Exportações reagem em setembro, mas no acumulado do ano registram queda de 12%, ao passo que importações aumentaram 36%
São Paulo – Se por um lado foram embarcados, ao longo deste ano, 284 mil veículos, 12% menos do que de janeiro a setembro de 2023, por outro ingressaram no País 322,1 mil unidades fabricadas em outros países, 36% mais que nos nove primeiros meses de 2023. O resultado desta equação é um saldo negativo de 38,1 mil veículos.
“Este é um número muito perigoso. Demonstra que a balança comercial do setor está deficitária”, assinalou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante a apresentação dos resultados realizada na segunda-feira, 7.
Os dados da entidade mostram que, passado o pico de 2022 as exportações ainda sofrem para engrenar novamente, com fortes recuos nos pedidos dos seus principais países de destino, seja pela maior concorrência com produtos chineses ou por dificuldades econômicas. Ao mesmo tempo a escalada dos importados tem sido escancarada, motivada pela demanda de elétricos e híbridos plug-in produzidos na China, principalmente.
Quase a metade deles, 47% ou 152,2 mil veículos, tem como origem a Argentina, volume que recuou em 1% frente ao ano passado. Os chineses representam 25% de tudo o que vem de fora, com 81,6 mil unidades, número que disparou em 290% em comparação ao acumulado de 2023.
Lima Leite chamou atenção ao fato de que, se for computado o total de veículos importados em estoque, de 86,2 mil – equivalentes a nove meses para a desova –, número incrementado devido ao aumento da alíquota do imposto de importação e também à maior demanda por esses produtos, a quantidade de unidades chinesas salta para 150 mil.
“Aí teríamos acréscimo de 625% no volume de veículos vindos da China no acumulado do ano, o que levaria o total de unidades importadas a cerca de 400 mil. Porém, não podemos cravar que todos eles entrarão no Brasil. Pode ser que tenham vindo para cá e, agora, sigam para outro país da região, por exemplo. De qualquer forma serve como sinal de alerta.”
Na tentativa de equilibrar esta equação é aguardada reação da Argentina, principal compradora de veículos brasileiros, o que começou a ser visto em setembro, passados os ajustes promovidos pela mudança de comando no país vizinho. No mês passado os 41,6 mil embarques superaram em 51,7% o total do mesmo período em 2023 e em 8,9% o de agosto.
Em valores as exportações renderam US$ 1 bilhão em setembro, 35,7% acima do mesmo período em 2023 mas 3,6% abaixo de agosto. De janeiro a setembro os US$ 7,8 bilhões estão 13% aquém de igual intervalo no ano passado.
“O desafio permanece, mas a situação é menos grave do que a apresentada anteriormente, em que a queda na comparação anual chegou a quase 20%”, afirmou Lima Leite. O dirigente acredita que se o ritmo de exportações for mantido será possível se aproximar do resultado do ano passado, que encerrou com queda de 10% ante 2022, algo positivo, haja vista que a projeção da entidade aponta para recuo de 20,8% este ano, para 320 mil unidades.