São Paulo – A Financeira Santander, maior financiadora de veículos do País, com participação de mais de 20% da carteira de crédito do segmento para pessoas físicas, está surfando mais alto na onda de crescimento das concessões de novos financiamentos que vem aquecendo as vendas de modelos novos e usados.
Este ano, segundo dados do Banco Central, a concessões de novos financiamentos para aquisição de veículos novos e usados por pessoas físicas cresceu quase 40% no primeiro semestre do ano, com contratações de R$ 98,5 bilhões. O Santander sozinho respondeu por 27% deste total, com R$ 26,5 bilhões em créditos aprovados.
No segundo trimestre as concessões do banco saltaram para R$ 14,1 bilhões, em significativa expansão de 60% em comparação com os R$ 8,8 bilhões concedidos de abril a junho de 2023.
Com isto o saldo da carteira de crédito para veículos do Santander ascendeu para R$ 67,5 bilhões em junho, cifra 16% superior à registrada no mesmo mês de 2023. Houve aumento de 3,7 pontos porcentuais na participação de financiamentos ativos de veículos zero-quilômetro.
Carteira ampla e risco menor
Cezar Janikian, diretor da Financeira Santander, credita o crescimento acima da média do mercado à grande capilaridade da instituição, que tem parcerias com 30 mil pontos ativos e venda de veículos no País, tanto concessionárias como lojas independentes de usados, que enviam ao banco no mínimo um pedido de financiamento a cada dois meses: “Estamos disponíveis para muitos clientes e, das dez maiores montadoras do País, seis operam financiamentos conosco”.
Além da própria carteira o Santander também administra as operações de crédito de vários bancos de montadoras, como Fiat e outras marcas do Grupo Stellantis, Hyundai, Volvo Car e BYD, dentre outros.
Na internet o portal de compra e venda de veículos Webmotors, que pertence ao Grupo Santander, também oferece os financiamentos do banco que podem ser cotados e aprovados no site.
Combinada com esta maior capilaridade Janikian também cita a melhoria do risco neste mercado, com queda da inadimplência. Segundo o Banco Central nos últimos doze meses os atrasos de pagamentos superiores a noventa dias caíram 1 ponto, de 5,5% para 4,5% da carteira de pessoas físicas.
Para o Santander os índices de inadimplência da modalidade de crédito para veículos caíram ainda mais: em maio de 2024 o porcentual recuou 0,4 ponto porcentual na comparação com maio de 2023, enquanto para o segmento geral houve aumento de 0,1 ponto nos contratos inadimplentes.
Janikian afirmou, também, que a digitalização do processo de aprovação de financiamentos do Santander vem fazendo a diferença a favor da instituição: “Hoje o cliente pode contratar o crédito em quatro cliques no aplicativo com reconhecimento facial”.
O uso de dados digitalizados também ajuda a turbinar as vendas cruzadas do banco com ofertas de acordo com o perfil de cada cliente. Por exemplo: as aberturas de contas-correntes no Santander por clientes de financiamentos aumentou 28% no último ano e as contratações de seguros cresceram 44%.
Por atender a BYD o Santander também é o maior financiador de carros elétricos e híbridos do País, em segmento que vem crescendo rapidamente, o que também ajuda a ampliar a carteira do segmento em ritmo superior ao dos concorrentes. Janikian disse que a aprovação de financiamentos para compradores de modelos eletrificados “é um pouco maior e a inadimplência é um pouco menor” em comparação com modelos a combustão.
Sem perspectiva de juro menor
Apesar da queda da inadimplência e do aquecimento dos financiamentos Janikian é bem mais econômico quando o assunto é juro, que nos casos de compra de veículos é um dos mais baixos do mercado, mas segue alto e vem caindo em ritmo mais lento do que a taxa básica Selic.
Enquanto no último ano a Selic caiu de 13,25% para 10,5% ao ano, uma diferença de 2,75 pontos, a taxa média para comprar um carro declinou apenas 0,6 ponto no período, de 26,1% para 25,5, o que fez o spread médio [diferença da taxa básica para o juro cobrado do consumidor] subir de 12,85 pontos para 15 pontos em doze meses.
O executivo evita fazer qualquer previsão de queda nos juros e indica que a taxa futura que o mercado projeta está subindo, apontando que o custo do crédito seguirá alto, apesar do aumento das concessões.
Um fator positivo citado pelo executivo é o Marco das Garantias, aprovado no fim de 2023, que reduz a burocracia e a necessidade de uma liberação judicial para retomada de bens de consumidores inadimplentes. Janikian destaca, contudo, que o dispositivo ainda não está em funcionamento pois ainda depende de regulamentações e ajustes dos cartórios com o Conselho Nacional de Justiça, que determinará como o processo será feito: “Somos muito otimistas com os efeitos positivos que esta legislação trará para o mercado de financiamentos”.