“Não é só recrutar, mas também fazer subir as que já estão dentro de casa”, assinalou, ao reforçar a necessidade de oferecer possibilidades de capacitação para funcionárias para que elas ocupem funções em áreas majoritariamente masculinas. “Com iniciativas como essas, a exemplo dos programas Girls and Machine e Girls and Warehouse, o empoderamento se estende à vida pessoal. Uma das participantes dizia não se sentir capaz de tirar a carteira de motorista mas, a partir do momento em que passou a trabalhar com usinagem, percebeu que seu potencial ia além.”
Mattedi ressaltou que a BorgWarner tradicionalmente apoia mulheres na engenharia no Exterior, e que ela quer fazer jus a isto no Brasil também, pois há apenas uma engenheira na unidade, além da estagiária, o que reflete cerca de 2% da equipe. Ao todo 21% dos funcionários de Itatiba são mulheres, e o plano é alcançar a meta global da companhia de chegar em 35% em 2026.
A executiva entende que a participação em outros países é mais expressiva pela característica da operação, em que há mais centros de tecnologia e desenvolvimento e unidades de serviços compartilhados, e não tanto o trabalho do chão de fábrica, como no Brasil, o que, ainda assim, ela crê que é possível reverter.
Há sete anos na empresa Mattedi tinha como plano de carreira assumir a direção geral
Nascida em Campinas, SP, Melissa Mattedi tem 45 anos, é casada e mãe de um menino de 17 anos. Formada em administração e contabilidade cursou MBA em gestão estratégica de negócios. Há uma década no segmento integra a equipe da BorgWarner há sete anos, mas sempre trabalhando na área financeira.
Antes de assumir a função, no início do ano, estava à frente do setor de controladoria e finanças – e sua sucessora é do sexo feminino. Ela avaliou que se trata de desafio tremendo, não só pelo fato de ser mulher: “Não sou engenheira, então é tudo muito novo. Aprendo todo dia”.
A executiva contou que já desejava assumir a posição dentro de seu plano de carreira, até porque chegou a desempenhá-la interinamente, por seis meses, em 2019. Quando foi aberta a vaga para que fosse ocupada de forma definitiva, com a saída de Wílson Lentini, ela se candidatou e concorreu com outros quatro profissionais que trabalhavam na área de operação – todos homens:
“Sempre fui mais uma gerente de negócios, parceira dos diretores gerais para definir estratégias e cuidar do dinheiro para isto. Uma vez me perguntaram se aceitaria desafio na área de vendas, mas disse que o único que gostaria de ter seria o da direção geral. Acredito que a experiência prévia me beneficiou e, ainda que não me sentisse preparada, me apliquei. Uma hora a porta foi aberta”.