São Paulo – Os sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de Taubaté confirmaram a necessidade de parada da produção das fábricas paulistas da Volkswagen a partir de segunda-feira, 20, com retorno previsto para 3 de junho, duas semanas depois. Na prática, porém, descontados fins de semana e o feriado de Corpus Christi, em 30 de maio, a suspensão da produção efetiva se dará por nove dias úteis.
A montadora concentrou seus esforços na unidade de São José dos Pinhais, PR, que continuará operando normalmente, por causa do lançamento no novo T-Cross. De acordo com Jamil D’Ávila, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, por este motivo a unidade ainda não tem data de parada, uma vez que a Volkswagen está priorizando o novo modelo.
“A ideia é evitar que faltem carros por causa do lançamento do T-Cross. Componentes que seriam usados no Polo, Nivus e Virtus estão sendo destinados a essa fábrica para que não haja a paralisação.”
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a Volkswagen possui 49 fornecedores no Rio Grande do Sul, local de tragédia sem precedentes causada por enchentes desde o fim de abril. Diante do alerta de que poderiam faltar peças para fabricar seus veículos a Volkswagen protocolou, no dia 13, medida preventiva que previa o estabelecimento de férias coletivas caso a situação não mudasse.
Em paralelo o chairman executivo da Volkswagen América do Sul, Alexander Seitz, visitou fornecedores na China, Alemanha e Estados Unidos para assinar contratos fixos de importação de peças, em busca de amenizar o problema.
Na fábrica da Anchieta, onde são produzidos Nivus, Virtus, Polo e Saveiro, os 4 mil operários do chão de fábrica, de um total de 8 mil, ficarão em férias coletivas de 20 a 29 de maio, e retornam ao trabalho no dia 3 de junho. Pelo mesmo período 1,8 mil profissionais da unidade de Taubaté, que fabrica o Polo Track, também estarão em casa, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região. Ao todo trabalham no local 3 mil empregados.
Em São Carlos, SP, 327 funcionários terão férias coletivas, de um total de oitocentos. Conforme o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté a fábrica de motores trabalhará com apenas um turno com exceção da usinagem de virabrequim, que operará normalmente os três turnos de produção.
No caso da unidade apenas o fornecedor da biela dos motores, localizado no Rio Grande do Sul, foi afetado. Mas como Anchieta e Taubaté não produzirão pelos próximos dias a montagem de motores será indiretamente afetada.
Procurada a Volkswagen informou que segue com o mesmo posicionamento de férias preventivas: “A situação está sendo monitorada minuto a minuto”.
Outras montadoras paralisaram a produção por causa das chuvas
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a Mercedes-Benz possui 39 fornecedores no Rio Grande do Sul, tanto que a unidade de São Bernardo do Campo, SP, ficou sem produzir em 9 e 10 de maio. Segundo a empresa por ora não há a necessidade de suspender a atividade novamente.
“A Mercedes-Benz do Brasil se solidariza com as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul e vem mobilizando campanhas de arrecadação de donativos e recursos financeiros em suas fábricas. Com relação ao abastecimento das linhas de produção a empresa, consciente dos prováveis impactos nas cadeias produtiva e logística do setor automotivo de forma geral, segue monitorando a situação de abastecimento de peças para as linhas de produção e tomará as medidas necessárias na adequação do cenário para atender seus clientes da melhor forma.”
A Scania possui vinte fornecedores no Rio Grande do Sul mas até o momento não foi preciso parar a produção em São Bernardo. A General Motors parou a linha de Gravataí, RS, de onde saem Onix hatch e sedã, por causa da logística para a entrega das peças, uma vez que as estradas dessa região estão bloqueadas ou em péssimas condições, embora as instalações não tenham sido afetadas pelas chuvas nem os veículos em estoque no pátio.
Na Stellantis em Córdoba, Argentina, onde produz o Fiat Cronos, a produção foi paralisada e não há data para o retorno.
De acordo com dados do Dieese apresentados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em torno de 12% do faturamento do setor em 2023, cerca de R$ 12,8 bilhões, estão no Rio Grande do Sul, assim como 11% das exportações de peças.