Segundo diretor nacional de vendas Rodrigo Alonso investimentos poderão ser revistos se entrada desenfreada de produtos de outros países não for contida
Fazenda Rio Grande, PR – A fábrica brasileira da Dunlop, marca do Grupo Sumitomo Rubber que completou uma década de operação no ano passado, produz cerca de 20 mil pneus por dia e, até 2029, pretende ampliar em 50% esse volume, para 30 mil, capacidade máxima comportada pela unidade instalada em Fazenda Rio Grande, na Grande Curitiba, PR.
Faz parte do plano, para atingir essa meta, a substituição da importação de pneus pela produção local, o que já vem sendo colocado em prática. Em 2023, ao todo, 25% dos produtos distribuídos no mercado brasileiro eram advindos da matriz, no Japão. Esse porcentual será reduzido a 10% até dezembro e até 2025 terminar será zerado.
Foi o que afirmou o diretor nacional de vendas e marketing da Dunlop, Rodrigo Alonso, durante visita da Agência AutoData à unidade produtiva. “Hoje vivemos cenário marcado pela invasão de pneus importados e não queremos reforçar essa tendência. Conseguimos uma nova máquina no ano passado, parte de investimento em curso em torno R$ 1 bilhão, e reforçamos a produção”.
Esse aporte começou em 2021 e será concluído em 2025, e abrange mais uma unidade de pneus de passeio, que elevará em 15% a fabricação de 19 mil para 23 mil pneus por dia em 2026 – o incremento será gradativo até o fim da década. Ele se soma a outros dois, um de R$ 750 milhões no início de sua operação no País, para fazer pneus de passeio, e outro de mais de R$ 500 milhões para expandir essa linha e introduzir modelos de caminhões e ônibus, em 2019. O total do capital investido nesse período todo terá sido de R$ 2 bilhões 460 milhões.
Para Alonso a alíquota de 16% incidente nos itens importados hoje não é mais suficiente para frear a entrada indiscriminada de pneus feitos em outros países. Além, de no caso da China, haver polo produtivo gigantesco com enorme escala, o que derruba os valores de venda, o Brasil conta com o custo-Brasil que, de acordo com o executivo, diminui a competitividade dentro de casa, tanto nas questões trabalhistas como na tributação de energia elétrica, o que deixa em desvantagem frente a outros fabricantes.
“A grande facilidade em importar versus a quantidade de obrigações para produzir no Brasil cria um desequilíbrio, situação que pode até impactar novos investimentos na empresa”
Rodrigo Alonso, diretora nacional de vendas e marketing da Dunlop
O grupo, de acordo com ele, quer e vai crescer globalmente, mas deverá analisar o mercado nos próximos anos. “Se houver condições mais favoráveis em outras unidades levará novos investimentos para elas, em vez de injetá-los aqui”.
O diretor de vendas assinalou esperar que medidas sejam tomadas para reduzir esse desequilíbrio e que, se houvesse a redução de custos, a companhia seria capaz de exportar – atualmente toda a produção, praticamente, é absorvida pelo mercado local, apenas excedente, que gira em torno de 5%, é embarcado.