Chevrolet homenageia a sua mais antiga concessionária do Brasil

São Paulo – A mais antiga concessionária Chevrolet em operação no Brasil foi homenageada pela General Motors pelo seu primeiro centenário, celebrado no mesmo ano em que a marca comemora 100 anos no País. A Vigorito, de Capivari, SP, recebeu do presidente Santiago Chamorro uma placa comemorativa pelo século de parceria.

A placa foi entregue a Neusa Maria Vigorito, presidente do Grupo Vigorito, que detém 26 revendas no Estado de São Paulo, também com bandeiras Volkswagen, Nissan e Kia, e emprega mais de novecentos trabalhadores.

“A Vigorito é um exemplo raro de longevidade e parceria”, afirmou Chamorro. “Sua história se confunde com a da própria General Motors no País: uma relação de confiança que inspira toda a nossa rede.”

A parceria surgiu do inusitado: em 1925 executivos da GM viajavam pelo Interior de São Paulo e um dos calhambeques que compunham a caravana quebrou próximo a Capivari. O veículo foi levado à oficina de um mecânico, Felício Vigorito, que impressionou os executivos por suas habilidades. Eles, então, convidaram o jovem a representar a marca, fundando a concessionária.

Projeções da Anfavea ficam distantes de serem alcançadas

São Paulo – Um desempenho bem abaixo do esperado na produção e nas vendas de veículos no terceiro trimestre afastou os resultados acumulados da indústria brasileira de veículos das projeções da Anfavea. Embora não tenha admitido não alcançar as estimativas, o presidente executivo Igor Calvet afirmou que será preciso um crescimento forte sobre o último trimestre do ano passado para que sejam produzidos 2 milhões 749 mil e vendidos 2 milhões 765 mil veículos, conforme os números apresentados pela entidade em agosto. O que representaria alta de 7,8% na produção e de 5% nas vendas.

Ele falou a meta: 12% de alta na produção e de 10,1% nos emplacamentos. No terceiro trimestre o desempenho foi 0,8% inferior na produção e 0,4% abaixo das vendas de igual período do ano passado.

É consequência da política de juros do Banco Central do Brasil. A taxa Selic iniciou o ano em 12,25% ao ano e subiu a 15%, patamar mantido na última reunião do Copom. Em janeiro, quando a Anfavea divulgou suas primeiras estimativas – previa crescimento maior em vendas, de 6,3%, para 2,8 milhões de veículos – era esperado um aumento na Selic, mas com recuo a partir de algum momento do segundo semestre.

Mas a indicação do BC é a de que a Selic permanecerá em alta ao menos até o fim do ano. E Calvet demonstrou preocupação, especialmente com relação ao segmento de caminhões, o que mais vem sofrendo: “Precisamos de algum indicativo de recuo ao longo de 2026. Se não recuar a maior probabilidade é a de um mercado igual ao deste ano”.

Efeito da paralisação na Toyota

Outro fator que afetará o desempenho da indústria, embora os números de setembro ainda não tenham contemplado, é a paralisação da produção de veículos da Toyota. Embora a montadora tenha sido ágil na resposta, encontrando solução na importação de motores do Japão, as fábricas de Indaiatuba e Sorocaba, SP, ficarão um mês paradas e só retornarão com a produção de híbridos em novembro, com menor volume.

Pelo fato de que nem a Toyota tem estimativa de quanto será perdido de produção o presidente da Anfavea não quis arriscar o impacto nos números do setor. Mas deu um indicativo: “No ano passado a produção deles correspondeu a 7,9% do nosso total”.

Mesmo com todos estes fatores expostos Calvet optou por não rever suas projeções. E nem deve fazê-lo em novembro ou dezembro: “Refletimos se valeria a pena rever. Mas o cenário tem mudado toda semana. A única coisa que está estável é a instabilidade”.

Exportações são a boa notícia

É possível que a Anfavea erre também suas projeções para as vendas externas de veículos. Neste caso, um acerto bem-vindo: será para baixo.

A correção para cima da entidade, em agosto, foi para 552 mil unidades, o que representaria alta de 38,4% sobre o ano passado. Até setembro os embarques somaram 430,8 mil veículos, 51,6% acima dos nove primeiros meses de 2024.

Já superou a projeção inicial da entidade, divulgada em janeiro, que era de 428 mil veículos exportados, avanço de 7,5% sobre os 398 mil do ano passado.

Renault atualiza o Kwid E-Tech e mantém preço abaixo de R$ 100 mil

São Paulo – Para fazer frente ao BYD Dolphin Mini a Renault reformulou o Kwid E-Tech e manteve o preço da versão anterior: R$ 99 mil 990. A novidade foi apresentada na quarta-feira, 8, e trouxe significativas mudanças no design, em tecnologia e em segurança. A parte mecânica foi mantida, com motor de 65 cv e os 180 quilômetros de autonomia da bateria.

Ariel Montenegro, presidente da Renault do Brasil, assegurou que este preço é definitivo, não será aplicado a lotes, e que o objetivo é oferecer proposta de valor com diferenciais que não costumam ser vistos em veículos desta categoria: 

“O Kwid E-Tech exerceu papel fundamental na democratização do veículo elétrico no País. A proposta foi ser o carro mais acessível da marca e ele se tornou o mais acessível do mercado”, disse o executivo. “Agora trazemos pacote de segurança inédito no segmento, o que reforça o pioneirismo da Renault, que conta com quinze anos de experiência com veículos 100% elétricos, sendo que hoje são mais de 700 mil unidades da marca circulando pelo mundo”.

As vendas estão abertas e, nos próximos dias, o modelo produzido na China chegará às 250 concessionárias da marca no País. Montenegro evitou fazer projeções de vendas para a nova versão do compacto elétrico: comentou que, desde o seu lançamento, em 2022, foram comercializadas mais de 3 mil unidades, sendo 2025 o melhor ano, até por uma maior identificação do consumidor com carros a bateria.

Dados da Fenabrave apontam que o concorrente BYD Dolphin Mini emplacou todo este volume em setembro, 3,4 mil unidades, e no acumulado do ano registrou 22,9 mil emplacamentos.

Mudanças para ganhar terreno

O novo design do Kwid E-tech descola-se da versão a combustão do modelo, e assemelha-se ao Dacia Spring, seu irmão gêmeo vendido na Europa sob o emblema da fabricante romena, o que vale também para a maior conectividade e aplicação de funcionalidades do sistema Adas.

Justamente por entender que o elétrico de entrada busca imprimir valores diferentes da versão a combustão Montenegro apontou que não necessariamente ele receberá as mesmas mudanças que o 100% elétrico, o que vale, inclusive, para o design.

Novo Renault Kwid E-Tech. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault

Por fora, além do redesenho completo da carroceria e de ampliar as paleta de cores com duas opções, azul e vermelho, o Kwid e-Tech ficou mais alto, com 172 mm de altura do solo, com rodas 14’’, novas assinatura LED e lanternas traseiras, além do novo logo da Renault.

Por dentro a conectividade é traduzida pela multimídia de 10’’, que, segundo o diretor de marketing da Renault do Brasil, Aldo Costa, “oferece uma área visível maior em 60% na comparação à versão anterior”, e com espelhamento sem fio.

A tela 100% digital de 7’’ traz as opções de mostrar em tempo real os sistemas de segurança acionados, se está consumindo ou regenerando a bateria e o status de recarga.

“O interior foi totalmente redesenhado, está mais moderno e tecnológico.”

O novo volante hexagonal vem com comandos e o câmbio é o e-shifter, o mesmo usado no SUV Kardian. O veículo vem com onze sistemas ativos do Adas, a exemplo do assistente e alerta de permanência em faixa, frenagem automática de emergência, limitador de velocidade e sensor de fadiga.

Quem compra o carro leva para casa cabo de carregamento que pode ser usado em tomadas 220 V e, em nove horas, restabelece de 20% a 80% da bateria. Em um carregador de alta voltagem, no entanto, este tempo é reduzido a 45 minutos.

A garantia do veículo é de três anos e, da bateria, de oito anos ou 120 mil quilômetros, o que for atingido primeiro.

Caminho da Escola e exportações impulsionam produção de chassis de ônibus

São Paulo – A produção de chassis de ônibus chegou à marca de 24 mil unidades de janeiro a setembro, volume 13,4% superior ao de iguais meses do ano passado, de acordo com os dados divulgados pela Anfavea, durante entrevista coletiva à imprensa realizada na quarta-feira, 8. O presidente executivo da entidade, Igor Calvet, ressaltou o bom desempenho:

“O programa Caminho da Escola continua ajudando a manter o ritmo de produção da indústria e as exportações também foram muito bem até agora, representando mais de 20% de tudo que produzimos, com peso importante de alguns mercados da América do Sul Argentina, Peru e Uruguai”.

Em setembro saíram das linhas de produção 2,8 mil chassis, crescimento de 28% sobre idêntico mês do ano passado e avanço de 6,9% na comparação com agosto.

As vendas de ônibus somaram 17,7 mil unidades no acumulado do ano, volume 12,2% maior do que o de iguais meses do ano passado. Em setembro foram emplacados 2 mil veículos, volume 2,5% menor do que o registrado em setembro de 2024 e 13,6% maior do que em agosto.

As exportações de ônibus cresceram 60,6% de janeiro a setembro, somando 5,2 mil unidades, com o Peru sendo o principal destino e recebendo 40% do total. No mês passado foram exportados 677 ônibus, crescimento de 85,5% sobre setembro do ano passado e queda de 2,6% na comparação com agosto.

Mesmo com indicadores positivos desempenho da indústria de caminhões é ruim

São Paulo – A indústria de caminhões não consegue avançar em 2025, mesmo com a previsão de crescimento da economia, da safra do agronegócio em bom volume e de demanda reprimida por veículos pesados. Contra o setor pesam o crescimento da inadimplência dos produtores rurais e a elevada taxa de juros, que foi mantida em 15% e tem impactado os financiamentos de veículos.

“Mesmo com este cenário positivo o mercado de caminhões vai mal, com queda em todos os segmentos”, afirmou o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, em entrevista coletiva à imprensa na quarta-feira, 8. “Os pesados registraram retração nas vendas superior a 20% até setembro, indo muito mal.”

A produção de caminhões de janeiro a setembro somou 98,6 mil unidades, queda de 3,9% na comparação com iguais meses do ano passado, quando a indústria nacional já tinha ultrapassado as 100 mil unidades. A queda só não foi maior até agora pelo bom desempenho das exportações. 

Em setembro foram produzidos 10,1 mil caminhões, queda de 23,5% com relação a idêntico período do ano passado e estabilidade com relação a agosto.

As vendas até setembro retratam um pouco melhor o cenário, com queda de 7,7% na comparação com iguais meses do ano passado, somando 84,1 mil unidades. No segmento de caminhões pesados o recuo ficou superior a 20%, cenário considerado grave pelo presidente: “O desempenho das vendas de pesados era um sinal de alerta há três meses e agora é um cenário preocupante, pois o segmento representa quase metade de todos os caminhões vendidos no País, algo em torno de 45%”. 

Em setembro as vendas somaram 9,8 mil unidades, recuo de 14,5% sobre idêntico mês de 2024 e crescimento de 9,9% com relação a agosto.

O desempenho por trimestre, apresentado pela entidade, apontam como caminha o setor. No primeiro trimestre do ano houve alta de 8,8% nas vendas,  no segundo o segmento já registrou queda de 5,5%, que se acentuou no terceiro, chegando a 14% de retração, muito influenciada pelo mau desempenho dos caminhões pesados. 

Exportações em alta

As exportações são o grande ponto positivo do segmento em 2025, com 21,6 mil caminhões até setembro, expansão de 84,7% sobre iguais meses do ano passado. Em setembro os embarques somaram 2,7 mil unidades, crescimento de 56,2% na comparação com idêntico mês de 2024 e queda de 3,5% com relação a agosto. 

Calvet disse que o cenário para o ano que vem é bastante desafiador, principalmente nos dois primeiros trimestres: “A taxa de juros ainda não caiu e precisamos de algum indicativo de recuo ao longo de 2026. Se não recuar a maior probabilidade é de um mercado igual ao de 2025. Do lado positivo temos alguns mercados externos que podem nos favorecer, assim como o câmbio”.

Programa Carro Sustentável ameniza a queda das vendas de nacionais no varejo

São Paulo – Desde que foi implementado, em 11 de junho, o programa Carro Sustentável gerou 109 mil emplacamentos de versões dos modelos credenciados, comercializados com o IPI zerado. No mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Anfavea, estes mesmos veículos tiveram 88 mil emplacamentos, o que representa crescimento de 24%.

O fato foi ressaltado pelo presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, em entrevista coletiva à imprensa em que divulgou o balanço de setembro e do acumulado do ano. Segundo ele o desempenho dos modelos tem ajudado a reduzir a queda nas vendas de automóveis nacionais no varejo, que fechou em 8,1% até setembro.

Nos primeiros nove meses do ano foram 750 mil automóveis vendidos no varejo, recuo de 3,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Destes 173 mil são importados e 577 mil nacionais: no período os importados registraram alta de 17,8% e os nacionais caíram 8,1%.

Por vendas diretas, por sua vez, foram negociados 662 mil automóveis, alta de 11%. Por esta modalidade os emplacamentos de importados somam 79 mil unidades, crescimento de 9,5%, e os nacionais 523 mil, aumento de 11,4%.

“Em vendas diretas tanto os nacionais como os importados cresceram. Mas o canal de venda varejo tem nos preocupado porque o volume de vendas diminuiu e aumentou a fatia dos importados, com uma queda ainda mais expressiva no volume dos nacionais. Não fosse o programa do Carro Sustentável esta queda seria ainda maior.”

Importados crescem mais no geral

Os emplacamentos de veículos avançaram 2,8% no acumulado de janeiro a setembro, somando 1,9 milhão de unidades. No mês passado foram 243,2 mil licenciamentos, alta de 7,9% sobre agosto e de 2,9% sobre setembro de 2024.

Deste volume licenciado no ano 1 milhão 555 mil foram produzidos no Brasil, o que representa avanço de 1,2% sobre janeiro a setembro do ano passado. Os importados cresceram 10,4%, somando 355,6 mil veículos.

“O crescimento dos importados vem perdendo ímpeto. Há um ano chegou a 34%.”

Nos últimos dois meses a China forneceu o maior volume de importados para o mercado brasileiro, superando a Argentina, tradicional parceiro de negócios do Brasil. Em setembro foram 18,1 mil veículos chineses emplacados e 15,4 mil argentinos.

No acumulado a Argentina ainda detém a maior fatia, com 150 mil unidades, contra 123 mil importadas da China.

Nova metodologia de estoques

A Anfavea mudou também a sua metodologia de divulgação de estoques, incluindo os importados na contabilidade. Assim, em setembro, indústria e rede fecharam o mês com 414,1 mil veículos, suficiente para abastecer 42 dias de vendas do mercado. Deste volume 222,3 mil são modelos nacionais e 191,8 mil são importados.

Anfavea entende que cota de exportação para a Colômbia pode ser usada em 2026

São Paulo – Apesar da não renovação do acordo automotivo com a Colômbia a Anfavea entende que a indústria brasileira ainda poderá exportar para lá cerca de 11 mil veículos com imposto zero até o fim de 2026, usando cotas remanescentes dos primeiros anos. Com o fim do acordo o imposto de importação subiu para 16,1%.

Não é algo tão certo, porém: o presidente executivo Igor Calvet disse que foram enviados 38 mil veículos para a Colômbia este ano e o entendimento da entidade é de que existe ainda cota remanescente, o que não necessariamente é a mesma compreensão dos colombianos: “Existe esta discussão com o governo colombiano porque eles querem que a cota seja usada até o fim deste ano. Os dois governos seguem em tratativas para que o acordo seja retomado e esperamos que isso aconteça, mas ainda não sabemos”.

O imposto para carros brasileiros subirá 16,1% com o fim do acordo, o que deverá prejudicar a competitividade no mercado local. Segundo Calvet países como China, Coreia do Sul e Estados Unidos têm acordos comerciais em vigor com os colombianos que permitem exportação de determinados volumes sem taxa. Ele afirmou ainda não saber qual será o volume exportado anualmente com os novos impostos, mas a Colômbia é o atual terceiro destino das exportações brasileiras, depois de Argentina e México.

Outro ponto de atenção citado pelo presidente da Anfavea é o México: as exportações caíram 16,8% até setembro, com 58 mil unidades embarcadas. Segundo o presidente da Anfavea a retração é reflexo de uma menor demanda do mercado automotivo local.

Balanço positivo

As exportações de janeiro a setembro somaram 430,8 mil veículos, superando todo o volume enviado ao Exterior em 2024. Na comparação com iguais meses do ano passado houve crescimento de 51,6%:

“Esse número no acumulado nos surpreendeu, mesmo após a revisão para cima que fizemos em agosto, projetando aumento de 38% no ano. Mesmo com as ressalvas que já apresentei o porcentual de alta poderá ser ainda maior”.

Em setembro foram exportados 52,5 mil veículos, crescimento de 26,2% sobre igual mês do ano passado e queda de 8% na comparação com agosto.

Em valores as exportações somaram US$ 10,9 bilhões, incremento de 38,3% na comparação com o acumulado de janeiro a setembro de 2024. No mês passado foram exportados US$ 1,3 bilhão, volume 22,4% maior do que o de setembro de 2024 e 4,5% menor do que o faturado em agosto.

Produção de veículos avança 6% mesmo com queda em pesados

São Paulo – De janeiro a setembro somou 1 milhão 987 mil unidades a produção brasileira de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, volume 6% superior aos 1 milhão 875 mil veículos do mesmo período do ano passado, divulgou a Anfavea na quarta-feira, 8. Em setembro, com 243,4 mil unidades fabricadas, o volume avançou 5,8% sobre o mesmo mês de 2024 e recuou 1,5% na comparação com agosto. 

E quem garante a manutenção dos volumes mais altos é o segmento de veículos leves, disse o presidente executivo Igor Calvet: estes avançaram 6,5%, somando 1 milhão 864 mil unidades, ao passo que a produção de caminhões recuou 3,9%, para 98 mil veículos.

“Existe queda na demanda, especialmente pelos caminhões pesados”, afirmou Calvet, citando o aumento na taxa de juros com um dos fatores que tem feito as linhas de montagem reduzirem o ritmo. A produção dos modelos pesados, o segmento mais volumoso, recuou 16,7% no acumulado do ano.

A Anfavea fez um recorte da produção por trimestre, o que ajuda a reforçar o argumento de Calvet de que a taxa Selic a 15%, em alta desde o início do ano, reflete na produção de veículos: no primeiro trimestre houve crescimento de 10,5% na produção de veículos, sobre igual período de 2024. No segundo trimestre a alta foi de 10,3% e, no terceiro, queda de 0,8%.

Quando separado por segmento torna-se mais fácil compreender a dimensão: em leves, primeiro trimestre com avanço de 10,7%, alta de 11,1% no segundo e recuo de 0,3% no terceiro. Em caminhões, após o crescimento de 8,5% de janeiro a março, houve duas quedas nos trimestres seguintes: de 0,1% no segundo e de 9,4% no terceiro trimestre.

A produção de ônibus, somada neste volume, ajudou, pois soma alta de 13,4% no acumulado do ano, 24 mil chassis. Neste caso, segundo o presidente, o programa do governo federal Caminho da Escola e as exportações têm colaborado.

Projeções distantes

A Anfavea manteve, em agosto, quando revisou suas projeções, a estimativa de produzir 2 milhões 749 mil veículos, o que representaria crescimento de 7,8% sobre o volume do ano passado: “Nesta primeira quinzena superaremos os 2 milhões de veículos produzidos, antes do ano passado. Mas para alcançar as nossas projeções precisamos subir em 12% o resultado do quarto trimestre de 2024”.

Calvet evitou fazer novas estimativas: “Se fizéssemos uma revisão agora poderíamos precisar fazer outra no mês que vem. As coisas estão bem instáveis. Não vamos mexer: nosso trabalho é alcançar estes números e, quem sabe, superá-los”.

Mas a tarefa será complicada porque, além das dificuldades geradas pela taxa de juros ao menos uma associada, a Toyota, ficará ao menos um mês sem produzir, como consequência do temporal que destruiu a fábrica de motores de Porto Feliz, SP. Segundo o presidente no ano passado a produção da empresa representou 7,9% do total de veículos fabricados no País.

Empregos

A indústria fechou setembro com 111,4 mil trabalhadores diretos, com 1,3 mil vagas criadas no mês. Em um ano foram gerados 5 mil postos de trabalho.

Freto anuncia Rodrigo Monteiro Vicente como seu novo CFO

São Paulo – A transportadora digital Freto anunciou Rodrigo Monteiro Vicente como seu novo CFO, chief financial officer. O executivo assumirá a responsabilidade pelas frentes de finanças, torre de controle, seguros e riscos, inteligência de dados e inteligência de precificação.

Graduado em administração pela PUC SP, com bacharelado em ciências contábeis pela UNIP e MBA executivo pelo Ibmec Business School, Vicente acumula mais de duas décadas de experiência em liderança financeira e estratégica, tendo passado por empresas como Leschaco Brasil e KPMG e assumido o cargo de CFO da One Moving & Logistics.

O executivo também fundou a consultoria Start me Up, oferecendo serviços de CFO as a Service e apoiando startups em rodadas de captação e processos de reestruturação financeira. 

Governo define caminhos para indústria automotiva de baixo carbono

São Paulo – “O Brasil pode ser um laboratório vivo da mobilidade de baixo carbono com identidade própria, por meio de eficiência energética, energia renovável e softwares. Não é um salto de fé, é um roteiro de engenharia.” Assim terminou sua apresentação, na abertura do Congresso SAE 2025, Margarete Gandini, diretora do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológi,a, do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Falando a uma plateia majoritariamente formada por engenheiros automotivos, ao que classificou de “chamado à ação do setor automotivo brasileiro”, Gandini mostrou como o governo projeta o futuro, as tendências tecnológicas e define os caminhos para desenvolver a indústria automotiva de baixo carbono no País até o fim desta década e um pouco além. Para alguns dos engenheiros que a ouviram foi fornecido ali uma espécie de roteiro que deveria ser copiado para a execução do planejamento estratégico das empresas.

Tendências tecnológicas para 2030 e além

O governo, segundo a diretora do MDIC, trabalha com perspectivas tecnológicas para além de 2030 que envolvem o desenvolvimento do que ela chamou de “eletrificação inteligente”, por meio do uso de softwares integrados, aplicação de gestão térmica aos sistemas elétricos, produção de veículos com materiais leves, criação de rede de postos de recarga inteligentes, carros híbridos flex mais eficientes e veículos 100% elétricos em frotas urbanas, com instalação nas garagens de BESS – sigla para bancos de baterias para armazenamento de energia.

Para os veículos a combustão pesados e fora-de-estrada, mais difíceis de eletrificar, a ideia é, nos próximos cinco anos, endereçar o aumento da oferta e do uso de alternativas renováveis como biometano, HVO [diesel de óleo vegetal hidrogenado] e etanol, com medição das emissões no ciclo de vida completo do veículos e dos combustíveis utilizados.

Em paralelo o governo quer incentivar a engenharia instalada no Brasil a generalizar o desenvolvimento de produtos definidos por software. São veículos que têm suas principais funções controladas e aprimoradas por meio de programas computacionais em vez de sistemas fixos. A ideia é desenvolver plataformas OTA, atualizadas por meio de conexão com a internet.

Com essas rotas tecnológicas definidas o governo espera que, em um cenário-base traçado para 2030, a indústria já tenha espalhado pelo País dezenas de modelos de carros híbridos flex como solução de custo eficiente para reduzir emissões, com plataformas globais projetadas no Brasil e softwares desenvolvidos pela engenharia brasileira que podem ser exportados.

Também é esperado forte aumento de participação nas frotas urbanas de ônibus e caminhões e furgões elétricos e larga escala de uso de biometano e HVO por veículos pesados rodoviários – o plano é criar um corredor continental na América do Sul para abastecer caminhões a biometano com contratos de redução de CO2 para incentivar a cadeia.

Em um cenário para 2035, definido pelo governo como “ambicioso”, a expectativa é que toda a cadeia produtiva da indústria automotiva esteja monitorada por métricas integradas de emissões de carbono, que sejam criados polos exportadores de componentes e que esteja amadurecida a economia circular do setor, com amplas operações de reciclagem de materiais e remanufatura de componentes rastreados, incluindo baterias.

Ações coordenadas e imediatas

Na visão do MDIC a indústria deve, desde já, começar a adotar ações integradas em diversos campos para que o cenário proposto seja alcançado. Para o desenvolvimento de novos produtos o governo propõe que os novos projetos já incorporem a análise de seu ciclo de vida desde o início dos trabalhos, com adoção da tecnologia de gêmeos digitais para reduzir o tempo de desenvolvimento e estabelecer metas de conteúdo reciclado desde o primeiro traço.

Para aumentar o uso de energia renovável a sugestão é desenvolver programas piloto de BESS, bancos de baterias, em garagens de ônibus urbanos, bem como instalar postos de abastecimento biometano e HVO em corredores estratégicos de circulação de veículos pesados rodoviários, e criar redes inteligentes de recarga para elétricos com tarifação horária.

Na gestão de dados, para medir com precisão as metas de eficiência e emissões, a indústria deverá padronizar os sistemas de telemetria instalados nos veículos.

Também as pessoas que trabalham na indústria devem receber requalificações diante das várias transformações, para aprender a trabalhar com software automotivo, análise de ciclo de vida do produto, cibersegurança e eletrificação.

Segundo indica a diretora Gandini políticas industriais como o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, agora integrado ao RenovaBio, que premia com créditos o uso de biocombustíveis, regulam o setor e incentivam a indústria a tomar o rumo desejado pelo governo até a virada da década. Para ela a governança para estabelecer todos os novos padrões à indústria automotiva nacional deve ser feita por meio de comitês conjuntos que integrem o desenvolvimento de produtos, combustíveis e infraestrutura. Margarete Gandini resumiu:

“O Brasil tem vocação energética de baixo carbono, diversidade industrial e competência técnica de engenharia para desenvolver a indústria automotiva do futuro”.