São Paulo – As vendas de motocicletas no Brasil registraram o melhor desempenho para o primeiro semestre desde 2008. Foram emplacadas 933,2 mil unidades de janeiro a junho, incremento de 19,6% em comparação ao mesmo período no ano passado, o que significa acréscimo de 153,2 mil motos nas ruas.
Os dados foram divulgados pela Abraciclo na quinta-feira, 11. A venda financiada, responsável por 38% das operações nos primeiros seis meses do ano, ou 354,6 mil unidades, foi a modalidade que mais cresceu no acumulado, 29,9%. A forma escolhida para pagar por 30%, ou 280 mil motos, foi à vista, o que avançou 28,2% com relação a igual período em 2023.
Na avaliação do presidente da Abraciclo, Marcos Bento, apesar da alta do dólar e da redução em velocidade menor que a esperada da Selic, o cenário econômico segue favorável para o segmento de duas rodas: “A motocicleta continua sendo produto procurado para o uso profissional, principalmente por desempenho eficiente para o deslocamento urbano, o que é favorecido pelo consumo de combustível e, consequentemente, provoca o aumento de demanda”.
Bento afirmou que o mercado continua com potencial de crescimento e que há boas condições de financiamento, com bastante oferta e, portanto, concorrência: foram realizados dezenove lançamentos no primeiro semestre.
Não à toa a produção também atingiu resultado recorde com o maior volume desde 2012. Saíram das linhas 868,1 mil unidades de janeiro a junho, aumento de 13,5% ante o mesmo período no ano passado, o que representou adicional de 103,5 mil unidades.
A maior parte das motocicletas, 78,6% ou 682,6 mil, é de entrada, com até 160 cc. Volume que cresceu 13,4% no comparativo anual. O segmento que mais expandiu no semestre, no entanto, foi o de média cilindrada, de 161 e 449, com alta de 16,9% e 159,5 mil unidades.
Projeções de 2024 sem revisão
A despeito dos resultados “extremamente positivos”, conforme Bento, a entidade manterá a projeção de produzir 1 milhão 690 mil motos este ano, com crescimento de 7,3%, assim como a do varejo, que é de vender 1,7 milhão de unidades, incremento de 7,5%. Isto porque há pontos de atenção que podem reduzir o ritmo de crescimento até dezembro.
Um deles é o desempenho das exportações, em queda de 23,4% no primeiro semestre, co o embarque de 15,7 mil motos, ou 4,8 mil a menos do que em igual acumulado de 2023. O encolhimento é reflexo do baixo desempenho de mercados compradores do produto made in Brazil, a exemplo da Argentina, importante cliente, assim como outros países da América do Sul.
“A motocicleta brasileira é de primeiro mundo, com alta qualidade, tanto que é exportada aos Estados Unidos, Canadá e França. E os países da região têm legislações distintas da nossa, o que faz com que se crie a disparidade de nosso produto e o que é consumido localmente, veículos com tecnologia e qualidade inferiores.”
Outros dois pontos ressalvados pelo dirigente são fatores climáticos, como uma nova seca severa que atingiu a região do Amazonas no ano passado, onde está a Zona Franca de Manaus, o que pode afetar a produção principalmente quanto à logística fluvial, prejudicada pela estiagem, e desdobramentos referentes à catástrofe provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.