Entidade considera rigorosos os critérios levados a consulta pública pela autarquia no começo do mês
São Paulo – No início de abril o CB-SP, Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, publicou uma polêmica minuta com as medidas de segurança necessárias à instalação de carregadores para veículos elétricos, submetida à consulta pública pelo período de trinta dias. Diante do que considerou alto rigor das normas, a ABVE solicitou reunião com a autarquia na quarta-feira, 17, com o objetivo de estender esse prazo para noventa dias e, em paralelo, realizar um simulado inédito de combate a incêndio em veículo movido a bateria até o fim de maio.
A ABVE informou que um grupo de trabalho da entidade está trabalhando para apresentar suas propostas, o que ocorrerá “nos próximos dias”. O chefe do departamento de segurança e prevenção contra incêndios do CB-SP, tenente coronel Max Schroeder, avaliou que embora o pleito seja cabível, dada a complexidade do tema, a decisão final será tomada pelo comandante e coronel da Polícia Militar Nilton Cesar Zacarias Pereira, que assinou portaria publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 2 de abril.
Durante a reunião a proposta de realização de simulação de incêndio de veículo elétrico no mês que vem foi bem recebida pelo Corpo de Bombeiros, garantiu o presidente reeleito da ABVE, Ricardo Bastos. Ele disse que o pleito foi aceito imediatamente, uma vez que a ideia é testar protocolos de segurança dos próprios veículos e baterias em condições reais, e apresentar equipamentos já disponíveis a fim de prevenir acidentes e combater incêndios.
Atualmente não há um protocolo para o setor no País, e estabelecê-lo faz parte do processo de consolidação do mercado de eletromobilidade. No entanto as regras de segurança sugeridas pala autarquia, na avaliação de Bastos, tornariam inviável o uso de veículos a bateria no Brasil, principalmente em prédios: “As normas submetidas à consulta pública não possuem amparo na legislação internacional. Acredito que o Corpo de Bombeiros tenha assumido posição mais extrema para depois atingirmos, juntos, um equilíbrio”.
E para que esse equilíbrio seja alcançado a ABVE conversará com seus associados para que seja doado um protótipo de carro de engenharia a fim de demonstrar que o veículo não é tão inseguro assim, uma vez que é dotado de sistemas inteligentes que avisam o condutor se houver risco de incêndio e ainda tomam providências para evitá-lo.
“Qualquer anomalia no sistema é notificada. Por exemplo, se a bateria atingir temperatura de 50°C o carro começa a refrigerar. Todos os veículos possuem sistema de refrigeração com sensores. Queremos mostrar que a recarga é a fase mais segura e que há mais perigo quando o veículo está circulando do que quando está parado, com modo de segurança ativado.”
De acordo com o dirigente esta será a primeira vez que um incêndio em veículo elétrico será induzido no Brasil, e o propósito será reunir em São Paulo, até o fim de maio, atores interessados nesse mercado, como o Inmetro, empresas associadas da ABVE e representantes dos bombeiros de outros Estados. Os carregadores, segundo ele, têm procedência e se as orientações para sua instalação forem seguidas à risca a ameaça é mínima.
“Se antes seria necessário o equivalente a uma piscina cheia de água para apagar um fogo, hoje há produtos químicos capazes de contê-lo, junto com manta térmica. E isso não precisa ter na garagem do prédio, por exemplo, são aparatos que os bombeiros terão. Sem contar que existe um tempo de ouro, como chamamos, para que o condutor afaste-se do carro e chame os bombeiros. E o carro avisa tudo isso.”
O que diz a minuta do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo?
Uma das alternativas proposta para áreas externas é a de afastamento mínimo de 5 metros na vaga em que for instalado o carregador em relação às demais vagas do estacionamento, locais com carga de incêndio ou áreas de risco. Outra opção seria estabelecer vagas separadas entre si, e entre as demais que não têm carregamento, com parede corta fogo de 1m60 de altura por 5 metros de comprimento com tempo requerido de resistência de 90 minutos.
Em subsolos e edifícios de garagem foi sugerido, além da parede corta fogo, a instalação de pelo menos dois chuveiros automáticos de resposta rápida sobre as vagas em que houver os carregadores, além de sistema de detecção de incêndio em todo o pavimento. Nesta opção será cobrado, ainda, sistema de ventilação mecânica para o subsolo, com cinco trocas do volume de ar por hora – medida que pode ser dispensada se o pavimento tiver ventilação natural com abertura mínima de 50%.
As instalações deverão apresentar ainda ponto de desligamento manual a uma distância de 20m a 40m da estação de recarga. E as vagas deverão conter proteção mínima de dois extintores com distância máxima de 15m. O prazo proposto para a adequação dos carregadores será de um ano a contar da data da publicação.