São Paulo – Alexander Seitz, chairman executivo da Volkswagen América do Sul, precisou usar toda sua experiência e relacionamentos construídos ao longo de 36 anos na indústria, principalmente na área de compras, para mitigar a falta de peças e paralisação de linhas de produção por causa dos efeitos catastróficos das enchentes no Rio Grande do Sul, que afetaram poucos mas importantes fornecedores da empresa.
Em intervalo de poucos dias Seitz visitou fornecedores na China, Alemanha e em Detroit, nos Estados Unidos, e voltou ao Brasil na quarta-feira, 15, com contratos fixos de importação de componentes para compensar a falta de peças do Sul: “Como trabalho na indústria há 36 anos e conheço muita gente fui em busca de parceiros para nos ajudar nesta emergência”.
Em conversa pouco antes da cerimônia de premiação dos melhores fornecedores da Volkswagen em 2023, na quinta-feira, 16, Seitz evitou dizer quantos fornecedores foram comprometidos pelas enchentes nem os componentes que eles fornecem — apenas afirmou que “são menos do que os cinco dedos de uma mão, mas têm enorme importância”.
A Volkswagen tem 49 fornecedores localizados no Rio Grande do Sul.
Apesar do sucesso nas negociações com os fornecedores estrangeiros os componentes todos não chegam a tempo de evitar paralisações: segundo os sindicatos dos metalúrgicos a Volkswagen confirmou na sexta-feira que colocará em férias coletivas, de 20 de maio a 3 de junho, parte do efetivo de produção de suas fábricas paulistas de São Bernardo do Campo e Taubaté e na fábrica de motores de São Carlos. A unidade de São José dos Pinhais, PR, por enquanto não foi afetada.
“A Volkswagen sabe lidar com crises e por isto protocolou [na Justiça do Trabalho] o pedido de férias coletivas [que será efetivado agora]”, diz Seitz. “Mesmo que tenhamos de parar, com as importações que conseguimos, será por pouco tempo.”
De fato, com fins de semana e feriado prolongado no fim de maio a paralisação contabilizada nas três fábricas será de apenas nove dias úteis de produção. O plano de importar peças para mitigar paralisações maiores pode até custar mais caro mas evita mal maior: a perda de produção justamente no momento em que a Volkswagen voltou a crescer e a recuperar participação de mercado após o tombo de 2021 e 2022 justamente por falta de chips eletrônicos importados.