado e demora em torno de seis meses para fazer alguma redução. Estamos em contato com executivos de bancos e financeiras e eles nos dizem que é mesmo questão de tempo. Do nosso lado a vontade é que seja acelerado, porque o crédito é muito importante para a indústria. Ele hoje é o nosso grande problema.”