Cappellano assume funções na Stellantis Europa e Zola o sucede na América do Sul

São Paulo – A Stellantis anunciou que Emanuele Cappellano foi nomeado COO para a Europa e para as marcas europeias – Fiat, Peugeot, Citroën, Abarth, DS, Opel, Vauxhall, Lancia e Alfa Romeo. Ele acumula o novo cargo com o de líder global do Stellantis Pro Onde, divisão dedicada aos veículos comerciais. Jean-Philippe Imparato passará a se dedicar integralmente à Maserati, como CEO, e na Stellantis & You, reportando-se a Cappellano.

Quem o sucederá na América do Sul será Herlander Zola, que era o vice-presidente sênior das operações comerciais do Brasil e de veículos comerciais leves na América do Sul. Ele passa a ser o COO da Stellantis América do Sul.

Herlander Zola

Outras mudanças foram anunciadas, como a entrada de Samir Cherfan, COO do Oriente Médio e África e Micromobilidade, Ralph Gilles, chefe global de design, e de Grégoire Olivier, chefe de estratégia da China, como integrantes da equipe de liderança. Olivier também foi nomeado o COO da região China e Ásia-Pacífico, sucedendo a Philippe de Rovira, que deixou a Stellantis

Já Francesco Ciancia retorna à companhia, vindo da Mercedes-Benz, como chefe global de manufatura a partir de 1º de novembro. Arnaud Debouef deixa a empresa.

O SLT, Stellantis Leadership Team, passa a ser composto pelos seguintes integrantes:

Antonio Filosa, CEO e América do Norte e Marcas Americanas.
Emanuele Cappellano, Europa ampliada, Marcas Europeias e Stellantis Pro One.
Herlander Zola, América do Sul.
Samir Cherfan, Oriente Médio e África e Micromobilidade.
Grégoire Olivier, China e Ásia-Pacífico.
Davide Mele, Planejamento de Produtos.
Ned Curic, Desenvolvimento de Produtos e Tecnologia.
Sébastien Jacquet, Qualidade.
Monica Genovese, Compras.
Scott Thiele, Supply Chain.
Francesco Ciancia, Manufatura.
João Laranjo, Financeiro.
Xavier Chéreau, Recursos Humanos.
Clara Ingen-Housz, Assuntos Corporativos e Comunicações.
Ralph Gilles, Design. 

Sucessão na América do Sul

Herlander Zola chegou à Stellantis em 2017, por meio da FCA, para a equipe comercial da Fiat. Em 2021, após a fusão, foi nomeado vice-presidente da Fiat para a América do Sul e, dois anos depois, acumulou funções com Jeep e Ram.

Em novembro de 2023 foi nomeado vice-presidente das operações comerciais da região, cargo que ocupava até a indicação para COO da América do Sul.

Acumula mais de 25 anos de experiência na indústria automotiva, com passagens por Volkswagen, BMW e Audi.

Ao mestre, com carinho

São Paulo – Há entrevistas que a gente faz com o gravador ligado e o coração aberto. A conversa desta quinzena foi uma destas: o convidado foi Ênio Campoi, fundador e proprietário da Mecânica de Comunicação, uma das mais tradicionais empresas de comunicação corporativa e assessoria de imprensa do País, que acaba de completar 52 anos de atividade, boa parte deles dedicados ao universo da mobilidade.

Mais do que uma história de sucesso empresarial a trajetória de Ênio se confunde com a própria evolução da comunicação no setor automotivo brasileiro. Ao longo de mais de cinco décadas ele e a Mecânica de Comunicação ajudaram a construir e a consolidar a imagem de companhias como Volkswagen, Scania, Fiat, Cummins, Transbrasil, Mangels e Randoncorp, dentre tantas outras. Também contribuíram para dar visibilidade a nomes que marcaram época, como Henrique Meirelles, Raul Randon, Omar Fontana e Max Mangels.

Conversar com Ênio Campói é revisitar um tempo em que a informação circulava com o peso do papel e o valor da relação pessoal. Ele fala com a serenidade de quem testemunhou a comunicação empresarial nascer, amadurecer e se reinventar — sem nunca perder o fio da credibilidade, da ética e da boa história.

Para mim, particularmente, esta entrevista teve um significado especial: foi Ênio quem me abriu as portas para o jornalismo há 42 anos. Desde então guardo dele não apenas o exemplo profissional mas a generosidade de um verdadeiro mestre. Ele foi, e continua sendo, meu mentor.

Por isso, resolvi batizar esta entrevista, com toda justiça, de “ao mestre, com carinho.”

E vale dizer: esta entrevista foi uma verdadeira aula sobre comunicação — daquelas que não se aprendem em manuais mas na escuta atenta de quem construiu uma vida inteira fazendo as palavras trabalharem a favor das boas histórias.

Sino-britânica MG Motor chega ao mercado brasileiro

São Paulo – Até o fim do ano 24 concessionárias da MG Motor serão abertas no Brasil, inicialmente nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-oeste. A centenária marca de origem britânica, que hoje é propriedade da chinesa SAIC, projeta ter setenta lojas em operação até o fim do ano que vem, dentro do que chama de plano de investimento de longo prazo no mercado brasileiro. 

Os modelos ainda são guardados em segredo. Em paralelo, segundo o chefe de desenvolvimento de rede, Frederico Geraldino, a marca estrutura seu pós-venda: “A abertura das primeiras concessionárias em 2025 é um marco muito importante de nossa história no País e está ancorada em nossa robusta estratégia de pós-venda, que deve apoiar o relacionamento da marca com seus clientes”.

Um website e perfis em redes sociais já foram abertos pela operação local. A empresa será uma das expositoras do Salão do Automóvel, em novembro, em São Paulo.

História

O primeiro modelo da MG Motor, divisão de esportivos da Morris Car, foi o MG 12/28, que à época chamou a atenção por alcançar 105 km/h. Era produzido em Longbridge. Em 2005 a empresa foi comprada pela chinesa Nanjing Automobile, que por sua vez foi adquirida pela SAIC dois anos depois.

Em 2016 a fábrica de Longbridge foi desativada e a produção transferida para a China e, depois, Tailândia e Índia. Na cidade britânica hoje funciona um centro de desenvolvimento.

A MG já opera em outros países da América Latina, como México, Chile e Peru, e é uma das patrocinadoras da Copa Conmebol Sul-Americana.

Chinesa Leapmotor começa a vender no Brasil em novembro

São Paulo – A Leapmotor anunciou na terça-feira, 7, que iniciará a venda dos SUVs B10 e C10 no Brasil em novembro. Assim como todas as outras marcas da Stellantis a novata chinesa estará no Salão do Automóvel, de 22 a 30 de novembro, em São Paulo.

Segundo Fernando Varela, vice-presidente da Leapmotor para a América do Sul, “ainda não podemos dizer se começamos a operação comercial antes ou durante o Salão do Automóvel, mas posso confirmar que será em novembro e que estaremos lá com nossos produtos”.

A nova organização no País, formada por pessoas ligadas diretamente a Stellantis, que detém 51% de participação numa joint-venture internacional com a Leapmotor, prepara os ajustes finais para o início da operação, que conta com diversos parceiros. Muitos deles são operadores de serviços eletrificados como a Zletric, Voltbras e Greenv, operadores de eletropostos, além da Weg, que também atua nesse segmento e no de produção de motores elétricos, dentre outros parceiros.

Mas o grande parceiro da Leapmotor é a Stellantis, que emprestará todo seu conhecimento do mercado brasileiro, inclusive parte da sua rede, para comercializar os dois modelos que inicialmente estarão disponíveis no portfólio.

Além disso a Leapmotor compartilhará o Centro de Distribuição de Peças da Stellantis em Betim, MG, uma enorme estrutura que já abriga todos os itens das sete marcas que estão no País: Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Ram, Abarth e Mopar.

Durante rápido encontro em São Paulo para apresentar alguns dos seus parceiros Varela também contou que a tecnologia REEV, sigla em inglês para veículo elétrico com alcance estendido, que utiliza um motor a combustão que funciona exclusivamente para abastecer a bateria de tração, será chamado de ultra-híbrido “Somos a única marca a oferecer a tecnologia ultra-híbrida no Brasil”.

Ainda não está confirmado mas provavelmente serão ofertadas duas configurações de propulsão: uma 100% elétrica e outra com o extensor de autonomia, ou ultra-híbrido, tanto para o C10, que tem o porte do Jeep Commander, como para o B10, um SUV mais ou menos do tamanho do Jeep Compass.

Considerada uma novata no universo automotivo a Leapmotor, com pouco mais de dez anos de existência, já produziu mais de 1 milhão de unidades na China. Dentre as novas marcas chinesas eletrificadas é líder de vendas, segundo Varela, com mais de 400 mil unidades negociadas este ano, alta de 130% sobre 2024.

Volkswagen comemora 300 mil unidades produzidas do Nivus

São Paulo – A Volkswagen celebrou o marco de 300 mil unidades do Nivus produzidas na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Lançado em 2020 foi o primeiro modelo desenvolvido na América do Sul também produzido na Europa, na fábrica de Pamplona, Espanha, com o nome Taigo.

O novo Nivus e o Nivus GTS integram os sete modelos já lançados no Brasil, dos 21 programados para a região até 2028, com investimentos de R$ 20 bilhões, sendo R$ 16 bilhões no Brasil.

O Nivus é o décimo-segundo modelo de maior volume produzido na história da Volkswagen no País.

Mercedes-Benz já vendeu quatrocentos ônibus elétricos no Brasil

São Paulo – Desenvolvido pela Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, SP, para atender às realidades brasileira e latino-americana, o ônibus elétrico urbano eO500U vem sendo produzido em série desde o fim de 2022. O modelo, que começou a ser emplacado no início de 2024, alcançou a venda de quatrocentas unidades até setembro.

Os ônibus urbanos a bateria foram entregues a empresas de transporte coletivo do Estado de São Paulo, principalmente da Capital. A Prefeitura de São Paulo anunciou, em 22 de setembro, a entrega de 120 veículos elétricos para o transporte coletivo municipal, sendo oitenta Mercedes-Benz.

Mais de dez garagens do sistema SPTrans já operam com o eO500U, tendo percorrido um total de 5 milhões de quilômetros, com destaque para as empresas Viação Metrópole, Mobi Brasil, Sambaíba, Via Sudeste, Viação Grajaú e Viação Gato Preto.

O eO500U vem sendo testado no Paraná, em Minas Gerais, na Bahia e no Espírito Santo e, futuramente, no Rio de Janeiro. Fora do Brasil Chile e Argentina já receberam o modelo para demonstração, o que irá ocorrer também no México. No caso do Chile o eO500U foi aprovado tecnicamente em operação regular quanto ao consumo de energia e capacidade de passageiros.

Frigo King inicia exportação para a Argentina

São Paulo – A Frigo King anunciou a sua chegada ao mercado argentino. O primeiro lote de exportação já foi enviado, com vinte máquinas destinadas a refrigerar a carga dentro dos implementos. 

A expectativa é de que este lote seja comercializado até o dezembro por um distribuidor local, que fechou o negócio com a Frigo King durante a rodada de negócios realizada em setembro. Com a negociação fechada a empresa passa a exportar para mais de 25 países.

Anfir volta da Argentina com US$ 17 milhões em perspectivas de negócios

São Paulo – A Anfir, entidade que representa o setor de implementos rodoviários, em parceria com a ApexBrasil, levou 35 empresas para rodada de negócios na Argentina, que gerou US$ 4,2 milhões de negócios fechados e uma perspectiva de mais US$ 13 milhões nos próximos doze meses.

As negociações passaram por duas cidades: Córdoba em 16 de setembro e Buenos Aires nos dias 17 e 18. Também foi realizado um seminário para apresentar o cenário econômico da Argentina e outros temas, como comércio exterior e pormenores de importações para o mercado argentino. 

Participaram do evento Brasfit, Braslux, Catarina, Comlink, Frigo King, Facchini, Forbal, Joinville, Germani, Grimaldi, Guerra, Hallco, Hubner, Hyva do Brasil, Ibiporã Implementos Rodoviários, Labor, Librelato, Manos, Marrucci, Metalesp, Rivertec, Metanox, MGN, Moderna, Morumbi, Randon, RAV Componentes, Rhodoss, Rodovale, Rossetti, Sansuy, Silpa, Thermo Star, Unylaser e Zurlo.

Ferrari aumenta potência do seu lucro, que contradiz sustentabilidade

Todo o discurso sobre adequar a sociedade a princípios civilizatórios de sustentabilidade socioambiental não parece colar no andar mais alto do estrato social. Nestas coberturas, onde se multiplicam piscinas de borda infinita, que abrigam as pessoas mais ricas do planeta, ninguém pergunta ou se importa com quantos gramas de CO2 emite o novo Ferrari 849 Testarossa V8 híbrido plug-in, com seus desnecessários e perdulários 1 mil 50 cavalos, que na Europa custa de € 460 mil a € 650 mil – algo como R$ 2,9 milhões a R$ 4 milhões pelo câmbio atual.

Poucas pessoas no mundo podem exaltar sua própria riqueza por meio do desperdício de recursos com uma marca icônica de luxo, mas no caso da Ferrari é público mais que suficiente para sustentar o maior lucro do mundo por carro vendido, garantido por quem aceita e até se acotovela para pagar pequenas – pequenas para eles, diga-se – fortunas por um veículo que, a despeito de sua incontestável beleza, esportividade e exclusividade, não serve para muita coisa além de ser uma joia automotiva que passará a maior parte do tempo guardada em uma garagem, com esporádicas seções de exibicionismo em vias que não permitem nem um sexto da velocidade máxima disponível.

Pois são essas poucas pessoas com altos padrões de insustentabilidade socioambiental que, no primeiro semestre deste ano, compraram 7 mil carros da Ferrari, marca que atualmente tem sete modelos em linha – sem contar algumas séries especiais – que na Europa custam de € 230 mil, caso do Roma Spider, aos € 700 mil de um Purosangue V12, de 725 cv, o primeiro Ferrari quatro portas para quatro ocupantes.

Lucro turbinado

Os mais recentes resultados financeiros da Ferrari comprovam que, mesmo vivendo sob o maior ciclo de transformação da história rumo à eletrificação, o que dá lucro na indústria automotiva não são ações de sustentabilidade mas motores a gasolina de tão alta quanto descabida potência, empacotados por belos designs, fino acabamento e – acima de tudo – uma marca icônica capaz de cobrar preços que superam em muito o seu valor material.

Com plano iniciado há cerca de dez anos que envolveu a separação acionária do Grupo Fiat – mas permanecendo sob controle da família Agnelli por meio da holding Exor NV, a mesma que também controla a hoje Stellantis – e o lançamento de renovados e novos produtos, a Ferrari praticamente dobrou suas vendas, que saltaram de 7,6 mil unidades em 2015 para 13,7 mil em 2024.

Com isto faturamento e lucros também se multiplicaram: em dez anos as vendas globais saíram de € 2,8 bilhões para € 6,7 bilhões, um salto de 139%, e o lucro líquido cresceu mais de cinco vezes, de € 290 milhões, em 2015, para € 1,5 bilhão no ano passado.

Estes resultados fazem da Ferrari a empresa automotiva mais lucrativa do planeta com relação ao volume de carros que vende, com ganhos que continuam a crescer ano a ano. No primeiro semestre de 2025 os 7 mil carros vendidos garantiram faturamento de € 3,6 bilhões, um crescimento de 8,5% com relação ao mesmo período de 2024, enquanto o lucro líquido de € 837 milhões avançou ainda mais, 9,4%, mesmo com número de unidades vendidas sem crescimento, na prática estável.

Maior lucro por carro

Mesmo com os mercados onde atua em retração a Ferrari segue ganhando dinheiro, basicamente porque seus clientes não se incomodam muito com aumento de preços e seguem fazendo filas de espera para receber seu carro com a indefectível marca do cavalino rampante.

Segundo cálculos do especialista Felipe Muñoz, analista global da Jato Dynamics baseado em Turim, Itália, no primeiro semestre a Ferrari lucrou € 118 mil por carro vendido, quase € 10 mil a mais do que os € 108,7 mil por unidade de um ano atrás, um aumento de 8,7%.

Analisando os balanços de 34 fabricantes de veículos do mundo Muñoz chegou à conclusão que a Ferrari não é só a mais lucrativa do mundo como também abriu distância abissal para as demais.

Segunda no ranking elaborado pelo consultor, a JLR, antiga Jaguar Land Rover, no mesmo semestre precisou vender 23 carros para obter o mesmo lucro de um Ferrari vendido. Este número aumenta para 24 no caso da Porsche – outrora a mais lucrativa do setor –, sobe para 47 da Mercedes-Benz, 58 do Grupo BMW – que também inclui Mini e Rolls-Royce – e 62 da Tesla.

Esta relação cresce ainda mais nos grupos fabricantes de grandes volumes: para atingir o lucro de um Ferrari vendido a GM precisa vender 69 carros de suas marcas, a compatriota Ford precisa de 673, a Toyota de setenta, 116 do Grupo Volkswagen – que inclui marcas de alto valor agregado como Audi e Bentley – e a GWM necessita de 89 – é a chinesa mais bem colocada no ranking.

Como era de se esperar, pela prática de preços baixos, os fabricantes da China trabalham com margens baixas. A BYD, uma das melhores colocadas, precisa vender 113 veículos de suas quatro marcas para alcançar o lucro de um Ferrari, enquanto a penúltima colocada Geely necessita de 1 mil 225 unidades e a Leapmotors, na última posição, no primeiro semestre vendeu nada menos do que 6 mil 667 carros para lucrar o mesmo que apenas um cavalinho italiano.

Mas Muñoz observa que, apesar de seguir mostrando lucros crescentes e vistosos, o ritmo de crescimento dos resultados da Ferrari vem caindo nos último anos, mesmo após o lançamento do Purosangue, em 2022, o primeiro quatro-portas da marca que poderia ter trazido volumes maiores, por ter inserido a fabricante em segmento no qual ela nunca atuou. Talvez nem precisasse, pois é um público diferente, mais racional e menos apaixonado, do qual costuma ser mais difícil se obter tanto lucro, pois há opções bastante luxuosas e mais baratas.

Eletrificação perdulária

A Ferrari também faz suas apostas na eletrificação, mas sempre preservando a desnecessária e perdulária alta potência: em 2019 lançou o SF90 Stradale, seu primeiro híbrido plug-in, e em 2021 veio o segundo, o 296 GTB/GTS – o primeiro da marca a economizar cilindros, com motor V6 de 221 cv que com a ajuda dos motores elétricos chega a 830 cv. Este ano, para suceder o Stradale, foi apresentado o 849 Testarossa com evoluído powertrain híbrido plug-in que combina o V8 a gasolina de 830 cv com três motores elétricos de 220 cv, ultrapassando assim os 1 mil cavalos.

Agora é esperada a apresentação do primeiro Ferrari 100% elétrico que, apesar da fonte energética considerada mais limpa, deverá ter cavalaria tão perdulária – e por isto inútil – quanto o resto da família. Resta saber se na era da eletrificação a Ferrari continuará ganhando dinheiro ou começará a perder lucros, como vem acontecendo com a maioria dos fabricantes que perdem a essência ao migrar para os elétricos e hoje são comparáveis a marcas chinesas mais baratas.

O que em nada muda é a essência do andar de cima, ou da maioria dos ricos seus habitantes: seja um carro a combustão ou elétrico o negócio é gastar dinheiro, recursos e energia como se não houvesse amanhã. É provável que não haja mesmo.

Custo de instalação cai e rede de eletropostos cresce 50% no Brasil

São Paulo – O número de eletropostos públicos instalados no Brasil chegou a cerca de 18 mil unidades até o começo de outubro, de acordo com dados da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico. Esse número representa avanço de 50% sobre os 12 mil eletropostos que o País tinha no fim de 2024, e os carregadores rápidos tiveram avanço mais relevante, chegando a 4 mil unidades, contra 1,5 mil em dezembro.

Para Ayrton Barros, diretor de infraestrutura da ABVE, o Brasil ainda está longe do número ideal de eletropostos, que é de um para cada dez carros elétricos e híbridos plug-in: o cenário atual é de um para dezoito. Mas o avanço da rede de eletropostos rápidos melhorou bastante o cenário:

“Mais do que dobramos o número de carregadores rápidos disponíveis, o que traz uma grande melhora na qualidade do serviço oferecido aos proprietários de elétricos e híbridos plug-in”.

Para Henri Karam, diretor de comunicação e de relações públicas da BYD, o movimento foi natural, com as empresas investindo cada vez mais em recarga após o crescimento da frota de veículos elétricos. A BYD tem cerca de cem eletropostos rápidos instalados no País e mais algumas dezenas serão instaladas nas próximas semanas, afirmou o Karam.

A velocidade da recarga também tem avançado e, depois de muito desenvolvimento, a BYD conseguiu produzir um carregador que entrega 400 quilômetros de autonomia em 5 minutos — e ele será instalado no Brasil:

“Era um pedido do nosso CEO global que a engenharia desenvolvesse um eletroposto que carregasse o carro elétrico no mesmo tempo que um a combustão demora para abastecer. Fizemos isto e em breve estará disponível no Brasil”.

Davi Bertoncello, um dos fundadores da Tupi Mobilidade, empresa que desenvolve softwares para a gestão de eletropostos, lembrou que com o avanço da tecnologia o custo do investimento diminuiu e isto tem ajudado no crescimento da rede de recarga. No passado um eletroposto rápido custava em torno de R$ 1 milhão e, agora, com esse valor, é possível instalar de sete a até dez unidades, dependendo da potência:

“Hoje o custo do investimento na infraestrutura de recarga é até dez vezes menor do que em 2019. Dessa forma muitos empresários de outros segmentos começam a ter interesse na instalação dos eletropostos, como os donos de postos de combustível”.

Tributação precisa avançar

O advogado Edgar Junqueira Freire, do Escritório Rolim, fez um estudo para atender a demanda da ABVE para mostrar que a operação de um eletroposto deve pagar apenas o ISS, imposto sobre serviços, uma vez que é uma prestação de serviços e não a venda de um produto, como um carro ou um sorvete, na qual é cobrado o ICMS pelo governo de cada Estado.

O problema é que não foi definido de forma clara e traz insegurança jurídica para o segmento. O advogado entende que precisa haver um alinhamento de estados e municípios para que seja cobrado apenas o ISS, e não o ICMS. No cenário muda de região para região, dificultando muitas vezes o investimento e crescimento da rede:

“É preciso que esta conversa seja levada à frente e que a legislação tributária dos eletropostos seja clara, para que as empresas possam operar sem riscos. No nosso ponto de vista o ISS é o mais adequado”.

A expectativa de Freire é que a reforma tributária traga melhorias para o setor de recarga, tornando o sistema de tributação mais claro. Mas como o sistema atual de cobrança seguirá em vigor com a reforma, de 2026 a 2032, é importante que se defina também dentro das regras atuais, pois as empresas terão que conviver com os dois modos de tributos durante o período de transição.