Existem pelo menos 80 mil veículos chineses em estoques, segundo o presidente Márcio de Lima Leite
São Paulo – Até agosto foram licenciados 279,6 mil veículos importados, crescimento de 35% sobre o volume do mesmo período do ano passado. Os importados representaram 17,2% de todos os 1,6 milhão de emplacamentos de veículos 0 KM registrados no mercado brasileiro no período, 13,3% acima de janeiro a agosto de 2023, segundo divulgou a Anfavea na quinta-feira, 5.
O presidente Márcio de Lima Leite estimou que os importados responderão por cerca de 500 mil unidades em 2024: “É quase a metade do volume vendido na América Latina, por ano, de importados dentro do mercado brasileiro. É mais do que o mercado argentino”.
Ele disse que existem diferenças nos processos de importações. Os veículos que chegam da Argentina, por exemplo, contêm bom índice de peças produzidas por fornecedores brasileiros, graças ao acordo comercial existente com o Brasil. Até agosto as importações do país vizinho somaram 129 mil unidades, em queda de 4%.
Com o México também há intercâmbio de peças: as importações de lá cresceram 59%, para 29,7 mil unidades. Da China, porém, não há conteúdo local. E do país asiático foram emplacados 72,5 mil veículos de janeiro a agosto, crescimento de 339%.
Mais: de acordo com Lima Leite existem, ao menos, 81,7 mil automóveis chineses importados parados em portos, concessionárias e pátios: “São números que não entram em nossa contabilidade de estoque, que registra apenas os das associadas. Este chegou a 268,9 mil unidades, ou 34 dias de vendas”.
O estoque elevado, explicou o presidente da Anfavea, se explica pelo cronograma de recomposição do imposto de importação para híbridos e elétricos. Como estava agendado para julho um aumento da tarifa muitas empresas anteciparam a importação de modelos para pagar menos imposto.
“Certamente este estoque elevado gerará um impacto em nosso mercado. Ainda não sabemos dizer qual será este impacto, mas que ele existirá, existirá.”
Lima Leite tornou a pedir a recomposição imediata dos 35% de imposto de importação, descartando o cronograma que o governo divulgou no ano passado. Geraldo Alckmin, ministro do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que esteve presente na entrevista coletiva na nova sede da entidade, em Brasília, DF, fez mistério quanto a atender ou não o pleito, mas disse que as importações já começaram a diminuir.
Em agosto, de fato, houve redução nos emplacamentos de importados: caiu das 41,3 mil unidades de julho para 40,6 mil. Segundo os dados da Anfavea reduziu também o estoque de veículos chineses, de 86,2 mil para as 81,7 mil unidades.
No caso dos licenciamentos dos importados, porém, a média diária foi maior em agosto: 1,84 mil contra 1,79 mil em julho. Assim como no mercado geral, cuja média chegou a 10,8 mil unidades/dia, contra 10,5 mil em julho.
As vendas também caíram de julho para agosto, de 241,3 mil para 237,4 mil unidades, baixa de 1,6%. Na comparação com agosto do ano passado, porém, o mercado registrou aumento de 14,3% nos emplacamentos.
No acumulado do ano as vendas somam 1 milhão 622 mil unidades, crescimento de 13,3% sobre o mesmo período do ano passado.